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CTT têm mais de meio milhão de encomendas paradas devido a metodologia “kafkiana”

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Os CTT têm mais de meio milhão de encomendas paradas nos seus armazéns. A nova diretiva comunitária que cobra IVA sobre todas as encomendas vindas fora da UE é uma das razões.

É a lei da causalidade. Com a pandemia de covid-19, e os seus confinamentos, os portugueses passaram a fazer mais compras online. Isto levou a um aumento monstruoso de encomendas a que os CTT não têm conseguido dar resposta da melhor forma.

Desde 1 de julho, os correios já trataram mais de 450 mil encomendas que chegam de fora da União Europeia. No entanto, têm mais de meio milhão de pacotes a abarrotar os seus armazéns, parados, sem chegar ao destinatário.

Face à avalanche de encomendas, os CTT viram-se obrigados a recorrer outros armazéns para guardar as encomendas, escreve o Expresso. Paralelamente, o número de queixas dos clientes tem aumentado.

Os CTT mantêm em segredo o número de encomendas que estão estagnadas nos armazéns. Contudo, o Expresso sabe que, desde 1 de julho, estão a receber uma média de 340 mil encomendas por mês de países de fora da UE.

Fazendo as contas, no espaço de três meses, desde que as novas regras de IVA entraram em vigor, menos de metade das encomendas recebidas foram despachadas — resultando em mais de meio milhão de encomendas paradas.

A nova diretiva europeia passou a cobrar IVA sobre todas as encomendas vindas de países de fora da União Europeia e está a causar atrasos nas alfândegas e a motivar reclamações junto dos CTT, escrevia o ZAP, no final de agosto.

Desde 1 de Julho que entrou em vigor uma diretiva comunitária que cobra IVA sobre encomendas que sejam feitas a vendedores com sedes fora da União Europeia. Todas as compras online extracomunitárias são agora taxadas, independentemente do valor.

“No modelo que vigorava até 30 de junho de 2021, apenas cerca de 2% dos objetos (aqueles com valor acima de €22) tinham um processo declarativo com pagamento de IVA, de então para cá, 100% dos objetos oriundos do espaço extracomunitário estão ao abrigo desse regime”, explicaram os CTT ao Expresso.

Este novo processo representa “uma adaptação de elevada dimensão e complexidade”. As encomendas têm de vir acompanhadas do número de contribuinte, cópia da fatura, nome e morada do cliente e de um código. Se o pacote não tiver esta informação, a empresa tem de contactar o cliente e armazenar o objeto. Depois disso, tem de pedir à Autoridade Tributária (AT) uma autorização de saída.

É esta metodologia que fonte não oficial dos CTT classifica como “kafkiana”. A expressão refere-se ao escritor checo Franz Kafka e refere-se a algo que é confuso, ilógico ou absurdo.

“A alteração do regime de IVA para as encomendas extracomunitárias era conhecida desde janeiro, mas os CTT não se prepararam atempadamente”, disse uma trabalhadora dos CTT, atribuindo a culpa à empresa.

Daniel Costa, ZAP //

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15 Comments

  1. Kafkiana é a forma como os CTT , montaram a estrutura de suporte , na qual, tirando operadores telefónicos que nada resolvem , todos os pedidos de esclarecimento ou reclamações por escrito no site dessa empresa é totalmente inútil.
    Uma autentica vergonha , difícil de qualificar , à qual o poder politico , está totalmente alheado e indiferente.
    Depois admirem-se de haver abstenções elevadas nas eleições , porque simplesmente os portugueses estão descrentes nas instituições do Estado. Os CTT são privados , mas quem lhes deu esta tarefa foi o governo.
    Malditos toda esta cambada

    • A vigarice do tratamnto das queixas e’ mais um exemplo da inepcia deste modelo de pseudo-“regulacao”, que na pratica deixa estes vigaristas completamente livres para fingirem que analisam queixas, e depois a resposta e’ SEMPRE que no’s estamos errados e eles certissimos. E isto depois de nos fazerem gastar horas em sucessivas tentativas de telefonemas, mensagens, etc, ainda por cima chamdas PAGAS PELO CLIENTE, para reclamar das trapalhadas – quando nao pura vigarice.

      Por exemplo, os “erros” de facturacao. Se fossem erros honestos, pela ei das medias na estatistica, uma parte dos erros seria a favor do cliente, mas em toda a minha experiencia de vida, os “erros” sao SEMPRE a favor deles, que coincidencia !

      Eles sabem que 1) quem sofre sao os ouvidos dos desgracados dos call centers, que sao pagos uns mseraveis tostoes para servir de barreira entre os clientes e os vigaristas “empresariais” 2) a maior parte das pessoas caba por nem sequer se queixar ou desiste depois de a queixa nao levar a nada 3) as entidades pseudo-“reguladoras” , se alguem se da’ ao trabalho de apresentar queixa, enviam umas mensagens muito simpaticas mas que NAO FAZEM NADA 4) resta pagar centenas ou mikhares de euros para advogados, e gastar mais umas dezenas de horas, e eles sabem que , mais uma vez, a larga maioria das pessoas nao tem meios nem tempo.

      O sistema “emresarial” esta’ podre; hoje em dia, “cultura empresarial” = “cultura vigarista”. A unica solucao era o sistema de justica comecar a passar multas de mihoes de euros e com tempo de prisao, para conseguir ser disuasor deste comportamento. Nao espero sentado por esse dia, quanto mais de pe’.

  2. O mais ridículo disto tudo é ter encomendas de valores irrisórios de nem 1 euro e portes grátis do país de origem e por aí diante e sermos obrigados a pagar mais de 2 euros para o desenfandegar…um processo ridículo, abusivo e comunista de todo.

    Deixei de fazer encomendas extra comunitárias mesmo por esses motivos, ninguém é livre nos dias de hoje nem mesmo dentro da Europa e isto está mais q provado, não mandem vir de fora…comprem o que já cá há pois não compensa mandar de fora. É o mais sensato.

    Ou então o pessoal começa a usar as warehouses de dentro da Europa o que vai deixar os CTT de boca seca num ápice.

  3. Pediam- me vinte e tantos euros por uma compra de 14 euros , eu até pagava , mas o carteiro decidiu dizer que não estava ninguém para receber a dita , ele já trazia o postal preenchido antecipadamente, entrar no elevador era complicado para o rapazinho . Resultado funcionários que não são responsabilizados , fazem com que como eu as encomendas voltem para trás, perdi o dinheiro da compra , e como não trabalho para os CTT , não fui ao posto para a levantar

    • exactamente a minha experiencia. A cultura vigarista “empresarial” estimula o comportamento vigarista dos funcionarios dos ctt. E nao so’, e’ exactamente o mesmo com senhores da agua, do gas , da electricidde. Nao aparecem na hora marcada, por vezes nem no dia, mas a seguir Metem um postalzinho a dizer que nao estava ninguem no dia x hora, y …, e e’ quando metem. Agora, os vigaristas funcionarios limitam-se a informar os vigaristas dos patroes que foram la’ mas ninguem atendeu, quando nem sequer la’ puseram os pes, e depois os vigaristas “empresariais” enviam email ou sms a dizer que a culpa foi nossa e agora vamos pagar mais por isso. A vergonha, de facto, e’ nossa, por votarmos em partidos que sao cumplices desta cultura vigarista, inventam pseudo-entidades pseudo-independentes de pseudo-“regulacao” que estao no bolso desta cultura “empresarial, e de resto, ja’ a adoptam tambem nos servicos do estado.

  4. Tenho uma encomenda, que não foi compra on-line, tendo sido enviada por meu filho. Está desde julho na Alfândega. Queriam fatura, mas não há. A mãe do meu filho que faleceu recentemente queria mandar alguns mementos. Disse para não mandar porque ainda iam ficar presos na Alfândega esperando por faturas.

  5. È realmente um escandalo tive uma encomenda desalfandegada em 16 de Agosto depois de ter enviado prova de pagamento do banco scan do CC print do site da encomenda e ainda mais outro elemento nao lembro agora pois e depois de ter telefonado varias vezes enviado mais de uma dezena de emeils ter feito queixa no portal da queixa, chegou depois de mais de um mes de espera cerca de mes e meio. Bem chegou avariada e agora nem o site nem os CTT se responsabilizam. Palmas para esta gente.

  6. Dá-se um prémio a quem consiga receber direitinho uma encomenda vinda de fora da UE sem ter problemas ou em menos de 2 meses. Por mim, já desisti. Mandar vir uma encomenda dum site chinês com 10€ de custo e depois pagar 15!!! Isto depois de papéis é papeizinhos que me pediram.
    Eu nem culpo os ctt, antes culpo os caça níqueis do governo e UE.

    • Recebo eu várias encomendas por semana – sem qualquer problema nos últimos tempos!!
      Só uma teve que ser desalfandegada porque foi comprada antes de 1 de Julho.
      A culpa também é dos vendedores que não preenchem os requisitos para enviar para a UE nem liquidam o IVA (embora o cobrem aos clientes!) e depois dá problemas…

      É certo que os CTT pioraram muito desde que foram privatizados, mas comigo até não tem falhado…
      Claro que para o administrador dos CTT receber mais de 100 mil euros/mês de ordenado e para distribuirem dividendos à grande pelos accionistas, é natural que cortem em alguma coisa… e, o resultado da privatização está à vista!…

      Acho muito bem que o “lixo” chinês tenha que pagar impostos – porque razão um produto vendido na UE paga IVA e um vindo da China não??!
      A vender “lixo” livre de impostos (e com o envio grátis, patrocinado pelo governo chinês) é que tem levado a economia da China onde está (e a tentar dominar tudo)…

    • Tenho recebido umas sem problemas e outras com problemas. De sites chineses nunca tentei nem conto tentar. É o que dá tentar atalhar, acho muito bem que se pague para se importar lixo.

  7. É uma tristeza isto. Eu estou à espera de umas encomendas vindo da china, pacotes pequenos e até agora não recebi. E depois mandam me uma carta para levantar. Mas não é a mim que têm que pedir isso, têm que falar com a própria empresa que me mandou. Mas era escusado fazer tanta coisa por causa de encomendas. Isto é uma vergonha.

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