Costa contraria Costa. Ministro abre a porta à devolução do tempo de serviço aos professores

António Cotrim / Lusa

O ministro da Educação, João Costa.

Depois de António Costa ter rejeitado a ideia de o Governo pode devolver o tempo de serviço perdido aos professores, o Ministro da Educação abriu a porta a essa possibilidade para os docentes mais prejudicados.

Apenas algumas horas depois de António Costa ter afirmado que não há condições para o Governo devolver o tempo de serviço congelado aos professores, o Ministro da Educação veio a público dizer que, afinal, está disposto a negociar este assunto com os sindicatos.

João Costa disse esta sexta-feira que tem “disponibilidade total” para se sentar à mesa com os sindicatos e discutir a criação de quotas para a progressão na carreira e a recuperação do tempo de serviço congelado para os professores mais prejudicados.

Estas duas problemáticas têm estado no centro do braço de ferro entre o Governo e os professores e, até agora, não estavam em cima da mesa. Os responsáveis sindicais têm sido peremtórios e frisado repetidamente que não assinam nenhum acordo se o executivo não estiver disposto a ceder.

“Há uma janela escancarada para continuarmos a trabalhar questões gerais que têm a ver com a valorização das carreiras”, afirmou João Costa em declarações aos jornalistas, após a reunião que encerrou a 5.ª ronda negocial sobre os concursos e colocação de professores.

João Costa frisou ainda que a questão do tempo de serviço diz respeito a toda a administração pública, por isso a discussão deve alargada a outros sectores além da educação. Especificamente sobre os professores, o Ministro lembra que o impacto não foi igual para todos e abre a porta à recuperação para os mais prejudicados.

“Temos, dentro do conjunto dos professores, um segmento que, em termos da sua remuneração e expectativa de progressão, ficou muito mais prejudicado do que outros. Obviamente que é diferente estar no 8º escalão ou estar no 2º quando a carreira ficou congelada. É para isso que estamos a olhar. Não tratar de forma igual o que é diferente, mas olhar para especificidades que existem”, afirmou.

Já em declarações ao Expresso, João Costa adianta que “podem ser encontradas outras soluções para compensar esses professores que não impliquem a recuperação do tempo de serviço”.

“Neste momento, o que existe da nossa parte é a total disponibilidade para, assim que fecharmos este assunto do recrutamento, continuarmos sentados à mesa com as organizações sindicais para trabalharmos questões gerais da valorização da carreira e questões muito concretas como o combate à burocracia”, acrescentou.

As negociações sobre o regime de recrutamento e mobilidade de pessoal docente, iniciadas em setembro, deverão ser concluídas na próxima semana, sendo que as organizações sindicais poderão ainda pedir a negociação suplementar.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

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