A Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) afirmou na quinta-feira, através de um comunicado, que o CDS “não pode estar conivente” com as declarações do seu dirigente Abel Matos Santos sobre Aristides Sousa Mendes.
Segundo noticiou o Expresso, o comunicado – assinado pelo presidente da CIL, José Oulman Carp – surge no seguimento das posições defendidas pelo membro da comissão executiva centrista e ex-candidato à liderança do partido, que classificou como “agiota de judeus” o cônsul português em Bordéus, que salvou 30 mil vidas do Holocausto nazi.
A CIL considera que o teor das declarações é “ofensivo à memória de um dos maiores diplomatas de Portugal, o cônsul Aristides de Sousa Mendes, Justo entre as Nações”.
Matos Santos cometeu uma “ofensa a todos os judeus e não judeus que foram salvos da barbárie nazi durante a II Guerra Mundial”, referiu a CIL, exprimindo “o maior repúdio por declarações de caráter antissemita e racista, ainda existentes na sociedade portuguesa” e associando-se “a todos os que no país também condenaram tais atos, de entre a sociedade civil em geral e dos que ocupam cargos públicos”.
“Num momento em que o mundo comemora o 75.º Aniversário do fim do Holocausto, corporizado na libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, símbolo máximo do antissemitismo primário e estruturado, ler declarações semelhantes faz relembrar que há quem não conheça a história ou pretenda associar-se ao antissemitismo”, escreveu ainda a CIL.
Matos Santos publicou, entre 2012 e 2015, elogios a Salazar e à PIDE e criticou ao cônsul: “Porque será que defendem Sousa Mendes, que foi um agiota dos judeus?”.
Quando o Expresso divulgou as publicações com as referências acima indicadas, estas encontravam-se ativas. Ao jornal, Matos Santos disse que as mesmas tiveram “o seu momento e o seu contexto” e que o novo presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, está “totalmente alheio” a essas posições.
Por sua vez, o vice-presidente do CDS, Filipe Lobo d’Ávila, disse ao Expresso que “desconhece” as posições de Matos Santos, cujo pensamento é “conhecido” do partido. “Esta direção é plural e inclui várias opiniões diferentes, mas a moção vencedora é clara. O que faz sentido para esta direção é falar do futuro”, frisou.
O Senhor Abel Santos pode estar equivocado, mas como se costuma dizer “Quem está mal …”