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Constança Urbano de Sousa: “Ser mulher pesou na forma malcriada como fui tratada”

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Tiago Petinga / Lusa

A Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa

Três meses depois de ter apresentado a demissão, na sequência da tragédia dos incêndios de 2017, a ex-ministra da Administração Interna voltou a falar e diz estar “tranquila, dentro das circunstâncias”.

Numa entrevista ao Notícias Magazine, Constança Urbano de Sousa não se recusa a falar do que aconteceu nos incêndios de 2017, tragédia que vitimou mais de 100 pessoas e que foi o principal motivo da sua demissão.

“Passei, com a terrível tragédia dos incêndios, pelos momentos mais difíceis da minha vida. Que serão para sempre extremamente duros, que irão acompanhar-me para o resto da vida, que levarei para a cova“.

Questionada sobre se voltaria atrás nas polémicas declarações sobre as suas férias, a ex-governante diz que “provavelmente sim” mas considera que “fazer a análise no fim do jogo é bem mais fácil”.

Somos um país de treinadores de bancada e todos temos uma opinião, baseada muitas vezes em ideias ligeiras. Ir ao fundo dos problemas dá muito trabalho e exige reflexão. Volto à espuma mediática e a como as pessoas se deixam ir com ela sem nunca se questionarem mais aprofundadamente. E sem calçarem os sapatos dos outros”.

“Aquele momento foi aquele momento. E como não sou calculista, nem gostaria de ser, não fiz nem faço nada a pensar no sound byte ou para o momentinho televisivo. E era fácil – basta ser-se minimamente esperto para perceber o que os jornalistas querem ouvir. Acontece que não estava a trabalhar para imprensa mas para o meu país. Trabalho para as pessoas”.

A ex-ministra também considera que o facto de ser mulher influenciou a forma como foi tratada. “Senti que se tivesse sido um homem a passar pelas mesmas circunstâncias talvez tivesse merecido mais respeito. Acredito que ser mulher pesou na forma por vezes desrespeitosa, deselegante e malcriada como fui tratada por alguns”, referindo-se a “políticos, jornalistas e aspirantes a opinadores”.

E acrescenta: “Magoou-me que algumas pessoas, que tinha por sérias e inteligentes, tivessem embarcado na espiral das acusações fáceis, reduzindo todas as tragédias, fruto de uma série de fatores e de desinvestimentos de décadas, à minha competência ou falta dela”.

Da relação que tem com o primeiro-ministro, Constança Urbano de Sousa diz que esta saiu “absolutamente incólume deste processo” e que a decisão de publicar a sua carta de demissão foi de António Costa. “Não fui eu que a publiquei, nunca o faria. A decisão de a tornar pública foi dele”, explica.

E no contacto com os portugueses? “A imagem da imprensa escrita e de alguns comentadores não corresponde ao que sinto no dia-a-dia. Não há dia em que as pessoas não venham ter comigo a abraçar-me. O carinho que recebo das pessoas na rua é imenso e gratificante”, acrescentando que “nunca fazem perguntas e escolhem sempre palavras de apoio”.

A ex-ministra diz ainda que se sente “tranquila, dentro das circunstâncias”.

ZAP //

 

20 Comments

  1. Carinho?? Só na tua imaginação. Foste muitíssimo incompetente ou deixas-te que o aparelho do partido te fizesse incompetente. Se achavas que não estava correcto saltavas fora, mas não estiveste até acontecer a 2ª tragedia, que não foi a ti. Ainda tem a LATA de se fazer de coitadinha? Se estás tão traumatizada deixa a maquina politica. Mas não continuas aí á espera de uma nova oportunidade que o partido te vai premiar, como fez a todos os outros que passaram por outros governos e foram tão incompetentes como tu.

    • Andavas distraído nas aulas de Português!
      “Deixas-te”? ou será antes “Deixaste”?
      Uma dica, www . tracinho . com
      Não se pode criticar os outros e depois escrever dessa forma!

  2. Não. A senhora volta a estar errada. Não foi o facto de ser senhora. Foi o facto de ser o político mais incompetente de que há memória em Portugal. Paralelo, só mesmo com o seu colega Ministro da Defesa que com ar de tolo aceita o episódio de Tancos de ânimo leve.

    • Ui memoria curta a sua, em termos de incompetência e burrice ninguém bate Miguel Relvas.
      Procure no youtube por “as 5 regiões de Miguel Relvas” e ainda consegue rir durante um bocado bom!
      Esta senhora pode ter tido culpa fundamentalmente pelas pessoas que escolheu para os lugares de chefia da proteção civil, mas mesmo com as pessoas certas no lugar, a catástrofe acontecia porque as condições climatéricas e os fenómenos que ocorreram nesses dias fatídicos eram bem mais fortes, alias dito pelos próprios bombeiros no terreno, nem com o triplo dos efetivos e dos suportes aéreos se conseguia evitar a tragédia!
      Por isso meu amigo arrume a viola no saco que já percebemos todos que é fanático político, que só vê uma cor à frente.
      Como se o Ministro da Defesa tivesse culpa do que se passou em Tancos, é de rir… A azia é tanta que dizem baboseiras atrás de baboseiras.

      • Não foi responsável pela morte de tanta gente. Agora deixe de ser desinformado e tenha juízo. E deixe de defender tão avidamente o seu gangue. A não ser que também lhe pertença.

      • Há coisas que não entendo!
        Esta ministra foi considerada culpada.
        Era ministra tinha obrigação e o dever de tudo conhecer e coordenar. Tudo certo.
        Agora quem coordenava processos de adoção para a Iurd já não era lhe era possível tudo conhecer era só coordenar!
        Estou enganada, ou temos aqui dois pesos e duas medidas?
        Prefiro estar enganada!!!!!

  3. Descobriu a pólvora. Neste tipo de cargos com muita visibilidade as pessoas pegam em tudo. Não é por ser mulher que faz diferença, é só mais uma coisa para pegar.

  4. Em busca duma desculpa para a incompetência.
    Teve azar. Não esperava que os incêndios estivessem na sua alçada…
    Ser mulher, nos dias de hoje, já não serve para desculpar ataques.
    Se fosse negra diria que era pela cor…
    A ministra da justiça é mulher e negra e ninguém lhe aponta o dedo.

    • Claro que não…Por isso é que ainda nos dias que correm, as mulheres ganham menos que os homens nos cargos semelhantes…
      Vir’ó disco e toca o mesmo…

      • Ganham menos do que os homens uma ova! Isso é um mito urbano (passe o trocadilho), que só vai passar quando as mulheres ganharem o triplo e tiverem o triplo dos privilégios dos homens. A mulher tem uma natureza reivindicadora por natureza. Só quem nunca teve irmãs, namoradas ou mulheres é que não sabe disto.

        Isto não é ser machista… É uma realidade decorrente das diferenças naturais entre homem e mulher. Quer se queira quer não, a mulher e o homem (como qualquer macho e femea na natureza) têm as suas diferenças. O homem é naturalmente mais agressivo fisicamente. Tem mais tendência para o confronto físico. É violento… É um defeito! Mas os homens não podem ter só defeitos, nem têm mais defeitos que as mulheres. Têm é OUTROS defeitos! E as mulheres têm uma maior tendência por exemplo para serem reivindicadoras. A mulher queixa-se se o homem não lhe dá atenção, queixa-se se o homem só quer sexo, queixa-se se o homem não quer sexo, queixa-se se o homem trata mal as mulheres, queixa-se se ele trata bem demais as outras mulheres. Queixa-se se o homem é desmaselado com a aparência, queixa-se se ele se passa a tempo a arranjar. Queixa-se se ele não arruma a casa. Queixa-se se ele arruma demais a casa porque parece que está a dar a entender que ela não o faz… Enfim… Nunca nada está como devía ser.. Há sempre alguma reclamação a fazer.

        Por isso, eu sou o primeiro a defender que durante séculos a mulher era descriminada. Não podia votar. Não podia trabalhar. Não podia estudar. Não podia tomar decisões na família. Não podia ser artista… O homem podia ter as relações extra conjugais que quisesse mas a mulher tinha de ir virgem para o casamento. Enfim, um horror e uma opressão inadmissíveis. Eu concordo o mais possível!..

        Mas quando era para lutar pela mulher até à morte num duelo, era romântico. Quando era para dar o lugar a uma senhora, era cavalheirismo. Quando numa catástrofe as mulheres e as crianças estavam primeiro, era normal. quando havia uma guerra e só os homens é que morriam em defesa da pátria e das família, era o espectável. Quando o homem dava o seu casaco à mulher porque estava frio, era o que faltava que não o fizesse… Embora se saiba que o homem adoece tão ou mais fácilmente do que a mulher… E quem tinha de ganhar o sustento até era ele. Mesmo em criança se um rapaz chorava o Pai gritava “um homem não chora!” – mas se uma rapariga chorava vinha toda a gente a correr a consolá-la.

        Ora aquilo a que desde os movimentos de libertação feministas da década de 60 se assiste, é que de uma maneira geral é visto com bons olhos que a mulher conquiste todos os direitos e todas as igualdades de que o homem goza, mas o inverso não é pra mexer!.. O resto fica como está! Qualquer feminista é a primeira e ficar toda enxofrada se assim não for! Depois a questão das igualdades no trabalho… Agora é porque tem à viva força de haver igual número de mulheres e homens nos lugares de executivo ou de ministro ou de CEO. Então e nas obras a carregar baldes de massa e subir aos andaimes com sacos de cimento às costas? Ou a fazer trabalhos de alto risco como trabalhar em postes elétricos ou mesmo os bombeiros operacionais? E na infantaria? Porque é que não se vê as mulheres a reivindicar o mesmo número de mulheres trolha, caramba? É só executivas? E então trolhas? Já não? Ahhhh.. Pois é.

        É como nas universidades… Há igual número de mulheres e homems a ir à Escola mas aparentemente há muito mais mulheres hoje em dia a formar-se… Quer isto dizer que o ensino está mal adaptado aos homems? Não vejo ninguém reivindicar isso!.. Não vejo ninguém dizer que há desigualdade! Aí a resposta é a de que os homens são mais burros ou mais preguiçosos. Ora eu também não vejo ninguém a proibir as mulheres de entregarem CVs em propostas de trabalho. Se escolhem mais homens se calhar é porque também os acham mais competentes, não?

        Por isso, mais vale as reivindicações de género terem um bocadinho mais calma a menos histería colectiva. Há questões em que sim senhor, foi da maior importância as mulheres conquistarem igualdade de direitos. Votar, trabalhar, estudar… Excelente e 100% de acordo. A liberdade sexual a mesma coisa! A mulher tem tanto direito a ser sexualmente livre como o homem. Agora calma com os exageros e calma com andar a dizer que tudo o que não corre bem na vida de uma mulher, é culpa da discriminação de género. Não há mulheres burras, incompetentes ou desonestas! Só há mulheres discriminadas, querem ver?

      • Subscrevo integralmente o seu comentário. Parabéns. Esqueceu-se de escrever sobre o assedio sexual ás mulheres. Como se não houvesse mulheres predadoras!
        Se há! E eu que o diga.

  5. Eu até posso achar que a culpa do que aconteceu está longe de ser toda dela. Mas é ridículo estar agora permanentemente a tentar apanhar boleia desta febre feminista que começa a assumir contornos de histería colectiva. Agora tudo é assédio, tudo é abuso sexual e tudo é discriminação de género. Já parece a palhaçada da mise en scéne que foi a cerimónia dos Globos de Ouro. Com certeza que houve abusos graves por parte de porcos como Harvey Weinstein. Mas o aproveitamento e a alavancagem oportunista que se começa a fazer disso, é de um exagero e de um facciosismo, que metem a caça às bruxas de Salém num chinelo.

    Quanto aos fogos de Pedrogão Grande: As condições climatéricas terão tido a sua culpa, mas há algo de que ninguém fala: Um mês antes das eleições, o governo PAF fez um contrato de consessão com a “Australis” para a exploração de Combustíveis Fósseis pela ambientalmente infame e macabra técnica de fracking. Nesses contratos ficaram patentes que o governo Português vendia a um preço quase dado, o direito de exploração numa enorme área nas zonas da Nazaré, Pombal e Batalha. A troco disso a Australis “comprometía-se” a dar emprego e dinamizar a economia na região. Ora está-se mesmo a ver que o único emprego que irá ser criado é o precário, temporário, de ordenado mínimo e outras formas de aproveitamento de mão de obra barata. A economia que eles vão dinamizar, só se for mesmo a da empresa deles, já que numa conferência de imprensa por essa altura na Gulbênkian, o CEO da Australis Ian Lusted referia que o contrato tinha sido em termos “muito, mas muito favoráveis para a empresa” e “extremamente lucrativos assim que haja um aumento do preço do Petróleo”.

    Ora e como conseguir essa mão de obra barata? Como garantir que as pessoas vão andar aflitas à procura de emprego, numa zona turística de um país em que o Turismo tem tido um boom? Só se se der cabo do turismo na zona. O Fracking por si só, encarregar-se-á de causar muito desemprego no sector das pescas. Mas agora estes incêndios precisamente nas mesmas zonas onde a Australis vai explorar os combustíveis fósseis… Ainda por cima incêndios ocorridos DUAS VEZES no mesmo ano e no mesmo sítio!?..

    Curiosamente ainda (e fica aqui a informação, façam dela o que entenderem), o governo PAF fez esta negociata maldita pouquíssimo tempo antes das eleições (tal como fez com a Generg de Carlos Pimenta), porque sabia bem o que estava a fazer e que se isto viesse a público os poderia prejudicar nos votos. Foi portanto no final de 2015. Ora curiosamente mais ainda, é em 8 de Novembro de 2017, menos de um mês após o segundo incêndio de Pedrogão Grande, que a Australis aparece novamente e agora (adivinhem), a procurar investidores para financiar a exploração de combustíveis fósseis, nas zonas costeiras ardidas entre Leiria e Figueira da Foz. Estando por “coincidência” os meios de comunicação social todos focados na questão da recuperação das populações afectadas pelos fogos, ninguém escreve uma linha seja sobre os malefícios ambientais destas prospecções na zona – que conveniente! Ou seja, tudo ataca este executivo por causa dos fogos e ninguém repara nem nos malefícios de uma negociata da PAF, nem nem relação causa-efeito entre uma coisa e outra.

    A apresentação dos projectos da Australis em Novembro enfatizam o “desenvolvimento da região” mas apresentam compromissos mínimos ao nível da criação de emprego! Portanto… quando andarem à procura de bodes espiatórios para culpar sobre os incêndios… Não se esforcem tanto em dar tantas voltas para relacionar a ministra e o governo geringonça, com a culpa de tudo. Tirem as palas da partidarite e olhem um bocadinho à volta… Porque enquanto a malta se distrai com clubismos partidários, alguém anda a prosseguir com uma agenda que pode ter mais a ver com as causas dos fogos, do que todos os ministros e funcionários do MAI juntos.

  6. pois é!!!!!!…. nao acredito que tivesse sido por ser mulher que lhe aconteceu o que aconteceu… mas simplesmente porque era ministro responsavel por determinado conjunto de organismos que nao funcionaram bem e porque alguma “cabeça tinha que rolar”.
    alem disso, voce ja nao tem 20 anos, nem olhos azuis, nem veste cabedal… nem investe no mercado nacional do charme, nem tem profissionais da imagem cuidado da sua figura publica. aprenda com as mais novas…..nao baixe a cabeça aos costas deste mundo e vera que tera mais sorte!!!!!

  7. Ela diz que a abraçam só se for os vizinhos ainda podem precisar dela para uns favores, mas os mesmos vizinhos se lhes tivesse morrido um familiar, na vez de a abraçar apertavam-lhe o pescoço, muda tudo coitada armar-se em vitima não tinha é caparro para a função que desempenhava, pensava que era só receber ao final do mês, quando aparecem os problemas a que se vê quem têm liderança, e o que eu vi foi uma pessoa burra a chorar com ar de quem sentio as dores de quem perdeu os seus, eu não quero lideres que chorem ,mas sim fortes e firmes a resolver situações, não têm nada a vêr com ser mulher, se aceitou o cargo têm que estar á altura, um dia destes também vai dizer que foi alvo de assédio sexual para obter o cargo, o que assediou só pode ser o Costinha, cenas do próximo capitulo.

  8. MMQ escreveu muito bem. A sua opinião daria um excelente artigo de opinião e seria pelo menos para já uma bela introdução de um livro dedicado a esta temática . Bem escrito , perspicaz é super atual !

    • Grato pelo seu comentário. Vontade de partilhar esta minha visão sobre o assunto não me falta. Talvez um dia faça um Blog sobre o assunto e também não me importava de como diz, escrever um artigo de opinião, um prefácio ou mesmo um pequeno livro sobre o tema. Haveria mais a dizer e quiça de forma mais bem estruturada. Tenho procurado reflectir muito sobre este tema ao longo dos anos… E não tenho qualquer preconceito de género contra sexos ou opções sexuais. Gosto de equilíbrio e de justiça e sou contra os exageros e os aproveitamentos ilegítimos de questões legítimas.

  9. Caro MMQ
    Com um primeiro passo se sobe uma montanha
    O tema é bom e atual é pertinente
    Da uma boa tese
    O mercado do livro procura este tema …
    Desenvolva o assunto com fatos e delicadeza.. veja este título “ Afinal de contas o que é que ELAS querem?”
    Vai ver que até elas compram

    M cumprimentos

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