“É melhor sentares e ouvires o que tenho para dizer”: a conversa decisiva entre Mortágua e Louçã

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Francisco Louçã e Mariana Mortágua

Francisco Louçã está de volta ao Bloco de Esquerda porque Portugal “está numa situação de viragem, de ameaça”.

O Bloco de Esquerda está num ponto de viragem porque Portugal também está numa “situação de viragem, de ameaça”.

Francisco Louçã justifica o seu regresso (e o de Fernando Rosas e Luís Fazenda) ao partido, ao lembrar que estamos numa fase em que parece que o “ódio é normal, o insulto é uma forma de falar”.

O cabeça-de-lista em Braga contou na SIC que ouviu, precisamente na cidade minhota, que as pessoas lhe pedem para “tirar deputados do Chega”.

“O povo inteiro vê uma força, que não é pequena, que quer transformar o Parlamento numa pocilga, que insulta mulheres, que acha que a liberdade é apenas insulto”.

No seu tempo enquanto deputado, “havia debate e o insulto não era por rufias”. E as pessoas querem de volta “elevação e decência”.

Ao justificar o seu regresso, Louçã revelou uma conversa decisiva que teve há poucos dias: “Um dia, uma amiga minha bateu à porta – chama-se Mariana Mortágua. E disse-me ‘Xico, é melhor sentares para ouvir o que eu vou dizer'”.

Então, e o que lhe disse a líder do partido? “Não passaram ainda dois meses desde a tomada de posse de Trump. E, em dois meses, banalizou-se a ideia de que os EUA podem ocupar a Gronelândia, o Canadá, o Panamá, tornar-se aliado e inimigo da União Europeia, a Ucrânia está a ser dividida entre Trump e Putin – foi assim na II Guerra Mundial com Hitler e Estaline, com a Polónia…”.

Louçã avisa que Trump, presidente dos EUA, é uma ameaça à liberdade, à advocacia, ao jornalismo. “Este é o mundo do Trump, o Trump virou o mundo“.

Numa entrevista ao Público, o candidato já tinha dito que agora “temos um fascista na Casa Branca”.

Agora, e porque os extremos também estão mais fortes em Portugal, considera que é preciso juntar “toda a força possível”, porque “estas eleições não são a brincar, são difíceis” – apesar de terem origem numa “coisa estranhíssima”, a Spinumviva, e “nunca deveriam” acontecer.

Sondagens são “equívoco”

Francisco Louçã desvaloriza a sondagem recente que coloca o Bloco de Esquerda com apenas 1 ou 2 deputados na próxima legislatura.

O antigo deputado não hesita: “As sondagens são um equívoco monumental“.

Reforça o número de pessoas que não querem sequer responder ao inquérito e, das que responderam, quase metade ainda não sabe em quem vai votar.

A sondagem é um barquinho de papel numa tempestade – porque o povo está tão irritado que nem responde. A sondagem não sonda nada, mesmo que seja bem feita”, finalizou Louçã.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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