CODU ignorou chamadas para salvar homem de 92 anos; mas IGAS não estabelece relação com morte

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André Kosters / Lusa

Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM

O CODU não atendeu nem devolveu chamadas de urgência para salvar homem de 92 anos. No entanto, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) não estabelece nexo de causalidade com morte de utente. “O desfecho seria provavelmente semelhante”.

A IGAS anunciou, esta segunda-feira, ter identificado falhas no atendimento de chamadas pelos CODU, no caso de um homem de 92 anos que acabou por morrer em Matosinhos, durante a greve dos técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), no dia 4 de novembro de 2024.

“Concluiu-se que o CODU não atendeu as chamadas de pedido de auxílio e não efetuou “callback” [devolução de chamada perdida], o que atrasou o auxílio à vítima”, lê-se num comunicado da IGAS sobre as conclusões do inquérito à morte do idoso.

Apesar deste reconhecimento, não foi estabelecida relação de causalidade entre esta falha do CODU e a morte de um idoso em Matosinhos durante a greve do INEM.

“Não é possível o estabelecimento de nexo de causalidade entre esse atraso e o desfecho fatal, tendo a peritagem médica referido que numa paragem cardíaca, em doentes com idade superior a noventa anos, a taxa de sobrevida é reduzida e o desfecho seria provavelmente semelhante mesmo em condições otimizadas”, concluiu a IGAS.

O relatório do inquérito ao eventual atraso no atendimento pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) foi aprovado a 11 de agosto e remetido ao Conselho Diretivo do INEM, à Unidade Local de Saúde de Matosinhos, ao Ministério Público da comarca do Porto, e ao gabinete da ministra da Saúde, para conhecimento.

A 4 de novembro de 2024 coincidiram duas greves que agravaram os atrasos no atendimento por parte do INEM: a greve às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) e a paralisação da Função Pública.

Um relatório anterior da IGAS revelou que, neste dia, mais de metade das chamadas para o INEM foi abandonada, com apenas 2.510 das 7.326 chamadas atendidas.

Além do relatório relativo aos impactos das greves na capacidade de resposta dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), a IGAS autonomizou os relatórios relativos a 12 mortes. Este é o 11.º caso já concluído e em dois deles os óbitos foram associados ao atraso no socorro.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Como o homem teria morrido de qualquer maneira, tivesse a chamada sido atendida ou não, estamos bem. Podem fazer mais greves para ver se morrem mais uns quantos. Como regra geral são velhos, o estado sempre vai poupar o dinheiro de algumas reformas que deixa de pagar e reduzir a pressão nas urgências dos hospitais. Matam-se dois coelhos com uma simples chamada não atendida.
    Um dos pontos do juramento de Hipócrates diz: “Não maleficência: Abstenção de causar dano ao paciente”. Ao que parece no INEM ninguém leu isso, principalmente quando lhes dá a vontade de fazer mais uma greve.
    Viva a democracia, viva Portugal.

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