Domingo foi dia de voto antecipado para 246.880 eleitores, um número recorde desde que esta modalidade foi introduzida no país. As longas filas e alguns ajuntamentos, numa altura em que o país vive um novo confinamento geral, foram o cenário em várias cidades.
Em declarações à agência Lusa, João Tiago Machado, da Comissão Nacional de Eleições (CNE), afirmou que não se registaram incidentes com o voto antecipado em mobilidade, mas admitiu alguns problemas, questionado sobre as longas filas e alguma confusão entre os eleitores ao longo do dia.
“São dores de crescimento. Este é um processo em constante evolução. Foi a primeira vez que isto acontece em plena pandemia e vai ser aperfeiçoado no futuro“, afirmou o responsável da CNE.
Independentemente do que se passou e da boa afluência, João Tiago Machado sublinhou que os eleitores que, por algum motivo, não votaram hoje poderão fazê-lo no próximo domingo, sem necessitarem de fazer qualquer pedido.
Os portugueses começaram a votar este domingo, uma semana antes das Presidenciais de 24 de Janeiro, no chamado voto antecipado em mobilidade, para o qual se inscreveram 246.880 eleitores, um número recorde.
Ao longo do dia de votação, em especial nas grandes cidades, como Lisboa, Porto e Coimbra, formaram-se longas filas de eleitores para votar. As cerca de 600 urnas abriram às 08h00 e encerraram às 19h00.
João Tiago Machado confirmou ainda que foram recebidas queixas de cidadãos que não podem votar, queixando-se de informações incompletas sobre os prazos para a inscrição no voto antecipado em confinamento, mas sem adiantar números.
Isto porque a página inicial do site dedicado ao voto antecipado, e também na da CNE, informa que os cidadãos em confinamento obrigatório podem pedir o voto antecipado (depois recolhido em casa) entre 14 e 17 de Janeiro, ou seja, até este domingo, mas essa é uma “informação que se revela falsa“, queixou-se um eleitor.
A lei que regula esta votação antecipada estipula que só podem pedir o voto antecipado quem foi confinado pelas autoridades de saúde até quinta-feira, 14 de Janeiro. Ou seja, quem foi confinado depois desse dia, seja por estar doente seja por estar em isolamento profilático, já não poderá pedir para votar antecipadamente.
Noutros casos, tratou-se de preenchimento errado do pedido de voto antecipado em mobilidade em vez do voto antecipado para eleitores em confinamento obrigatório.
João Tiago Machado, que confirmou que estas reclamações vão ser analisadas pela comissão na reunião da próxima terça-feira, afirmou ainda que a CNE recebeu queixas de outros casos de cidadãos cujo confinamento pode não estar atualizado nas bases de dados da saúde.
Mais de dez mil pessoas em confinamento devido à pandemia inscreveram-se para o voto antecipado nas eleições Presidenciais, informou o Ministério da Administração Interna (MAI).
MAI diz que voto antecipado correu bem
“Aquilo que eu verifiquei aqui foi o respeito por todas as regras. Todos os eleitores estavam com máscara. Foi respeitado o distanciamento”, disse Eduardo Cabrita pouco depois de ter exercido o seu direito de voto antecipado na Biblioteca Municipal do Barreiro.
“Eu vejo entusiasmo naqueles quase 250 mil portugueses que se registaram para o voto antecipado, que manifestam uma alegria do voto semelhante à alegria do voto nas primeiras eleições democráticas. Significa que, em tempos muito difíceis, em tempos em que estamos todos concentrados no combate à pandemia, temos de afirmar também os valores da democracia“, acrescentou o governante.
Em declarações aos jornalistas, o ministro afirmou ainda que faz um balanço positivo da forma como decorreu esta votação antecipada.
“Passamos de 50 mil votantes em 2019, que já de si era um recorde absoluto de votação antecipada, para – não temos números finais – quase 250 mil inscritos. Há cidadãos que, se não fosse este sistema de voto, nunca votariam nestas eleições, porque cerca de metade dos que se inscreveram para voto antecipado estão a fazê-lo fora do seu local de recenseamento”, disse.
“Os estudantes que estão a votar no local onde estudam e não no seu local de recenseamento, quem por razões profissionais está deslocado do seu local de recenseamento, ou quaisquer outras razões de ordem pessoal, não tenho dúvida nenhuma de que há cerca de 200 mil portugueses que, provavelmente, se não votassem hoje não teriam votado”, sublinhou.
ZAP // Lusa