Estudo avaliou o impacto da pandemia em actos eleitorais de 26 países. Santos Silva sublinha a abstenção entre os mais jovens.
Ao contrário do que se temia e do que se comentou muitas vezes, o coronavírus não deixou mais pessoas em casa, no momento de ir votar.
O Observatório Eleitoral Internacional da Universidade Lusíada organizou o estudo “A Abstenção no período da Pandemia Covid-19”. O documento será apresentado na próxima quarta-feira na Universidade Lusíada, em Lisboa, mas já foram adiantadas algumas ideias à rádio TSF.
O estudo centrou-se em 36 eleições realizadas em 26 países. Portugal entra nos 10 países nos quais, durante o período da pandemia, a abstenção baixou um pouco. Os outros países são Alemanha, Japão, Polónia, Chéquia, Nova Zelândia, Albânia, Chile, Moldova e São Tomé e Príncipe.
“A política continua a contar, pode contar para o bem, ou pode contar para o mal, ou seja, pode contar muito ou pode contar pouco, mas a política continua a contar”, destacou Manuel Monteiro, coordenador do estudo.
A pandemia teve “pouca influência em termos globais, na taxa de participação eleitoral”, anuncia.
“Ao contrário da nossa própria expectativa inicial, a covid-19 não teve a influência que se julgava na taxa de participação dos eleitores dos 26 Estados que nós observámos. Independentemente das medidas de contenção, percebemos que o voto foi determinado ou não, essencialmente em função de motivos de interesse político”, continuou Manuel Monteiro.
Um exemplo deste retrato surgiu no Canadá: “A taxa de abstenção subiu, mas os inquéritos feitos à população canadiana demonstraram que os canadianos disseram ‘nós não fomos votar porque estávamos desinteressados do ato eleitoral e não por causa da pandemia’. Quando os eleitores estão motivados para a causa pública e para a vida política, participam; independentemente de todos os constrangimentos“.
Santos Silva
Augusto Santos Silva, em declarações à mesma rádio, sublinhou que o problema “mais grave” na abstenção são os números entre os mais jovens.
No entanto, a redução da idade permitida para votar para os 16 anos pode não ser a melhor solução: “Prefiro não responder a essa pergunta para evitar a notícia ‘Presidente da Assembleia da República põe a hipótese…’. Mas se nós defendermos a diminuição da idade mínima de voto para os 16 anos, temos de ter a noção de que isso pode fazer aumentar artificialmente a abstenção”.
Além disso, o presidente da Assembleia da República avisa que o mais correcto é comparar os números da abstenção em Portugal com números de países onde o recenseamento eleitoral é automático, tal como acontece no sistema português.
O conselho de Santos Silva aos legisladores é: “Devemos ser precisos para podermos ser eficazes”.
Coronavírus / Covid-19
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