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João Loureiro regressou a Portugal. Diz ter sido “ingénuo ou utilizado” no caso do avião com cocaína

João Loureiro, antigo presidente do Boavista, aterrou esta sexta-feira em Portugal. Em declarações aos jornalistas, remeteu explicações para mais tarde.

João Loureiro regressou a Portugal esta sexta-feira. O ex-presidente do Boavista afirmou ter sido “ingénuo” ou “utilizado” na situação que culminou na apreensão de mais de 500 quilogramas de cocaína num avião, no Brasil, sublinhando que foi “abruptamente envolvido num autêntico furacão”.

“Poderei eventualmente (ou não) ter sido ingénuo ou utilizado. Mas repito: sou absolutamente alheio ao que se passou, que não imaginaria sequer nos meus maiores pesadelos e é completamente contrário aos meus princípios de vida e que passei aos meus quatro filhos”, disse o empresário e advogado numa mensagem escrita enviada à Lusa.

Assumindo que “ansiava” por este dia, e que “finalmente” está em Portugal, João Loureiro reconheceu que não é o mesmo “que há pouco mais de um mês [27 de janeiro] saiu” do país a bordo do Falcon 900 da empresa OMNI – executive aviation, que descolou do Aeródromo Municipal de Tires, em Cascais, rumo ao Brasil.

“Fui abruptamente envolvido num autêntico furacão ‘sem saber ler nem escrever’. Estive três semanas praticamente sozinho e não desejo a ninguém o que comigo se passou. Confio em Deus, Ele sabe muito bem que sou totalmente alheio a tudo o que se passou, e confio que a verdade virá ao de cima”, frisou o advogado.

Depois de descolar de Tires, às 14:20 de 27 de janeiro, o avião privado aterrou no aeroporto de Salvador, no estado da Bahia, pelas 21:15, hora local e, posteriormente, descolou de Salvador para o aeroporto de Jundiaí, no Estado de São Paulo, onde ficou estacionado cerca de uma semana.

Fontes ligadas à investigação explicaram à Lusa que nesse período as chaves da aeronave estiveram na posse de “pessoas estranhas ao voo e à operação”, as quais foram entregues pela tripulação, após autorização da administração da OMNI.

A Lusa questionou a empresa de voos privados a quem autorizou a entrega das chaves, mas a mesma escusou-se a responder reiterando que é caso está em investigação e que é “totalmente alheia” aos factos relacionados com a apreensão da droga.

O Falcon 900 descolou depois de Jundiaí rumo a Salvador e, durante o voo, o comandante detetou falhas mecânicas, tendo solicitado uma inspeção técnica à aeronave.

Segundo o manifesto de voo da OMNI, a que a Lusa teve acesso, na viagem de Jundiaí para Salvador, realizada em 6 de fevereiro, seguiam a bordo, como passageiros, os empresários João Loureiro e Mansur Herédia, de nacionalidade espanhola, que se encontra em paradeiro incerto.

Durante a inspeção técnica foram descobertos pacotes suspeitos e chamada a polícia, que apreendeu a cocaína escondida na fuselagem da aeronave, a qual tinha sido dividida em embalagens com logótipos de marcas desportivas conhecidas.

Na mensagem enviada à Lusa, João Loureiro agradece ainda “todas as mensagens de carinho e solidariedade” que recebeu de “muitos portugueses, que compreenderam as difíceis condições” pelas quais passou nas últimas semanas, “devido à firme vontade” de contar a sua versão dos factos às autoridades brasileiras, explicando essa opção.

“Após o conhecimento que tomei da situação que todos conhecem, por respeito e vontade de colaboração com a justiça, [decidi]permanecer corajosamente no Brasil para, em primeira mão, prestar as minhas declarações junto às autoridades do país onde os acontecimentos tiveram lugar. Muitos no meu lugar seguramente não fariam o mesmo, o que, em meu entender, não tem sido devidamente valorizado”, lamentou.

“Só espero que um dia os seus verdadeiros responsáveis venham a ser descobertos por quem de direito, as autoridades competentes. Aliás, obviamente que se as autoridades competentes nacionais assim o entenderem, estou completamente disponível para também as esclarecer no momento próprio, como fiz com as brasileiras”, revelou o empresário.

Loureiro assume não guardar rancor, “mesmo a alguns que tudo fizeram para injustamente denegrir e menorizar” o seu nome, “vaticinando até (mal) que nem poderia regressar ao meu país e tantas outras coisas mais”.

“Sinceramente, não entendo a razão de ser de tanta incompreensão ou até ódio que por vezes têm por mim. Mas não sou de me ficar a lamentar, aceito o que a vida me traz, mesmo quando como neste caso é muito madrasta, e tenho o dever de seguir em frente, sobretudo quando sei nada de mal ter feito quanto à questão em apreço”, salientou

O empresário recorda que o processo está em segredo de justiça, assumindo que agora “é o tempo de dar espaço à justiça para atuar” e de ele descansar junto da família.

ZAP // Lusa

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