Reeleito com 94% dos votos, Cotrim faz crítica cerrada ao Governo socialista

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Manuel De Almeida / Lusa

João Cotrim de Figueiredo, presidente recandidato da Iniciativa Liberal

A lista única de João Cotrim de Figueiredo à Comissão Executiva da Iniciativa Liberal (IL) foi eleita com 94% dos votos, este domingo, sendo assim o presidente reeleito para um novo mandato à frente dos destinos liberais.

No último dia da VI Convenção Nacional da IL, no Centro de Congressos de Lisboa, os membros votaram, de forma digital, para a nova direção e para a moção de estratégia global.

João Cotrim de Figueiredo voltou a candidatar-se sem oposição interna e a sua lista única à Comissão Executiva obteve 94% dos votos a favor.

De acordo com os resultados anunciados pela mesa, a moção de estratégia global, cujo primeiro mandatário é Cotrim de Figueiredo, teve 688 votos a favor, 22 abstenções e 21 votos contra.

Assim, o deputado único liberal continuará a ser o presidente da IL durante mais um mandato, tendo apostado numa lista de continuidade para a direção, apesar de algumas saídas e entradas.

Entre as novidades da nova direção está a entrada, como vogais, de um dos fundadores do Movimento Europa e Liberdade (MEL) Paulo Carmona, do professor catedrático Miguel Pina e Cunha e da advogada Ana Pedrosa-Augusto, que foi vice-presidente eleita no primeiro congresso do Aliança e integrou já as listas da IL à Câmara de Lisboa nas últimas autárquicas, para além do assessor do partido e militante número dois da IL, Rodrigo Saraiva. No sentido inverso, de saída deste órgão estão Mónica Mendes Coelho e Maria Castello-Branco.

De acordo com os estatutos, a Comissão Executiva é a direção do partido, ou seja, o órgão responsável pela condução política do dia-a-dia do partido, pela sua estruturação e contínua administração.

A Comissão Executiva recebe da Convenção Nacional o mandato de implementar a moção de estratégia global, com a qual foi a Comissão Executiva eleita.

A 8 de dezembro de 2019, na reunião magna em Pombal em que foi eleito para o primeiro mandato, João Cotrim de Figueiredo, também em candidatura única, recolheu então 96% dos votos na III Convenção Nacional do partido.

Crítica cerrada ao Governo socialista

O presidente da IL encerrou a VI Convenção Nacional quase exclusivamente focado nas eleições legislativas e fez críticas cerradas ao Governo socialista liderado por António Costa.

Para o liberal, é fundamental “convencer os portugueses que é preciso mudar” e que “o voto mais útil” é na IL, considerando que a ideia de mudança é um passo que já começou a ser dado devido ao desgaste da atual governação do PS.

Trazendo José Sócrates e os seus ministros que assumiram pastas no Executivo de António Costa para o discurso, o presidente liberal criticou um Governo “gordo e anafado” e que “manteve más companhias”, como o PCP e o BE.

Cotrim de Figueiredo foi desfiando as críticas de um Governo “sem estratégia e sem qualquer vontade de reformar o país”, com uma “cegueira e teimosia ideológica” e no qual impera “o nepotismo, o amiguismo” porque, segundo o liberal, os socialistas “acham-se donos disto tudo”.

“Este é um Governo e um PS incompetente em tudo menos na propaganda e na manipulação”, condenou.

Mas foi na ideia de um “Governo totalmente incapaz de assumir qualquer responsabilidade política” que o presidente da IL se dirigiu diretamente ao primeiro-ministro, “famoso pela sua habilidade em se agarrar ao poder”.

“Portugal não precisa de governantes que se agarrem ao poder, precisa de governantes que devolvam esse poder às pessoas”, disse, num recado direto a António Costa.

Aprovadas nova declaração de princípios e oito moções setoriais

Esta manhã, várias centenas de membros liberais aprovaram por maioria uma nova declaração de princípios que contou com algumas alterações de pormenor sugeridas pelos militantes no sábado, o que obrigou ao adiamento da votação para hoje.

De entre as 16 moções setoriais apresentadas, foram a votos apenas 14, sendo que destas oito acabaram aprovadas.

Já a moção “Em defesa da Liberdade”, que gerou discórdia entre vários membros na discussão da noite de sábado, acabou rejeitada. Esta moção pedia à IL a defesa da “liberdade individual em tempos de paz, em tempos de guerra, em tempos de cólera, em tempos de covid”.

Os subscritores afirmavam que a IL os está a “desiludir profundamente” e a “alienar os portugueses que amam a liberdade” sempre que “compactua sem protesto com limitações impostas pelo poder político à liberdade individual a pretexto de um qualquer pânico moral – a ‘emergência climática’, o ‘discurso do ódio’, a pandemia, etc”.

Entre os temas das moções que tiveram luz verde por parte dos liberais estavam dois textos sobre descentralização, nomeadamente um no qual os preponentes apontam que o partido deve “estudar e definir posição” sobre este tema e, fazendo “jus aos seus ideais liberais”, ser “uma voz ativa e respeitada”.

Outra das moções aprovadas apela a uma alteração ao artigo 122.º da Constituição, relativo à elegibilidade para o cargo de Presidente da República, que atualmente restringe esta possibilidade a “portugueses de origem”, sendo que os liberais querem que passe a ler-se apenas “portugueses”.

Foi ainda aprovada uma moção para que a IL apresente no Parlamento, até ao final de 2022, uma proposta de reforma de Estado e, ainda, que defenda uma legislação laboral que “não discrimine trabalhadores do setor privado relativamente ao público”.

Entre os textos aprovados está também uma moção sob o tema “Liberdade é sustentável”. O texto desta moção estabelece que a IL finalize “durante os próximos dois anos um conjunto de propostas liberais concretas ligadas à sustentabilidade“, em resposta aos “desafios das alterações climáticas, perda de biodiversidade, economia circular, redução de emissões de gases de efeito de estufa, mobilidade, urbanismo, produção agrícola, conservação da natureza, aprofundando o desenvolvimento económico e social e protegendo o ambiente”.

Já o texto da autoria do presidente fundador do partido, Miguel Ferreira da Silva, que propunha o “Manifanti” – no qual parafraseia Almada Negreiros e o seu “Manifesto Anti-Dantas” – para defender um novo posicionamento estratégico do partido acabou por ser chumbado.

Das 16 moções iniciais, duas foram retiradas da ida a votos pelos subscritores: uma para “introduzir a dimensão social no centro do discurso liberal” e outra sobre “a emergência da saúde no Algarve”.

Lista eleita para a Comissão Executiva:

Presidente: João Cotrim de Figueiredo

Vice-Presidentes: Ricardo Pais Oliveira e António Costa Amaral

Secretário-Geral: Miguel Rangel

Tesoureiro: Bruno Mourão Martins

Vogais: Rodrigo Saraiva, Carla Castro, Bernardo Blanco, João Caetano Dias, Vicente Ferreira da Silva, Rafael Corte Real, Miguel Pina e Cunha, Catarina Maia, Paulo Carmona, Luis Nascimento, Pedro Schuller, Ana Pedrosa Augusto, Rui Rocha, Leonor Dargent, Cláudia Vasconcelos, Ricardo Zamith, Miguel Noronha, Ana Vasconcelos Martins, Rui Ribeiro e Pedro Almeida.

ZAP // Lusa

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