Louçã e Rosas voltam ao BE. Porque há “urgência” e porque “temos um fascista na Casa Branca”

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Paula Nunes, Bloco de Esquerda / Flickr

O historiador Fernando Rosas, fundador do Bloco de Esquerda

Estão em causa os valores de Abril, segundo Fernando Rosas. Francisco Louçã pensou que não voltaria a ser deputado.

O Bloco de Esquerda (BE) foi fundado em 1999. Uma espécie de fusão entre Partido Socialista Revolucionário (PSR), União Democrática Popular (UDP) e Política XXI.

Francisco Louçã, Miguel Portas, Luís Fazenda e Fernando Rosas são provavelmente os quatro nomes que mais rapidamente se associam à fundação do partido.

Entretanto, além do falecimento de Miguel Portas, os outros três – Louçã, Fazenda e Rosas – afastaram-se do partido ao longo dos anos.

Agora, e mais de 10 anos depois, os três estão de volta. Todos vão ser cabeças-de-lista do Bloco nas eleições legislativas antecipadas deste ano: Francisco Louçã será candidato em Braga, Luís Fazenda em Aveiro, Fernando Rosas em Leiria.

É sinal de que o BE está em queda e precisa dos seus fundadores para recuperar votos?

Mariana Mortágua disse que não, depois da Mesa Nacional do partido: “A escolha das listas do Bloco de Esquerda e a decisão de convocar fundadores para fazerem parte das listas não tem a ver com o BE por si só“.

Tem a ver com a esquerda. Tem a ver com a nossa capacidade para convocar várias gerações de activistas de esquerda, de experiência de esquerda, para enfrentar um momento histórico que é complexo, que é desafiante e não é só para o BE. É desafiante e complexo para o país. Há uma crise social em curso”.

Chegou a altura, explicou a coordenadora, de convocar “toda a experiência, toda a energia para fazer esta campanha eleitoral”.

O próprio Fernando Rosas também já falou sobre este regresso. Rejeita um partido fraco: “Não significa que a direcção esteja enfraquecida, ou que exista um problema de unidade no BE. Há um problema de urgência da esquerda em Portugal e na Europa. Em nome dessa urgência, é preciso apresentar uma alternativa”.

Na TSF, o candidato do Bloco avisou que os valores do 25 de Abril “estão em causa”, enquanto a a extrema-direta cresce pelo mundo e há “uma espécie de crise de apodrecimento dos sistemas liberais do Ocidente”.

“Todos estes valores, que fizeram a minha geração e o 25 de Abril, estão em causa e, portanto, fiquei naturalmente sensível ao convite que a Mariana Mortágua nos fez para vir para o terreno”, justificou Rosas.

E uma crise das democracias pode acabar mal, avisou o historiador, ao lembrar-se das ditaduras de há quase um século e da II Guerra Mundial: “Nos anos 30 foi assim e acabou como acabou”. É preciso evitar um desfecho “completamente dramático”, reforçou, porque é “altura de remar contra a corrente”.

Francisco Louçã viajou directamente aos EUA para justificar o seu regresso. Disse ao jornal Público: “É uma resposta a uma emergência. Eu não tinha concebido voltar a ser deputado. Mas Donald Trump tomou posse no dia 20 de Janeiro. Estes dois meses que passaram são um tumulto. Nós temos um fascista na Casa Branca. E isso muda a política. A política transformou-se numa espécie de zombie em que os líderes europeus andam apatetados com medo do seu inimigo, que agora é os Estados Unidos, a correr para uma estratégia armamentista”.

Na lista aprovada pelo partido, o BE volta a contar com os seus actuais cinco deputados: Mariana Mortágua é cabeça-de-lista por Lisboa, seguida por FabianFigueiredo no mesmo círculo eleitoral; Marisa Matias é cabeça-de-lista no Porto, onde Isabel Pires é número três; Joana Mortágua será cabeça-de-lista em Setúbal. Recorde-se que José Soeiro deixou de ser deputado em Janeiro, para ser professor universitário.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

  1. Ahahaha, os Bombeiros vem apagar o Incendio!
    Afastem-se por os Armarios tem Esqueletos malignos.. Ahahaha.
    Mas o que me parece +e que os cães farejaram “comida” com este PSD e os gajos querem fazer parte da Grande Farra do Dinheiro dos “Investimentos, Investimentos, Investimentos”. Vai haver dinheiro por ai a girar como se caisse do ceu.

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