Costa “não gostou de provar na pele” os cartazes “de outros tempos”

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O Chega comparou os protestos de professores no dia 10 de junho com situações vividas pelos docentes nas escolas e considerou que o primeiro-ministro “não gostou de provar na pele”. O PSD recorda cartazes de outros tempos, a Iniciativa Liberal traz a lume os “queques que guincham”.

Numa declaração política na Assembleia da República, o deputado Gabriel Mithá Ribeiro abordou esta quarta-feira os protestos dos professores que incluíram cartazes com a imagem do primeiro-ministro com dois lápis espetados nos olhos e um nariz de porco.

Preocupa-me muito pouco que um Presidente da República, um primeiro-ministro ou um ministro sejam insultados, desrespeitados, destratados, desautorizados no exercício das suas funções enquanto esta classe política continuar indiferente a práticas semelhantes e bem mais graves que todos os dias atingem um professor ou um polícia também no exercício das suas funções”, afirmou.

O deputado considerou que o “primeiro-ministro não gostou de provar na pele as circunstâncias equiparáveis a uma sala de aula em que os professores têm de suportar ambientes semelhantes todos os dias, todos os anos” e “perdeu o autocontrolo”.

Basta substituir a imagem do senhor primeiro-ministro rodeado por professores na rua, pela imagem de professores rodeados por alunos numa sala de aula, que não os respeitam, não os deixam falar, intimidam, humilham, desautorizam, gozam, insultam” e “podem agredir”, apontou.

Gabriel Mithá Ribeiro, professor de profissão, defendeu que “uma classe política inteligente e responsável tem de fazer dos episódios do dia 10 o ponto de viragem” da forma como os professores têm sido tratados, e acusou António Costa de usar “da forma mais atabalhoada, errada, injusta, até pouco racional a palavra racismo”.

Cartazes de outros tempos

No único pedido de esclarecimento à declaração política do Chega, o deputado António Cunha, do PSD, considerou que “por mais razão que António Costa tenha em sentir-se ofendido perante aquilo que se passou em 10 de junho, um primeiro-ministro deve estar acima de qualquer cartaz“.

“Não vi essa preocupação quando outros cartazes e noutros tempos também apareceram”, criticou, numa aparente referência a publicações nas redes sociais que recordam a encenação do enforcamento de um coelho e protestos em que Pedro Passos Coelho aparece num cartaz em pose de submissão a Angela Merkel.

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Afirmando que também que “não é justo que se tome a parte pelo todo“, o social-democrata acusou os últimos executivos de andarem “entretidos nos últimos 8 anos a desmantelar a escola pública” e afirmou que “continua a conflitualidade entre Governo e professores, e é preocupante o mal-estar nas escolas“.

E os queques que guincham?

O tema dos cartazes em que o primeiro-ministro é caricaturado com um nariz de porco e lápis espetados nos olhos já tinha sido levado ao plenário, de passagem, pelo deputado do PS Rui Lage, no fim da sua declaração política.

O deputado socialista considerou que se tem verificado em Portugal uma “degradação da linguagem política” que contribui para um “ambiente insalubre que gera formas de protesto tão abjetas como aquela que no 10 de Junho visou o primeiro-ministro e que trouxe à memória a bagagem rácica do 10 de Junho de outros tempos”.

Num pedido de esclarecimento a Rui Lage, o deputado João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, disse-lhe: “Não ouvi a sua voz quando o senhor primeiro-ministro aqui veio falar dos queques que guincham, não o ouvi falar”.

“É que eu durmo muito bem para esse lado, não me ofendo absolutamente nada, acho imensa graça e hei-de defender sempre a liberdade de expressão mesmo que grosseira e mesmo que na boca do primeiro-ministro. Pergunto-lhe é se faz o mesmo e se consegue convencer os seus colegas de bancada”, acrescentou Cotrim Figueiredo.

Rui Lage respondeu que a sua referência à “degradação discursiva” se aplica à “classe política portuguesa” em geral e que “por uma questão de pudor” não iria “arrolar todas as expressões degradantes que foram usadas nos debates nesta casa e lá fora no debate político”.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. Ontem, ouvi alguém perguntar onde estava a polícia no 10 de junho. Essa pergunta deveria ser feita ao PM, uma vez que, em todas as outras manifestações lá está a polícia a manter os professores bem afastados… a confirmar, na festa em Serralves, no estádio de Portimão, onde os professores foram impedidos de entrar (sabe-se agora que já foram chamados e estão com processos na polícia…), etc.
    Essas manifestações decorreram de forma completamente pacífica e ordeira, como todas as que têm acontecido com os professores…
    Será que ninguém ainda se questionou, porquê, logo naquela de 10 de junho, os polícias não apareceram e deixaram o PM ir para perto dos manifestantes, apesar de ter sido aconselhado a ir de carro com a mulher!?
    Dá que pensar!
    Já agora, qual a maior afronta, os cartazes que mostraram ao PM ou o Galamba e Cravinho que o PM levou pra mostrar ao PR!??

    • O Costa sabia ao que ia… É um grande ator… Como o português gosta dos coitadinhos, ganha logo a opinião pública.
      Agora… Onde está o racismo nas caricaturas?

    • Ainda mais grave é quase todos os comentadores do regime darem razão ao. PM por ter sido ofendido .. com franqueza, são apenas caricaturas! Este comportamento é típico de ditaduras!

  2. Quando é com os outros posso eu bem… É a liberdade de expressão e de criação artística. Quando é comigo, alto lá, pois sou o primeiro-ministro. Até acuso os cartazes de racismo! E a comunicação social vai atrás. Claro! A máquina de marketing do governo, que todos nós pagamos, a funcionar. Aliás, neste momento, é a única coisa que funciona. De resto, o governo está completamente paralisado. Vejam o que é publicado na 1ª série do Diário da República. Nada! E o poucochinho que é publicado pelo governo é tudo em Suplementos, o que quer dizer que são medidas avulsas e que surgem de momento. Nada planeado! Não obstante, o Povo parece gostar! Vejam as últimas sondagens… E então quando o governo começar a distribuir uns aumentos de ordenado mínimo e de pensões, tudo se esquece. Pobre País. Não caiamos como em 2009.

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