Na quarta-feira, a ex-presidente do CDS-PP Assunção Cristas indicou que não quer ser candidata à presidência da Câmara de Lisboa. Horas depois, a direção do partido reagiu, dizendo ter sabido da decisão “através de uma rede social”.
No comunicado assinado pela porta-voz do partido, Cecília Anacoreta Correia, citado pelo semanário Expresso, a liderança do CDS disse ter tomado conhecimento da “indisponibilidade” de Assunção Cristas para a corrida autárquica “através de uma rede social”.
Na mesma nota, a porta-voz dos democratas-cristãos garantiu que a direção “respeita a legítima opção” que Cristas quer fazer pela sua vida profissional e “agradece” pelo seu papel autárquico. Recorde-se que a ex-líder obteve uns históricos 20,5% quando se candidatou a Lisboa em 2017.
Segundo a direção, a “ambição” do CDS é construir um projeto autárquico alternativo ao socialismo, “nos órgãos e calendário próprios”, para cumprir “três objetivos”: o crescimento da sua implantação autárquica, a derrota do PS e a construção de uma maioria de centro direita para as legislativas de 2023.
Um membro da direção garantiu ao mesmo semanário que o nome de Cristas chegou a ser colocado, como líder ou não de uma coligação, em reuniões com o PSD. Porém, nunca houve uma reunião entre a atual direção e a antiga presidente.
A mesma fonte argumenta que Cristas rejeitou falar do assunto em janeiro, sublinhando que o tempo era de discutir as presidenciais. “Perdeu por falta de comparência política”, atacou o membro.
No início de janeiro, o Expresso adiantou que o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, já tinha garantido que Assunção Cristas teria o “apoio incondicional” do partido se quisesse ser candidata à Câmara Municipal de Lisboa e afirmado que a ex-líder seria um “peso pesado” para enfrentar Fernando Medina.
“Se a Assunção manifestar essa vontade, o CDS não lhe cortará as pernas”, garantiu um membro da Comissão Executiva, o órgão de decisão mais restrito dos centristas.
Porém, esta quarta-feira, Cristas indicou que não quer ser candidata a Lisboa por não estarem “reunidas as condições de confiança”. “Apesar do apoio das estruturas locais do partido, não estão reunidas as condições de confiança necessárias para ponderar uma candidatura”.
“Três razões essenciais pesaram na minha reflexão: a discordância da estratégia do CDS na negociação de uma coligação alargada com o Partido Social Democrata; o discurso contraditório da direção do CDS, que me considera simultaneamente responsável pela degradação do partido no último ano e uma boa candidata a Lisboa, somado ao parco interesse em falar comigo, num tempo e numa forma que fica aquém do que a cortesia institucional estima como apropriado; e os desafios profissionais que tenho pela frente”, sublinhou.