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Chegada de portugueses e espanhóis às Américas fez descer a temperatura da Terra

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Prang Educational Co., 1893. 40802Y U.S. Copyright Office

Ilustração da chegada de Cristóvão Colombo à América em 1492.

A colonização do continente americano, que foi levada a cabo por portugueses e espanhóis a partir do fim do Século XV, provocou tantas mortes entre os povos indígenas que teve efeitos significativos no clima da Terra, levando a um drástico arrefecimento do planeta.

Esta é a conclusão de um estudo da University College London (UCL), no Reino Unido, que avaliou todos os dados populacionais que conseguiu reunir sobre quantas pessoas viviam nas Américas antes da chegada de Cristóvão Colombo ao então chamado Novo Mundo, em 1492, calculando a forma como esses números mudaram nas décadas seguintes.

No estudo publicado na revista científica Quaternary Science Reviews, os cientistas falam do “despovoamento de larga escala”, motivado por conflitos e pelas doenças levadas pelos europeus (varíola e sarampo, entre outras), concluindo que reduziu a população em 90%.

As conclusões apontam que a população de cerca de 60 milhões de pessoas que viviam nas Américas no fim do século XV (cerca de 10% da população total do mundo) diminuiu para apenas 5 ou 6 milhões em cem anos, como refere a BBC citando o estudo.

“O massacre dos povos indígenas das Américas resultou num impacto global no sistema da Terra, impulsionado pelo ser humano, nos dois Séculos anteriores à Revolução Industrial”, notam os investigadores.

O elevado número de mortes levou ao abandono de imensas áreas de terras agrícolas que acabaram por transformar-se em florestas de densa vegetação. Este processo retirou dióxido de carbono (CO₂) suficiente da atmosfera para provocar o arrefecimento do planeta.

Este período de arrefecimento é conhecido por Pequena Era do Gelo nos livros de história, e foi uma época em que as tempestades de neve eram comuns em Portugal, e o Rio Tamisa, em Londres, congelava durante o Inverno, com vários países europeus a viverem períodos de fome.

Lições para o futuro

Os investigadores calcularam a quantidade de terra cultivada pelos povos indígenas que terá deixado de ser utilizada, durante a colonização europeia, definindo o impacto da substituição dessas terras por florestas e savanas. A área em causa seria de cerca de 56 milhões de hectares, quase o tamanho do território da França actual.

Acredita-se que esta escala de renovação do solo absorveu CO₂ suficiente do ar para a concentração do gás na atmosfera apresentar uma queda de 7-10ppm – ou seja, de 7-10 moléculas de CO₂ para cada um milhão de moléculas no ar.

Como ponto de comparação, na actualidade, “basicamente queimamos (combustíveis fósseis) e produzimos cerca de 3 ppm por ano”, explica o co-autor do estudo, Mark Maslin, em declarações divulgadas pela BBC, constatando que estamos a falar de “uma grande quantidade de carbono” a ser “sugada da atmosfera”.

“Há um arrefecimento acentuado por volta dessa época (1500/1600) que é a chamada Pequena Era do Gelo”, frisa Maslin, notando que alguns “processos naturais” podem ter contribuído para isso, mas evidenciando que a “queda no CO₂ gerada pelo genocídio” foi determinante para o “arrefecimento total”.

A queda no CO₂ após o despovoamento no continente americano é evidente em amostras recolhidas de núcleos de gelo da Antárctida. As bolhas de ar presas nessas amostras congeladas revelam uma queda na concentração de dióxido de carbono nesse período.

A composição atómica do gás também sugere fortemente que o declínio foi impulsionado por processos no solo nalgum local do planeta.

Além disso, os cientistas da UCL argumentam que a tese coincide com os registos de reservas de carvão e pólen nas Américas, que mostram o tipo de efeito esperado do declínio no uso do fogo no manejo da terra e um grande crescimento da vegetação natural.

Esta nova pesquisa mostra que “as actividades humanas afectaram o clima muito antes do início da revolução industrial”, como destaca na BBC o professor Ed Hawkins da Universidade de Reading, no Reino Unido, que não participou do estudo.

O estudo também tem um peso nas discussões sobre a criação de um novo rótulo para descrever o que alguns chamam de “era da humanidade” – e os seus impactos – na Terra.

Conhecido como Antropoceno, este período é caracterizado pelo mpacto da acção humana na Terra, e há um intenso debate sobre se pode ou não ser considerado uma nova era geológica. Alguns cientistas dizem que será mais evidente a partir da grande aceleração da actividade industrial a partir dos anos 1950.

Mas, segundo os pesquisadores da UCL, o genocídio nas Américas revela que há interacções humanas significativas que deixaram uma marca profunda e permanente no planeta desde muito antes da metade do século XX.

ZAP // BBC

13 Comments

  1. E os Ingleses tambem nos seculos seguintes quando formaram o império, foram às Americas e encontraram os Indios e foram só cervejas e praia com a casa amarela e cerca branca
    A internet de certa forma é um veículo de propaganda em que domina a lingua Inglesa

    • Perfeitamente de acordo.
      Esta terminologia sectária de ‘massacre’, ‘genocídio’ relacionada com a ‘conquista’ das américas pelos povos ibéricos é usada para esconder a verdadeira vergonha que foi o que aconteceu nos territórios que são hoje ocupados pelos anglo-saxónicos nas américas.
      Os espanhóis (sobretudo) encontraram pela frente impérios numerosos com grande sofisticação social, económica e militar (tinham ‘ordens militares’).
      Apesar das muitas atrocidades que foram cometidas por ambas as partes pode hoje constatar-se qual é o tecido genético e cultural da grande maioria dos países da América Latina.
      Continua a ser maioritariamente indígena ou mestiço, sendo os europeus apenas cerca de 25 a 30% do mosaico.
      No entanto, na América do Norte (EU e Canadá), os anglo-saxónicos, que a colonizaram quase 2 séculos mais tarde, encontraram povos dispersos com um desenvolvimento tecnológico comparável à pré-história. E desses fizeram ‘picadinho’. Não só disseminaram as mesmas doenças, deliberadamente, pois sabiam dos efeitos acidentais que tinham tido no Sul, mas ainda completaram o serviço efectuando sistemáticos genocídios por força das armas que levaram as populações à quasi-extinção. (e á extinção efectiva me muitos casos).
      Hoje em dia as populações autóctones da América do Norte são apenas residuais (menos de 2%) e confinadas, por restrições várias, a ‘reservas’ que podem ser comparáveis a jardins zoológicos de manutenção deficiente.
      O mesmo se passou na Austrália e Nova Zelândia.
      Os senhores que estão sempre a ‘sublinhar’ as atrocidades dos ‘Conquistadores’ (espanhóis), são os mesmos que já nem telhados de vidro têm, tal é a vergonha da sua verdadeira história.
      Só não se sabe mais porque a história é sempre escrita pelos que prevalecem e todos sabemos qual é a realidade dos últimos 2 séculos.

      • Completamente de acordo, é lamentável este tipo de noticias faciosas.
        Foram estes mesmos ingleses, que vestem a pele de cordeirinho que massacraram povos inteiros e até faziam acordos com os piratas da época ( atualmente seriam terroristas), dando coberturas a gente sem lei, e protegendo com a sua lei hipocrita , desde que não fossem atacados nos seus interesses.

      • Uma correção: não eram piratas, eram corsários. A Inglaterra financiava-os. E Portugal que o diga.
        Quanto ao resto… basta ver quantos índios ainda existem e em que condições nos US OF A.

      • Corsários não passavam de piratas protegidos pela coroa. Assim, estamos na presença de um Estado bandido.

      • Os ingleses, através da literatura de romance e do cinema, difundiram uma imagem romântica dos seus piratas no intuito de esconder a sua única característica, a de ladrões e assassinos sanguinários.

      • E não se fala dos descendentes dos escravos africanos que proliferam em grande percentagem em países ibero-americanas?

  2. Com esta lógica tivemos uma outra pequena época do gelo em 1300 com 75 milhões de mortos com a peste negra… O que não é verdade.
    E outra com a União soviética e China, cambodja etc. (100 milhões de mortes)
    E outra com a segunda guerra mundial.
    Mas nada aconteceu nestes períodos.

  3. Como estamos numa época em que o clima está a subir de temperatura com risco de desaparecimento da própria humanidade, nada como portugueses e espanhóis darem uma nova volta pelo mundo a ver se as temperaturas baixam.

  4. Os Britanicos meteram-se no brexit e agora só lhes resta a maquina de propaganda pois sabem para onde os investidores irão fugir. Os Belgas no seculo 20 para alimentarem a crescente procura de borracha para os blindados na 2ª guerra mundial mataram milhões de Congoleses e cortavam-lhes as mãos, faziam feiras de curiosidades onde dispunham os ” indigenas”, enquanto que em Lisboa no seculo 16 já os Portugueses tinham multiculturalidade: mulatos Japoneses, africanos, Britanicos, etc

  5. Tem piada q os registos cientificos mostram que a partir do ano 1500 a temperatura subiu bastante consistentemente. Mas vamos ignorar ciência e continuar com narrativas de CO2

  6. 1. a “Quaternary review” mostra o artigo como “revised”, mas não indica o(os) revisores
    2. os dados de Co2 usados são pontos únicos para séculos inteiros, 1 dado para os 1400, 1 dado para os 1500. anexo A, pag 13-15
    3. a população é calculada por simulação, e os valores médios escolhidos, anexo A, pags 3-11, sem desvio padrão
    4. o método de cáculo é o diferencial entre 2 pontos, não uma curva de aproximação.

    portanto: havia 60 milhões. que podiam ser 40 ou 80. e morreram todos. de repente. e as terras que cultivavam, de repente cresceram uma floresta mágica do tamanho da frança e sugou CO2 ao planeta, de repente. e no resto do mundo, que é 99.9959% em relação ao tamanho da floresta, a população não cresceu, não cortou florestas, não causou impacto ambiental considerável. ficaram todos congelados durante 1 século a ver a floresta mágica crescer.

    um bom exemplo de alguém que queira encontrar uma prova. e encontrou-a. no mundo mágico das estatísticas para inglês ver.

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