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“Cunhas que salvam crianças não fazem mal a ninguém” (mas as gémeas não estavam em risco de vida)

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Miguel A. Lopes / Lusa

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

“Duas meninas estavam a morrer”, mas uma cunha salvou-as. Esta é a história que o bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, gostava que fosse contada no caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) com um dos medicamentos mais caros do mundo.

Foi durante a conferência de imprensa de apresentação da mensagem de Natal do bispo de Leiria-Fátima que José Ornelas se referiu ao caso das gémeas luso-brasileiras que foram tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com um dos medicamentos mais caros do mundo, num processo onde há suspeitas de favorecimento.

“Sou totalmente contra as cunhas, mas cunhas que salvam crianças, não fazem mal a ninguém“, apontou o bispo, notando que “não é por aí que enferma o SNS” e nem “a corrupção”. “Antes fosse”, concluiu.

José Ornelas ainda sublinhou que, neste Natal, gostava de ouvir “contada a história bonita” do salvamento das duas crianças, exemplificando depois aquilo que queria que se dissesse.

“Havia duas meninas que estavam a ponto de morrer, não tinham salvação. Então, ouviram dizer que havia médicos e havia um tratamento que podia salvá-las. E o que é que eles fizeram? Foram a tudo. No SNS, marcavam-lhe consulta para daqui a um ano. Mas houve gente que se apressou. Fosse quem fosse, não interessa”, relatou o bispo.

Se isso é ser corrupto, aqueles que ajudaram, então eu também quero ser corrupto“, sublinhou ainda.

Gémeas não estavam em risco de vida

As duas meninas que sofrem de atrofia muscular espinal (AME), uma doença neurodegenerativa, estavam já a receber um tratamento no Brasil, para a doença, antes de terem recebido o Zolgensma, um dos medicamentos mais caros do mundo, em Lisboa.

Assim, não se pode dizer que as gémeas estivessem em risco de vida antes de receberem o tratamento no SNS.

Além disso, a eficácia do Zolgensma é posta em causa por alguns especialistas médicos.

Há estudos que revelam que o medicamento baseado na terapia genética melhora a qualidade de vida e a sobrevivência dos pacientes com AME, mas não é uma cura para a doença. E a sua eficácia a longo prazo não está ainda estudada.

A AME é uma doença neuromuscular degenerativa de origem génetica e rara que afecta as células do sistema nervoso que são essenciais para controlar os movimentos dos músculos. Manifesta-se por uma fraqueza muscular progressiva à medida que evolui.

A forma como as gémeas tiveram acesso ao medicamento está a ser investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e numa auditoria interna no Hospital de Santa Maria.

ZAP //

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4 Comments

  1. Mais uma das “infelizes” declarações deste Sr. a juntar as recentes . È contra o uso de (Cunhas) mas apoia esta (Cunha) , as Crianças estão melhores de Saúde , por mim é o que conta . Se o Sr. Bispo tivesse dito ” Que haja (Cunhas) , para tratar todas as Crianças com doenças raras , sejam Elas da alta Sociedade ou das Classes mais necessitadas e pobres , seria Eu o primeiro a elogiar essa declaração . Por esta e por outras , convido este Prelado a pensar antes de falar e falar só depois de ter meditado no que vai afirmar !………………………….Amém !

  2. Extrapolando um pouco: segundo a insigne figura, se eu for atropelado na passadeira isso foi porque o condutor estava com pressa, estava a trabalhar, estava a pôr “a Economia a mexer”, e isso é positivo, porque se “a Economia não mexer” não há nada para ninguém.

  3. Do sitio de onde vem é claro como água , para o bispo, mais sexualidade da igreja menos sexualidade da igreja, náo vem mal nenhum ao mundo , de maneira que para frente é que é lisboa!!!!!!!!!!!!!!!!!

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