O avião onde foram encontrados 500 quilos de cocaína está hipotecado ao Estado português devido a uma dívida de 17 milhões de euros à empresa pública Parvalorem. Em causa está um empréstimo feito pelo BPN à empresa que detém a aeronave.
O avião Falcon 900, onde a polícia brasileira encontrou 500 quilos de cocaína antes de uma viagem para Portugal, está hipotecado como garantia de pagamento de uma dívida de 17 milhões de euros da Omni – Aviação e Tecnologia, que é a dona da aeronave.
Esse valor é devido à Parvalorem que ficou com os activos tóxicos do antigo BPN, como avança o Correio da Manhã (CM).
O jornal nota que o BPN emprestou mais de 20 milhões de euros à Omni para a compra de aviões e helicópteros numa altura em que a empresa pertencia ao Grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN) que era, na altura, a dona do Banco.
A Omni pertenceu ao grupo Plêiade que José Roquette vendeu à SLN, em 2000, por 58 milhões de euros. O negócio rendeu ao ex-ministro Dias Loureiro um lucro de 8,25 milhões de euros pelos 15% de participação que tinha na Plêiade, ainda segundo o CM.
João Loureiro apresentou negócio para compra da Omni
No meio disto tudo, o CM avança ainda que João Loureiro, o ex-presidente do Boavista que deveria viajar no avião onde foi encontrada a cocaína e que foi ouvido pela polícia brasileira no âmbito das investigações em curso, terá ido ao Brasil para se encontrar com o empresário e político brasileiro Rowles Silva.
O jornal assegura que João Loureiro terá falado com Rowles Silva sobre uma alegada proposta para o político comprar a Omni.
“O senhor Rowles mais o seu sócio, Ricardo Agostinho, já têm um contrato de intenção de compra da companhia [Omni]”, revela ao CM o advogado do político brasileiro, Ricardo Monteiro, notando que estão apenas “a aguardar que seja concluído o processo de um financiamento que pediram a uma instituição bancária portuguesa“.
“Loureiro só teve essa participação no negócio com a Omni. Nada mais. Não veio ao Brasil para participar nesse negócio, mas como convidado da Lopes & Ferreira Lda.“, aponta ainda o advogado de Rowles.
João Loureiro e o pai, Valentim Loureiro, têm ligações antigas a Rowles. O empresário brasileiro comprou à família Loureiro, em 2020, a empresa “Aristopreference, Ltd” que tinha sido criada em Agosto de 2019.
Empresa que fretou avião tem sede numa sala
Sobre as razões que o levaram ao Brasil, João Loureiro não é muito esclarecedor, afirmando ao CM que tem de ser “cauteloso”, já que diz imaginar que “quem está por trás disto não sejam meninos do coro“.
O ex-presidente do Boavista já disse, em entrevistas, que se deslocou ao Brasil por causa de uma proposta de emprego para consultoria numa empresa que lhe terá pago a viagem.
Estamos a falar de um valor que ronda os 100 mil euros, algo que parece demasiado elevado para uma entidade pagar só para entrevistar um candidato a emprego.
O avião onde foi apreendida a droga terá sido fretado pela empresa brasileira Lopes & Ferreira Lda que tem sede numa sala, num modesto bairro de São Paulo, apresentando um capital social de apenas 20 mil reais (cerca de 3 mil euros), conforme apurou a TVI.
A empresa abriu actividade há 4 anos e actua na área dos serviços de apoio administrativo, tendo um endereço de email do Google e quando se tenta “ligar para o número de telefone, a resposta é a de que o número não está atribuído“, acrescenta a TVI.
3 aviões com droga em 5 meses na rota Brasil-Portugal
Entretanto, as autoridades portuguesas estão a colaborar com a Polícia Federal (PF) do Brasil nas investigações.
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) também está a investigar o caso do lado de cá do Atlântico. Já se tinha noticiado que a Polícia Judiciária estaria atenta às movimentações do avião da Omni entre Portugal e o Brasil.
O jornal brasileiro Tribuna de Jundiaí reporta que, nos últimos 5 meses, este foi o terceiro caso de aviões com rota Brasil-Portugal que foram apanhados com droga.
Em Outubro de 2020, foi detectada no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, uma aeronave com 170 quilos de cocaína procedente de Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais. Na altura, foram detidos três brasileiros e dois portugueses, com idades entre 26 e 44 anos, que se faziam passar por homens de negócios para transportar a droga.
Em Dezembro, foi apanhado outro avião na rota Brasil-Portugal envolvido no tráfico de droga.
Gosto do nome da empresa Aristofepreferences, Lda. É curtinho, fácil de pronunciar, sugestivo!!! Gosto da interligação: bancos, futebol, Altos Voos, (três aviões apreendidos com droga, num curto espaço de tempo, em rotas Brasil/ Portugal!!!), gosto da empresa que tem a sede num quarto alugado em S. Paulo, gosto de voltar a ler que tudo quanto dizia respeito à Parvalorem foi arquivado(mas o Dias Loureiro é parvo ou quê?), gosto da inoperância das autoridades. Tantos likes! Até o Roquete é notícia nesta caldeirada!!!
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