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Covid-19. Doentes curados continuaram internados por falta de respostas sociais

Jean-Christophe Bott / EPA

De acordo com o barómetro especial sobre internamentos sociais, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), quase 20% dos doentes curados continuaram internados por falta de respostas sociais.

O barómetro especial sobre internamentos sociais, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que inclui um levantamento sobre dos doentes infetados com covid-19 realizado em maio, concluiu que 18% dos curados continuaram internados, em média 16,5 dias.

Segundo o Público, que avança a notícia nesta segunda-feira, os três principais motivos para estes doentes se manterem internados foram a incapacidade de resposta de familiar ou cuidador em período de covid-19 (29%), a falta de capacidade da estrutura residencial para idosos para garantir as condições de isolamento necessárias (23%) e a espera para que o teste dê negativo para admissão na RNCCI (21%).

O barómetro, citado pela TSF, dá conta de que a maioria (73%) está na região Norte e tem idade igual ou superior a 70 anos (77%).

Em média, os idosos em internamento social ficaram dois meses e meio a aguardar uma solução. No caso mais difícil, um paciente com alta teve de esperar 220 dias – mais de sete meses – até poder sair do hospital.

Deveria ter havido respostas sociais para os doentes com Covid-19 que não necessitam de cuidados hospitalares”, considera Alexandre Lourenço, presidente da APAH, acrescentando que, “para segundas ou terceiras vagas, é preciso planear este tipo de resposta de cuidados continuados ou de natureza social”.

A pandemia veio agravar o problema da falta de cuidados continuados em Portugal. A 18 de fevereiro estavam internadas inapropriadamente nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) 1.551 pessoas – cerca de 8,7% dos doentes internados daquele dia.

“É o número mais elevado [das edições já realizadas] de utentes internados inapropriadamente. Praticamente um em cada dez doentes estava internado por motivos sociais. Fomos surpreendidos por este resultado de 8,7% do total de internamentos”, disse ao Público Alexandre Lourenço.

Os internamentos têm também grandes impactos financeiros nos hospitais. Neste caso, o impacto financeiro dos internamentos inapropriados a 18 de fevereiro foi de 46,6 milhões de euros. Pelas contas da APAH, os internamentos sociais vão custar ao Estado, só este ano, 184 milhões de euros.

A quarta edição do Barómetro de Internamentos Sociais, realizado pela APAH, contou com a informação de 40 hospitais do Continente e da Região Autónoma dos Açores, que representam 78% do universo de unidades e 90% das camas.

ZAP //

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