“Todos são suspeitos” no caso do avião com cocaína. João Loureiro a viver um thriller no Brasil

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Estela Silva / Lusa

O ex-presidente do Boavista, João Loureiro (d)

O antigo presidente do Boavista João Loureiro foi esta sexta-feira ouvido durante quatro horas pela Polícia Federal (PF) brasileira, na cidade de Salvador, onde foram “extraídos arquivos” do seu telemóvel, no âmbito das investigações em torno do avião que continha 578 quilos de cocaína.

Numa declaração enviada à Lusa, no final do depoimento, João Loureiro confirmou que “prestou declarações como testemunha junto das autoridades competentes em Salvador”, frisando estar “absolutamente alheio a tudo que se passou”.

Em causa está a apreensão, pela Polícia brasileira, de 500 quilos de cocaína com destino a Portugal, escondida num avião particular onde João Loureiro deveria viajar.

“Quem não deve, não teme

“Parece que vivi um thriller daqueles que, às vezes, vemos nas salas de cinema”, desabafa João Loureiro em declarações à CMTV, notando que foi “apanhado num turbilhão sem perceber nada do que se está a passar”.

Mas mesmo que “tivesse alguma ideia, não poderia transmitir”, pois o “assunto está sobre segredo de justiça”, salienta ainda o ex-dirigente do Boavista.

João Loureiro refere que as “autoridades brasileiras foram muito correctas” consigo e garante que o ouviram a seu “pedido” e “o mais rápido possível”.

“Foi-me dito que podia regressar a Portugal se quisesse, mas entendi que devia ficar aqui”, pois “quem não deve não teme”, sustenta ainda.

Segundo disse à Lusa a Polícia Federal, Loureiro foi ouvido, presencialmente, durante quatro horas, período em que “apresentou a sua versão dos factos” e que será “comparada com as demais provas do inquérito”.

“Foram extraídos arquivos do telemóvel, como mensagens e fotografias, com a autorização do passageiro, e serão analisados para ver se conferem com o que foi declarado“, indicaram as autoridades.

A PF frisou ainda que o antigo presidente do Boavista e filho de Valentim Loureiro está autorizado a “regressar a Portugal quando quiser”, mas “foi advertido a informar qualquer mudança de endereço”.

A versão apresentada por João loureiro foi de que viajou para o Brasil para “auxiliar um grupo empresarial” e que “no dia 10 de fevereiro tomou conhecimento da apreensão da droga na aeronave”, ainda segundo fontes policiais.

“Todos são suspeitos e estão a ser investigados”

“Enquanto não se esclarecer o assunto da cocaína, todos são suspeitos de tráfico de droga e lavagem de dinheiro, incluindo os três tripulantes e os dois passageiros [João Loureiro e o espanhol Mansur Ben-barka Heredia]” que deviam seguir no avião, explica ao Nascer do Sol o responsável pela investigação no Brasil, Elvis Secco.

“Não estão presos, mas estão todos a ser investigados”, reforça o coordenador-geral do departamento de Repressão a Drogas e Facções Criminosas da Polícia Federal brasileira.

“Ainda não é possível estabelecer uma conexão entre a droga encontrada quer em relação à tripulação, quer em relação aos passageiros. Mas não é por eles não terem sido apanhados em flagrante que não estão a ser investigados”, acrescenta Elvis Secco, frisando que “é preciso perceber se houve movimentações financeiras suspeitas“.

O coordenador da Polícia Federal revela ainda ao Nascer do Sol que o “alerta” para a carga suspeita “foi dado por um dos pilotos portugueses” do avião.

“Havia cocaína escondida na carenagem [fuselagem do avião], oculta no motor, no soalho… por isso tinha de ter sido tudo muito bem preparado“, salienta Elvis Secco, notando que “não é uma situação normal”, pois “500 quilos de droga é uma grande quantidade”.

O elemento da Polícia Federal acrescenta que estão também “a tentar localizar empresas que possam ter feito a manutenção do avião durante esses dias no Brasil”.

PJ já estava a investigar o avião

A Polícia Judiciária (PJ) já está a colaborar com as autoridades brasileiras na investigação.

A TVI assegura que a PJ estava a investigar “há vários meses” a empresa portuguesa OMNI Aviação e Tecnologia que é a proprietária do avião.

A teoria das autoridades é de que, pelo menos, uma pessoa das 10 que estavam na lista inicial de passageiros esteja relacionada com o tráfico de droga, pois não acreditam que um cartel deixasse tamanha quantia de cocaína num avião sem ninguém para a controlar.

Desta forma, todos os passageiros da lista estão a ser investigados, aponta a TVI.

Além de João Loureiro e do espanhol Mansur Heredia, também estavam na lista de passageiros os empresários ligados ao futebol Bruno Carvalho, Hugo Cajuda (filho do treinador Manuel Cajuda), Bruno Macedo (responsável pelo regresso de Jorge Jesus ao Benfica) e o jogador Lucas Veríssimo que, recentemente, reforçou os encarnados.

Na verdade, nenhum dos passageiros acabou por regressar no avião. O jacto saiu de São Paulo a 9 de Fevereiro, mas sem passageiros, apenas com três tripulantes.

João Loureiro tinha viajado para o Brasil no avião juntamente com o espanhol Mansur Heredia, a 27 de Janeiro passado, conforme nota a TVI.

Durante a estadia em S. Paulo, João Loureiro terá falado com os empresários de futebol que, devido às dificuldades de encontrarem voos comerciais para Portugal, devido à pandemia, terão passado a constar da lista de passageiros do avião da OMNIA. Contudo, nenhum chegou a embarcar.

João Loureiro refere à TVI que “já tinha desistido” de regressar naquele avião “bem antes da data prevista” para o voo.

Hugo Cajuda e Bruno Carvalho referem à TVI que “devido a compromissos profissionais que surgiram entretanto”, optaram por “prolongar a estadia no Brasil, desenvolvendo contactos de intermediação desportiva em nome e por conta dos clientes”.

Lucas Veríssimo acabou por viajar para Portugal num avião comercial que fez escala em França antes de rumar a Lisboa.

Dona do avião “surpreendida”

A OMNI Aviação e Tecnologia revela-se “surpreendida” com a apreensão.

A empresa conta que, “na viagem para o aeroporto em Salvador [depois de descolar do aeroporto de Jundiaí, no Estado de São Paulo], a fim de aguardar pela autorização de regresso a Lisboa, foi detetado um problema técnico durante a aproximação” à pista de aterragem.

“Esta situação ocasionou a necessidade de intervenção de manutenção no avião, tendo sido prontamente solicitada pelo comandante do voo à Dassault (fabricante do avião),em São Paulo. Neste sentido, existiu a necessidade de abrir um painel técnico na fuselagem do avião, onde encontraram um volume afixado à estrutura interna do avião”, refere o comunicado da administração da OMNI.

Perante este cenário, acrescenta a empresa, “foi imediatamente solicitado, pelo Comandante do voo, a intervenção da Polícia Federal, que tomou conta da ocorrência”.

A droga estava dividida em embalagens com indicação de marcas desportivas famosas.

Os 500 quilos de droga apreendidos poderiam render cerca de 45 milhões de euros.

Embora não tenha produção própria de cocaína, o Brasil é um importante intermediário nas rotas de embarque para a Europa da droga produzida nos países andinos.

ZAP // Lusa

13 Comments

  1. Esses aviões privados entram assim no país sem qualquer espécie de fiscalização só porque transportam gente engravatada? Empresas proprietárias dos aviões e tripulação pelos vistos circula tudo livremente e possivelmente nem interrogados serão. Uma boa forma de viver para os barões da droga!

  2. Isto não é muito abonatório para o presidente Carreira! Entrarem e saírem aviões do seu conselho para negócios pouco claros, sem qualquer tipo de fiscalização não lembra ao diabo!!

  3. Coleccionei instantâneos pessoais,
    Retrospectivei expressões superficiais.
    Magníficos dias atlânticos,
    No jogo e na arte de viver
    Revisitei mais desenhos animados,
    Vertigens de mim, sinais doutros sinais.
    Magníficos dias atlânticos,
    Brisas e amor, prazer pelo prazer.
    E agora tutu tututu tututu…
    E agora tôtô tôtôtô tô fodido…
    tôtôtô tôtôtô tô fodido…

  4. Não consigo encontrar uma solução para que possa ser aliado esse gajo do futebol para mim solução correcta é que são todos culpados porque estavam metidos no mesmo banco neste caso no avião, pois pois agora não há culpados sempre ouvi dizer que dinheiro faz dinheiro, era 10 anos para cada um e assunto ficava resolvido.

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