A reunião do Eurogrupo foi suspensa esta madrugada após 16 horas de discussões sem consenso para um compromisso político sobre a resposta económica da Europa à crise provocada pela pandemia covid-19, sendo retomada na quinta-feira.
“Após 16 horas de discussões, chegámos perto de um acordo, mas ainda não estamos lá. Eu suspendi o Eurogrupo e continuaremos amanhã”, escreveu Centeno no Twitter.
O responsável garante que, ainda assim, o seu objetivo para a resposta europeia à crise “permanece” o mesmo, visando criar a consenso para “uma forte rede de segurança da União Europeia contra as consequências da covid-19, protegendo trabalhadores, empresas e países, e compromissos com um plano significativo de recuperação“.
Também através daquela rede social, o porta-voz do Eurogrupo, Luís Rego, informou que, devido à suspensão dos trabalhos, a conferência de imprensa marcada para esta manhã foi adiada. “Mais detalhes serão anunciados posteriormente”, adianta.
A videoconferência de hoje do Eurogrupo, conduzida desde Lisboa por Mário Centeno, começou na terça-feira já com um atraso de uma hora, às 15:00 de Lisboa, tendo sido interrompida cerca das 18:00 para uma pausa de uma hora.
Porém, essa interrupção – durante a qual são feitos os tradicionais contactos bilaterais para tentar alcançar consensos – foi sendo prolongada até às 22:00 de Lisboa, até ao anúncio de que os trabalhos iriam entrar noite dentro.
Antes da reunião, Centeno disse esperar que os ministros das Finanças europeus cheguem a acordo sobre um pacote financeiro de emergência robusto para trabalhadores, empresas e países, e que se comprometam claramente com um plano de recuperação de grande envergadura.
Contudo, o compromisso a que os ministros das Finanças estão ‘obrigados’ a chegar está a revelar-se difícil de ‘fechar’, pois o ponto mais controverso da resposta, o financiamento para os Estados-membros, que Centeno defende que deve ser garantido através de linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), por ser a opção mais prática e “consensual”, continua a dividir os Estados-membros.
De um lado, vários países, encabeçados por Itália, defendem antes a emissão conjunta de dívida – os chamados ‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’ – e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, já reafirmou a sua oposição à solução em forma de empréstimos do fundo de resgate da zona euro. Do outro, um conjunto de países, com Holanda à cabeça, rejeita liminarmente a mutualização da dívida, e, mesmo em relação às linhas de crédito do MEE, quer impor condições.
Mais pacíficas serão as duas outras vertentes do pacote de emergência que o presidente do Eurogrupo espera ‘fechar’ nesta reunião, para apresentar aos chefes de Estado e de Governo da UE: o programa de 100 mil milhões de euros proposto pela Comissão Europeia para financiar regimes de proteção de emprego e uma garantia de 200 mil milhões de euros do Banco Europeu de Investimento para apoiar as empresas em dificuldades, especialmente as pequenas e médias empresas.
O Banco Central Europeu (BCE) pede ainda um pacote de estímulos do dobro do tamanho aos ministros das Finanças da Zona Euro, escreve o jornal ECO. A instituição liderada por Christine Lagarde pede que os países avancem com medidas orçamentais de 1,5 biliões de euros no combate contra a covid-19.
Em pouco mais de um mês, esta é a quarta reunião por videoconferência dos ministros das Finanças europeus para tentar acordar uma resposta comum à crise do novo coronavírus, sendo que desta feita é-lhes ‘exigido’ um compromisso, para ser apresentado aos líderes europeus.
No último Conselho Europeu por videoconferência, realizado em 26 de março, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia, após uma longa e tensa discussão, mandataram o Eurogrupo para apresentar, no prazo de duas semanas, propostas concretas sobre como enfrentar as consequências socioeconómicas da pandemia, que “tenham em conta a natureza sem precedentes do choque de covid-19”, que afeta as economias de todos os Estados-membros.
“Sentido de responsabilidade” ao Eurogrupo
O comissário europeu da Economia apelou ao “sentido de responsabilidade” do Eurogrupo, por os ministros das Finanças da Zona Euro não terem ainda chegado a acordo sobre a resposta económica da Europa à crise gerada pelo Covid-19.
“A Comissão Europeia apela ao sentido de responsabilidade necessário numa crise como esta”, vinca o responsável europeu pela pasta da Economia, Paolo Gentiloni, numa publicação na rede social Twitter.
Aquele que é o representante do executivo comunitário nas discussões do Eurogrupo sobre a crise gerada pela pandemia Covid-19, adianta: “Amanhã é outro dia”.
Também através do Twitter, o ministro francês da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, e o seu homólogo alemão, Olaf Scholz, exortam “todos os Estados europeus a derrubar os desafios excecionais para chegar a um acordo ambicioso” no Eurogrupo, numa publicação conjunta (e publicada pelo primeiro).
Já Olaf Scholz, numa publicação também assinada com Bruno Le Maire, vinca na sua conta do Twitter que, “nesta hora difícil, a Europa deve permanecer unida”.
“Apelamos a que todos os países do euro não se recusem a resolver estas questões financeiras difíceis e que possibilitem um bom compromisso para todos os cidadãos”, refere a mesma mensagem.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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Parece cada vez mais urgente os países do sul da Europa avançarem para uma união política própria, sob forma confederal, mantendo no entanto esta confederação na União Europeia. Talvez assim seja mais fácil aos países do sul escaparem à chantagem de alguns países do norte.
Sim, havia de ser bonito uma cambada de tesos sem dinheiro juntarem-se para dividir o que não tem.
A Europa é um sonho bonito, mas na realidade ninguém quer perder soberania, todos querem o poder de decidir o que se passa no seu país sem considerar os outros, mas quando falham as políticas adoptadas, querem que os outros injectem capital.
Os países ricos, são ricos por tomaram medidas para o crescimento económico.
Portugal andou a gastar o dinheiro em medidas populistas, trabalho público para mascarar o desemprego, discutir novos aeroportos, etc…
Investir em saúde, segurança pública, proteção civil, foram miragens a menos que fosse para pagar milhões aos amigos por algo que não funciona, assim estilo SIRESP.
A Itália, está no estado em que está porque ignorou todos os avisos e foi apanhada desprevenida, a Espanha foi arrogantemente, dizia que tinha dos melhores serviços de saúde e que não era a Itália, não só ignorou todos os avisos com a típica arrogância como ainda promoveu orgulhosamente o 8 de Março com milhares de pessoas nas ruas, agora estão na m**** porque tiveram de matar a economia para pagar pela a arrogância.
Portugal reagiu mais ou menos bem á crise, mas a frágil economia não aguentou.
Agora querem que seja a Europa a pagar por tudo, e ainda os chamam de maus por quererem colocar garantias de que vão receber de volta.
Nem com 2 resgates aprendemos a gerir dinheiro.
Escapa-lhe o essencial. A riqueza está no norte e não no sul.
O que acha que devem pensar os países do norte quando, agora mesmo, a Espanha equaciona o rendimento mínimo universal? Quem é que acha que vai pagar essa festa? Estaria disposto a pagá-la do seu bolso?
Só mais uma pergunta. O que acha da possibilidade de continuarmos a injetar dinheiro a rodos nos PALOP anualmente a fundo perdido (como chegámos a fazer no passado)? Dinheiro obviamente que vem dos impostos que o amigo e eu pagamos e que poderia ser utilizado para melhorar a saúde, a educação, a justiça e por aí fora. Gostava de ouvir a sua opinião acerca destas questões.
Que mundo é este em que os políticos usam o Twitter para comunicar com a população? E os jornais andam a lamber o Twitter para escrever notícias? Além disso já sabemos que só há Eurobonds se a Alemanha quiser ou precisar, logo mais vale ler as notícias alemãs…