João Loureiro diz que só apanhou uma boleia. Polícia Federal admite obrigá-lo a ficar no Brasil

Estela Silva / Lusa

O ex-presidente do Boavista, João Loureiro (d)

João Loureiro garantiu que o voo não aconteceu por sua causa e que só apanhou uma “carona” até ao Brasil. As autoridades brasileiras não afastam cenário de escutas ou de proibição de saída do país.

Em entrevista à TVI, João Loureiro reiterou que não tem “qualquer ligação” à meia tonelada de cocaína encontrada no avião onde voou para o Brasil. “Apenas constava da lista de passageiros”, disse o ex-presidente do Boavista, adiantando que foi ouvido pela Polícia Federal, mas a seu pedido e apenas como testemunha.

“Não há nenhuma suspeita sobre mim”, garantiu em entrevista, desta vez à RTP. “Não faço a mínima ideia quem está por detrás desta situação. Imagino que seja uma organização poderosa. Sinto-me utilizado. Acho que, de certa forma, fui utilizado. Não acredito que pelas pessoas que me convidaram [a ir ao Brasil] porque as conheço há algum tempo, mas alguém aqui me utilizou.”

À RTP, Loureiro explicou que apenas apanhou uma boleia até ao Brasil. Depois de ter sido contactado por causa das funções que agora exerce por um “grupo empresarial e várias entidades que desejavam investir em Portugal”, voou num avião privado no final de janeiro que partiu de Tires, fez escala em Cabo Verde, parou em Salvador da Baía e seguiu até Jundiaí, no interior de São Paulo.

O Observador avança que, ao seu lado, seguia Mansur Ben-barka Heredia, um cidadão espanhol que estava a ser vigiado pela Polícia Judiciária por suspeitas de tráfico de droga. João Loureiro garantiu não ter qualquer ligação: “Conheci esse senhor no dia do embarque.”

Esta terça-feira, o Observador escreve que a Polícia Federal admite travar a saída de João Loureiro do Brasil e colocá-lo sob escuta se forem apurados elementos suficientes.

Fonte oficial adiantou ao matutino que não foi aplicada qualquer medida restritiva a Loureiro na sexta-feira porque “medidas judiciais demandam requisitos legais que precisam ser demonstrados ao Poder Judiciário”.

No entanto, as autoridades brasileiras não excluem que tais elementos possam ser conseguidos nas próximas horas ou dias.

João Loureiro intermediou lugares

O antigo presidente do Boavista intermediou junto de quatro profissionais ligados ao futebol os lugares no avião privado, avança o Público esta terça-feira. O diário escreve ainda que ficou acordado que haveria uma comparticipação, num valor que não chegou a ser discutido, já que todos acabariam por desistir do voo, que tinha como destino o aeródromo de Tires, em Cascais.

No entanto, estas conversas, que ocorreram numa altura em que Portugal já interditara os voos do Brasil devido à pandemia, aconteceram numa altura em que o voo já estava pago há muito tempo.

O diário confirmou a informação com uma fonte ligada à OMNI, proprietária do Falcon 900B, que disse que a viagem de ida e volta custou mais de 100 mil euros à empresa brasileira que a pagou.

Ao Público, João Loureiro só confirmou ter sido intermediário de dois dos passageiros ligados ao futebol e porque tal lhe foi solicitado dado não haver voos para Portugal, desde as 00h de 31 de Janeiro.

Em relação aos outros dois, nada disse, assegurando apenas que não conhece o outro português que apareceu na lista de passageiros, um empresário do setor dos vinhos.

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