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Crescimento recorde não tira Portugal da cauda da UE no regresso aos níveis pré-Covid

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Patrícia de Melo Moreira / AFP

Maiores economias da União Europeia — Espanha, Itália, Alemanha e França — estão a recuperar mais lentamente, atrasando o regresso de todo o bloco aos níveis económicos pré-pandémicos, ou seja, os registados no quatro trimestre de 2019.

A notícia foi recebida com otimismo merecido: de todas as economias da Zona Euro, a portuguesa foi a que mais cresceu em cadeia (4,9%) e foi a quinta a registar o maior crescimento do PIB (produto interno bruto). No entanto, através de uma ronda rápida pelos números publicados pelo Eurostat ontem — referentes ao segundo trimestre de 2021 — é possível perceber Portugal está ainda longe dos níveis pré-pandemia, com o PIB a ficar a 4,7% desse contexto.

Em comparação com os outros países, trata-se de um valor significativo, com alguns (nove) a já terem recuperado na totalidade. Na realidade, os países europeus estão a 3% de retomar os níveis de PIB pré-pandemia, em grande parte devido à demora de Espanha, Itália, Alemanha e França — as quatro maiores economias da Zona Euro. Os dados do Eurostat carecem dos números de sete países e as comparações com o período antes da pandemia fazem-se com o quarto trimestre de 2019 — o último antes da Covid-19 ter chegado à Europa.

No que respeita aos países pertencentes à União Europeia (os 21 que têm dados publicados), 14 ainda não recuperaram totalmente para os níveis pré-crise. Espanha é o que está mais atraso, com o seu PIB a cifrar 7% abaixo dos níveis registados antes da pandemia se ter iniciado. Segundo o Eco, a economia espanhola não sofreu tanto quanto a portuguesa no primeiro trimestre deste ano, tendo caído apenas 0,5%, no entanto, ressentiu-se mais durante 2020 — teve a maior queda anual da União Europeia, -10,6%.

Segue-se a República Checa, com -5% do PIB, e depois Portugal, que face ao quarto trimestre de 2019, regista uma diminuição de 4,7%. Os números portugueses podem ser explicados pela maior queda do PIB no segundo trimestre do ano e pelo crescimento exponencial da pandemia nos primeiros meses de 2021 — o que fez com que Portugal registasse mesmo a maior contração do PIB no primeiro trimestre de 2021.

Melhor colocadas que Portugal estão Itália (-4%), Alemanha (-3,6%) e França (-3,3%). O crescimento da Alemanha podia ser mais significativo neste momento, no entanto, os números positivos do segundo trimestre não foram suficientes para recuperar todo o impacto do mau arranque do ano.

O atraso das principais economias está a baixar a média de recuperação conjunta. O PIB da Zona Euro está 3% aquém do nível pré-pandemia e o da União Europeia, apesar desta ter muitos mais países europeus (mais pequenos) acima da média europeia do que abaixo — como é o caso da Irlanda, com a economia mais avançada na recuperação da pandemia.

Recuperação faz-se a ritmos diferentes

Para além da Irlanda, também a Letónia (0,1% acima), Polónia (0,19%), Hungria (0,6%), Dinamarca (0,69%), Lituânia (1,51%), Roménia (1,95%), Luxemburgo e Estónia também já ultrapassaram os níveis económicos pré-pandémicos — para os dois últimos o Eurostat não tem dados relativos ao segundo trimestre, mas os referentes aos três primeiros meses de 2021 já indicavam que tinham ultrapassado.

Perto de alcançar a marca estão a Grécia (-2,9%) e a Croácia (-1,6%) — países para os quais o Eurostat não tem dados do segundo trimestre.

Entre os países que devem retomar os indicadores económicos do pré-pandemia antes do final do ano estão a Holanda, Suécia, Finlândia, Bélgica, Chipre e Eslováquia. Para os analistas, isto significa que salvo um acontecimento muito negativo e inesperado aconteça, a maioria dos países da União Europeia deverá chegar ao final deste ano com a economia recuperada. Para Portugal, a expectativa é que tal aconteça no início de 2022.

Uma análise mais abrangente pode sugerir que as economias do Norte da Europa foram as menos impactadas pela crise decorrente da pandemia, pelo que a sua recuperação está a acontecer mais rapidamente do que nos países do Sul.

Fora da Europa, o PIB chinês recuperou ainda em 2020 e nos Estados Unidos da América a retoma aconteceu no segundo trimestre deste ano.

ARM, ZAP //

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