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Corrida à Câmara de Lisboa divide CDS. Mesquita Nunes junta-se aos críticos

Estela Silva / Lusa

O eurodeputado Nuno Melo, do CDS/PP

A escolha de Filipe Anacoreta Correia, em vez de João Gonçalves Pereira, para número dois da lista à Câmara de Lisboa está a gerar uma guerra interna no CDS.

A escolha de Filipe Anacoreta Correia para número dois da lista da coligação PSD/CDS à Câmara de Lisboa, liderada por Carlos Moedas, está a gerar controvérsia entre os centristas. Em causa está o facto de esta escolha ter deixado de fora o atual vereador do CDS, João Gonçalves Pereira.

O eurodeputado Nuno Melo, que se afigura como o mais provável adversário do líder Francisco Rodrigues dos Santos nas próximas eleições internas, votou contra esta escolha, assim como o líder parlamentar Telmo Correia, avança o jornal online Observador.

Para Melo, toda a estratégia do partido foi errada, pois foi incapaz de convencer Assunção Cristas a assumir uma nova candidatura e ainda afastou Gonçalves Pereira, “um dos principais artífices da vitória de há quatro anos”.

“Foi deitado borda fora, substituído pelo Filipe Anacoreta Correia que no que tem que ver com Lisboa e nesta matéria obviamente não se lhe compara”, terá dito o eurodeputado, citado pelo jornal digital.

Por seu lado, a direção centrista acusou Melo de “cinismo” e de estar a colocar a sua agenda política à frente dos interesses do partido. A direção justificou ainda as suas escolhas, dizendo que o afastamento de Cristas foi uma escolha da própria e que a exclusão de Gonçalves Pereira se explica com a necessidade de renovar as listas e as escolhas do partido.

Agora, de acordo com a rádio TSF, o ex-deputado Adolfo Mesquita Nunes junta-se aos críticos, considerando que o CDS está a sanear “alguns dos melhores” nomes do partido.

“Num partido que valoriza o mérito, veta-se um nome essencial para o papel que o CDS tem hoje em Lisboa: o vereador que mais se opôs e mais propôs. Num partido que valoriza as bases, veta-se não um, mas vários, dos nomes que as estruturas locais propuseram. Num partido que valoriza o trabalho, veta-se quem trabalhou e deu a cara pelo CDS em Lisboa”, escreveu o antigo secretário de Estado na sua página de Facebook.

“O Carlos Moedas, que é um excelente candidato, merecia mais: merecia que o CDS não tivesse saneado alguns dos seus melhores, dos que mais conhecem o terreno, dos que mais trabalharam por Lisboa. E o CDS Lisboa, que todos os dias de há muitos anos para cá vai construindo alternativa e partido, merecia mais consideração e respeito”, concluiu.

O antigo chefe de gabinete de Paulo Portas, José Bourbon Ribeiro, demitiu-se da distrital de Lisboa, e João Seabra Duque, também da distrital, e Isabel Galriça Neto, candidata à Assembleia Municipal, foram outras das vozes que mostraram o seu descontentamento, acrescenta a rádio.

Ainda de acordo com o Observador, o deputado João Almeida também já reagiu nas suas redes sociais, afirmando que Gonçalves Pereira “não merecia esta vingança cobarde”.

“Há limites. E esta exceção que confirma a regra resulta da ultrapassagem de um limite fundamental. O respeito do CDS por si próprio e a sua relevância como partido. O saneamento partidário do melhor vereador da Câmara de Lisboa prejudica gravemente o CDS e fere a candidatura que o CDS integra. O João Gonçalves Pereira não merecia esta vingança cobarde”, escreveu.

Pedro Mota Soares, antigo ministro da Segurança Social, também optou pelas redes sociais para destacar que Gonçalves Pereira “é só o melhor vereador da CML”, pois na oposição “sabe criticar o que está mal, mas também sabe propor o que deve ser uma alternativa”.

“Uma lista do CDS sem a presença do João é uma lista mais pobre, que não reconhece o mérito, a sensibilidade social, a capacidade de trabalho e o conhecimento dos temas de alguém que já deu e quer continuar a dar o melhor de si à sua cidade. Promover o mérito, a sensibilidade social, a capacidade de trabalho e o conhecimento dos dossier podia ser um lema do CDS. Com esta exclusão fizeram exatamente o seu contrário”, pode ler-se.

Para esta noite, segunda a TSF, está marcada uma nova reunião da concelhia de Lisboa do CDS para debater uma eventual substituição de Anacoreta Correia pelo líder da concelhia, Diogo Moura.

ZAP //

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