António Costa viu cartazes “racistas” e tentou acalmar a esposa (várias vezes)

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José Coelho / LUSA

António Costa e Fernanda Tadeu durante manifestação de professores no 10 de Junho

Manifestação de professores marcou o Dia de Portugal na Régua. Fernanda Tadeu estava mais exaltada do que o primeiro-ministro.

O Dia de Portugal contou com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa (entre outros membros do Governo) no Peso da Régua.

Contou ainda com assobios e críticas a João Galamba e, mais tarde, com um protesto de professores que literalmente perseguiu António Costa, que foi a pé desde o local das cerimónias militares até ao restaurante onde almoçou.

Mal acabaram as cerimónias, o primeiro-ministro esteve à conversa durante alguns minutos, a explicar processos a uma professora – que, apesar de tranquila, não permitia que Costa falasse durante mais do que 10 segundos seguidos.

No percurso a pé, entre protestos e aplausos, destacou-se uma professora de 60 anos, que foi de Braga até à Régua para ter uma conversa (exaltada) com o primeiro-ministro.

“Vou reformar-me no sexto escalão. Não vou ter dinheiro para pagar um lar de idosos”, queixava-se Alice, que também não deixava Costa falar. “Posso falar? Posso falar?”, questionou o primeiro-ministro, algumas vezes.

António Costa sublinhou que o protesto era “muito injusto” porque os professores tiveram a carreira congelada durante muito anos. “Eu descongelei a carreira”, destacou.

Durante o diálogo, começou a ouvir-se a voz de Fernanda Tadeu. A esposa de António Costa, que foi professora, estava visivelmente irritada com o que ia ouvindo atrás de si, por parte dos professores. E reagiu: “Fantoche! Sabe lá o que é ser professor, sabe lá o que é ter os alunos como prioridade”.

Costa tentou acalmar a sua esposa quatro vezes em poucos segundos, durante a conversa com a professora Alice.

Logo a seguir, disse aos jornalistas: “Os protestos fazem parte da liberdade e da democracia”.

Quando voltou à conversa com a professora exaltada, e perante as interrupções constantes, soltou: “O respeito tem de ser dos dois lados”.

“Pronto, muito bem”, disse Costa a certa altura – e continuou a caminhar, deixando a professora para trás.

Fernanda Tadeu também estaria irritada com os cartazes que mostravam António Costa com lápis espetados nos olhos e nariz de porco.

Mais tarde, Costa comentou com os jornalistas que os professores tinham o direito “normal” àquela manifestação mas não escondeu: “Algumas com pior gosto, como estes cartazes um pouco racistas, mas pronto, é a vida”.

Esclarecimento de Marcelo

Ainda no 10 de Junho, mas à noite, Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu a sua expressão “cortar ramos mortos”, utilizada no seu discurso de manhã.

“Eu não falava de nenhum caso específico pontual”, assegurou o presidente da República. “Nos momentos históricos eu falo das coisas históricas. E a História demonstra que realmente temos desafios novos, temos que ter soluções novas”, completou.

“Até com o facto de os ciclos políticos que estão a correr em Portugal terminarem daqui por dois anos e pouco, quer o meu, quer o do Governo. A minha ideia era: olhem para o futuro a médio longo prazo. Temos de preparar esse futuro”, disse Marcelo.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

40 Comments

    • As mudanças não têm que ser piores de que as antecederam, mas é o que tem acontecido e em nome de quê?
      Talvez m nome da bagunça que vão criando aos poucos e aceitando em nome do medo.

  1. Os cartazes não são racistas, são apenas expressão da estupidez humana. Imensa em múltiplos contextos. Completamente desnecessários, desviando a atenção de uma luta que é justa, onde a questão da recuperação do tempo de serviço é apenas uma entre muitas reivindicações (para muitos nem será essa a questão principal), numa profissão de enorme desgaste emocional e essencial na formação de cada um dos nossos jovens.

  2. Fernanda Tadeu estava mais exaltada do que o primeiro-ministro. Mas estava a favor dos professores ou contra eles? No tempo de Sócrates a mulher de António Costa participou ativamente em manifestação(ões) a favor dos professores (ela que também é professora) e ajudou à queda do ministro de então. Agora está do mesmo lado (para ser coerente) ou não?

    • Não há ninguém coerente nestas situações….Mas atrevo-me a pensar que a exaltação tinha mais a ver com os cartazes do que com qualquer outra coisa. E realmente, se querem ter razão, não me parece que seja assim que a ganham….sempre entendi a situação em concreto, mas começo a deixar de ver razão nestas cenas…e encenações. Comecem a fazer greve de zelo a meio da semana, não à segunda ou à sexta….que eu acredito mais….

  3. Concordo que é mais uma encenação, mas os cartazes eram realmente escusados para fazer valer uma razão, que nada tem a ver com um porco com paus espetados nos olhos….Quem pagará aqueles cartazes do sindicato?….

  4. Os cartazes eram vergonhosos. Para mim, o movimento grevista dos professores perdeu toda a credibilidade. Também fiquei convencido que não estão a lutar pela Escola Pública, mas sim pela progressão nos escalões.

  5. Há uma coisa que não percebo: se há tanta insatisfação nos professores, se são tantos professores que não concordam com as condições de trabalho, se as manifestações batem todos os recordes de participação, porque é que esses professores não se juntam e criam uma escola com as condições que exigem?! Isso é um direito que têm. Façam-no valer e provem que têm razão. Seria melhor para todos.
    Podem (e devem….) criar uma escola com os salários que exigem, com os horários que exigem, com a progressão que exigem, com os direitos que exigem… Certamente seria uma escola muito muito boa e seria um sucesso em toda a linha. E se assim é, porque é que será que isso ainda não aconteceu?

    • Porque os governos não querem gente inteligente e pensante que tenha ideas próprias e que conteste quaisquer decisões do governo!

    • Uma total falta de vergonha que caracteriza mais quem ostenta os cartazes do que quem é vítima dos mesmos. O nosso ensino está nivelado por baixo. É por estas e por outras que defendo, há muito, provas de conhecimentos de 3 em 3 anos, por exemplo, para avaliar os docentes. Anda por aí muita gente francamente questionável. E não faz qualquer sentido haver progressões na carreira somente porque o tempo passa. De igual modo, os últimos escalões não podem ser para todos. É necessário merecê-los.

  6. Quando professores se atrevem a protestar acompanhados de cartazes como os que se viram, começo a ficar preocupado com o tipo de ensino que é prestado aos nossos filhos e netos. Gente assim não pode nunca ficar com a responsabilidade de ensinar as nossas crianças. Talvez se devesse fazer um despedimento coletivo dos professores, e depois voltar a contratar apenas aqueles que sabem o que são valores éticos. E esses, sim, deveriam ter um ajustamento salarial e garantias quanto a não terem de prestar serviço longe da área das suas casas.

  7. É lamentável ver a falta de respeito de uma colega para com um primeiro ministro, não o deixando falar e sobrepondo-o no tom. Também me choca ver cartazes indignos.Depois não se admirem que os alunos lhes faltem ao respeito . Estas atitudes só enfraquecem os professores . Um professor nunca pode perder dignidade nem o respeito pelo outro.

    • O Costa tinha era de ouvir as queixas da professora. Mas não, mandou-a calar de modo grosseiro (“Sim.. sim…” – displicentemente) e depois desatou a fazer autopropaganda. Ele já sabia ao que ia. Meteu-se na barafunda para depois se poder armar em vítima. Até voltou à baila com a história do “racismo”.

  8. Professores? Cartazes daqueles exibidos por professores? Gostavam que os vossos filhos vissem cartazes onde mostrassem a mesma coisa com a vossa cara em forma de focinho? Pensam que o Povo todo concorda com os vossos disparates? Isso não é lutar por Justiça. É mostrar o caráter de muitos dos professores que deviam pagar para exibirem esse titulo profissional. É a esta gente que enviamos os nossos filhos e os nossos netos? Haja decência. Mostrem respeito para serem respeitados.

  9. É lamentavel ver a que chegou uma profissão que era respeitada por todos e agora são uma profissão de arruaceiros sem dignidade e sem respeito por ninguem, não se respeitam a eles proprios nem respeitam os alunos e nem sequer quer ver que estão a ser manipulados por alguem. Tenho muita pena mas a verdade é que não prestam para nada.

  10. Pois, quando nos toca, os cartazes são racistas. Não vejo onde está o racismo. O cartaz é mau? É. Mas já vi piores e aí invoca-se a liberdade de expressão.

  11. É pena que os professores não sejam capazes de fazerem alunos que se interessem pela informação e pelo conhecimento, pois se assim fosse e se mostrassem algum interesse pela atualidade só gostaria de lhes pedir que chegassem às suas escolas amanhã e fizessem o mesmo aos seus professores. Gostaria de ver, mas conhecendo-os como julgo conhecer nenhum aluno obteria classificação para prosseguir os seus estudos.

    • Como é que os professores podem fazer alguma coisa pelos alunos com os programas e as directivas miseráveis que o Ministério da Educação lhes impõe há décadas? Caso não saiba, o sistema de ensino em Portugal finou-se no dia 26 de Abril de 1974. A maioria destes professores, senão todos, foi formada depois do 25 de Abril. Árvore que nasce torta…

  12. É pena que os professores não ensinem os alunos a se interessarem pela informação e pela atualidade porque era de pedir aos alunos que amanhã fizessem o mesmo aos seus professores para vermos como iriam eles encarar isto.

    • Há muitos professores a levarem com ferros e murros. Concorda então que esses patifes dos professores merecem serem ainda mais maltratados, certo?

  13. Os professores no seu melhor!!!
    Alguns professores, claro.
    Mal iria o país se os professores, no geral, fossem deste calibre.
    STOP

  14. Estamos a falar de um primeiro ministro envolvido no escândalo de pedofilia? O número 2 de Sócrates? O ligado a casos e cadinhos de amigos e familiares?
    Ainda há liberdade de expressão!
    Parecem radicais muçulmanos furiosos e violentos por causa de caricaturas de Maomé!
    Daqui a poucos anos não teremos professores… Nem crianças…

  15. Se essa professora se vai reformar aos 60 anos, que se dê por satisfeita, eu só poderei me reformar mais tarde. Vai-se reformar e não vai ter dinheiro para pagar um lar de idosos? Isso é o que acontece com todos os portugueses, se quiserem ir para um lar, têm de, ao longo da sua vida, por algum de lado, caso contrário , ficam em casa. Conheço muitos que dão explicações, tirando outro ordenado, ao negro.
    E eu pergunto, em que é que os professores são melhores que os restantes portugueses? É a classe que tem mais férias, nos cafés da minha cidade, ao meio da manhã ou ao meio da tarde, nos cafés encontram-se as senhoras e professores a tomar o seu cafezinho, vão todos os fins-de-semana à cabeleireira, que mais querem?
    E os restantes trabalhadores portugueses? Com esses é que é “muito injusto” Este governo descongelou as carreiras, subiu um pouquinho às reformas, aguentou uma pandemia 2 anos, ajudando os portugueses e as empresas.
    Quanto mais se dá mais eles querem.

  16. O Presidente da República utilizou alguns termos da agricultura numa região de agricultores e demonstrou que a nível agronómico não obteria avaliação positiva. Confunde sementeira com plantação. Sr. Presidente, na Região Demarcada do Douro e em qualquer local onde se pretenda instalar uma vinha não se utilizam sementes da videira (graínhas), mas sim plantas não ou já enxertadas. Por um lado, pretende exultar uma parte dos portugueses que contribuem para a produção do vinho generoso (licoroso), denominado Porto e, simultaneamente, é hábil “em casa de ferreiro , espeto de pau”. Sr. Professor, estude antes de falar (opinar). Olhe que os viticultores, não são parvos!

  17. Não vejo nada de racista nos cartazes! Não gosto dos lápis esperados, mas estão lá em sentido figurado, claramente! Leiam o triunfo dos porcos…

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