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China vai vacinar 50 milhões de pessoas até 12 de fevereiro. Guterres e Cruz Vermelha apelam a ajuda internacional

A China vai vacinar 50 milhões de pessoas, de grupos profissionais específicos, até 12 de fevereiro do próximo ano, para prevenir novos surtos durante as celebrações do Ano Novo Lunar, a maior migração interna do planeta. Guterres e Cruz Vermelha apelam a esforços internacionais na área da vacinação.

Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, profissionais de saúde e membros da polícia vão ser os primeiros a beneficiar desta campanha maciça de vacinação.

Cerca de 50 milhões de pessoas é quase cinco vezes a população de Portugal, mas representa apenas 3,5% do total da população da China, o país mais populoso do mundo.

Na quarta-feira, os funcionários dos centros de controlo e prevenção de doenças de toda a China foram convocados para um encontro virtual, destinado a preparar a campanha de distribuição de 100 milhões de doses das vacinas das farmacêuticas chinesas Sinovac e Sinopharm. A vacinação divide-se em duas doses, adiantou o South China Morning Post (SCMP).

A campanha deverá começar em breve, mas a data específica pode variar, dependendo das províncias do país, embora as primeiras 50 milhões de doses devam estar prontas em 15 de janeiro e a segundas em 05 de fevereiro.

A campanha visa reduzir o risco de novos surtos na China, antes do feriado do Ano Novo Lunar, que este ano se comemora entre 11 e 17 de fevereiro.

Trata-se da principal festa das famílias chinesas, equivalente ao Natal nos países ocidentais. Milhões de chineses regressam à terra natal para festejar a passagem do ano lunar.

A data ocorre em meados do inverno, pelo que representa um risco acrescido para a contenção da pandemia, praticamente sob controlo na China, apesar da ocorrência pontual de pequenos surtos.

O Governo chinês decidiu a 23 de janeiro deste ano, dois dias antes do Ano Novo Lunar, colocar a cidade de Wuhan, no centro do país, sob uma quarentena de facto, para evitar a disseminação do novo coronavírus. Os primeiros casos de covid-19 foram detetados em Wuhan no final de 2019.

Na reunião de quarta-feira, os técnicos de saúde chineses receberam instruções sobre armazenamento, transporte e registo, além de como identificar e tratar os sintomas adversos durante a inoculação.

Entre os grupos prioritários para a vacinação estão também bombeiros, agentes alfandegários e de controlo das fronteiras ou trabalhadores do setor da logística e dos transportes.

A vacinação para a população chinesa em geral não deve começar antes do Ano Novo Lunar, de acordo com o SCMP.

Guterres apela a países ricos para apoiarem os pobres com vacinas

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos países ricos para apoiarem os pobres na aquisição de vacinas para combater a pandemia de covid-19.

Guterres, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), indicou que o programa Covax, apoiado pela ONU, necessita de 5.000 milhões de dólares (cerca de 4.100 milhões de euros) até ao final de janeiro de 2021. O programa, criado para garantir a todos os países o acesso às vacinas para a Covid-19, necessita de pelo menos de 20.000 milhões de dólares (16.430 milhões de euros), lembrou o secretário-geral da ONU.

“Ao mesmo tempo, vejo países que compraram vacinas num volume várias vezes superior às respetivas populações, ou pelo menos fizeram ofertas nesse sentido”, frisou Guterres, exortando os governos a doarem as doses em excesso à Covax.

O antigo primeiro-ministro português observou ser “do melhor interesse do mundo” garantir uma “ampla imunização”.

O programa mundial de vacinação, batizado como Covax e coliderado pela Gavi (Aliança de Vacinação), é uma iniciativa global de distribuição justa de futuras vacinas contra a covid-19 lançada pela Organização Mundial de saúde (OMS), mas enfrenta um elevado risco de fracasso, podendo potencialmente deixar os países mais pobres e milhões de pessoas sem acesso às vacinas até 2024.

Cruz Vermelha pede inclusão dos migrantes nas campanhas de vacinação

A Cruz Vermelha Internacional pediu que os migrantes sejam incluídos nas campanhas nacionais de vacinação para a covid-19, advertindo que estes não podem ser remetidos para segundo plano na estratégia de combate contra o novo coronavírus.

“É essencial que abordemos as múltiplas barreiras à cobertura internacional da saúde e que os migrantes sejam plenamente incluídos nas campanhas nacionais de vacinação“, defendeu o presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), Francesco Rocca, num comunicado.

“A pandemia está a ter um impacto catastrófico nas pessoas em movimento, que demasiadas vezes são esquecidas quando se trata de aceder a serviços de saúde essenciais”, prosseguiu Francesco Rocca na mesma declaração.

De acordo com a IFRC, os migrantes correm um risco muito elevado de serem excluídos das campanhas nacionais de vacinação, realçando que uma distribuição desigual de vacinas não só irá deixar para trás os mais marginalizados, como também constitui um risco sanitário global caso o vírus não seja controlado em comunidades vulneráveis.

Além disso, segundo sublinhou a IFRC, os refugiados constam entre aqueles que mais sofreram com as consequências económicas da pandemia da doença covid-19.

Por exemplo, na Turquia o endividamento entre os refugiados duplicou e mais de 80% dos inquiridos num estudo conduzido pela Cruz Vermelha naquele país afirmaram que tinham perdido o trabalho devido à pandemia.

Também nas Honduras e na Guatemala, de acordo com a organização internacional, a situação dos refugiados é crítica por causa do impacto da covid-19, cenário que se agravou com a época de furacões e o aumento da violência.

A IFRC destacou igualmente a situação na Grécia, outro país com grande fluxo migratório. Depois do incêndio que destruiu o campo de refugiados de Moria (na ilha grega de Lesbos) em setembro, as condições do campo preparado para o substituir, Kara Tepe, estão longe de atender aos padrões internacionais, segundo frisou a organização internacional com sede em Genebra.

A IFRC lembrou ainda que a situação não está igualmente melhor nos campos de refugiados no Sudão, que receberam mais de 50.000 etíopes desde que um conflito começou no seu país no início de novembro passado.

ZAP // Lusa

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