China parece ter controlado segunda vaga de coronavírus em 21 dias, sem registar mortes

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Stringer / EPA

A China parece ter controlado a segunda vaga de covid-19 após um surto que começou num mercado de Pequim, em junho, e que levou a pelo menos 328 novos casos e ao encerramento parcial da cidade.

Segundo noticiou na quinta-feira a Time, no dia anterior, Pequim registou apenas um novo caso confirmado, após uma campanha agressiva de testes no mercado de Xinfadi, no sudoeste do distrito de Fengtai, onde um novo surto foi detetado a 11 de junho. O surto surgiu após 56 dias sem novas infeções, não tendo originado mortes.

“Pequim deu um exemplo claro de que a China evitará uma nova onda de infeções – domésticas ou importadas – através de uma resposta rápida e refinada no controle de epidemias”, disse à emissora estatal CCTV o diretor de doenças infeciosas do Hospital Huashan, de Xangai, Zhang Wenhong.

Na cidade com 22 milhões, mais de sete milhões foram testados após o surto, enquanto escolas, bares e salões de beleza foram fechados, numa tentativa de conter a propagação do vírus. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Pequim, foram descobertos casos em 47 ruas de 11 distritos da cidade e colocadas em confinamento mais de uma dúzia de residências.

Receando que este surto se deva a uma variação mais contagiosa do vírus, as novas regras na região determinam que qualquer pessoa que tenha tido contacto próximo com alguém infetado fique em quarentena por 28 dias.

Dada a infeciosidade do vírus e ao elevado número de casos assintomáticos, é inevitável que surjam mais surtos na China, disse Ben Cowling, especialista em saúde pública da Universidade de Hong Kong. A situação pode durar “semanas ou meses até descobrirmos uma maneira mais sustentável de lidar” com a mesma, “que não envolva testes em massa e bloqueios”, indicou.

As autoridades chinesas sugeriram que a fonte deste surto pode ter sido o salmão importado da Europa, levando hotéis, restaurantes e supermercados a abandonar os estoques existentes e a cancelar as importações, apesar de os cientistas do governo afirmarem “não ser possível” que o vírus sobreviva no salmão, vivo ou congelado.

A Time indicou que as restrições à importação de salmão são um golpe comercial significativo para o Chile, a Noruega, as Ilhas Faroé, a Austrália e o Canadá, de onde a China importa cerca de 80 mil toneladas de salmão por ano.

Essas proibições também podem ser prejudiciais à saúde pública, pois incentivam os países e a indústria a esconder novos surtos. Em 2005, o Regulamento Sanitário Internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) foi atualizado para proibir qualquer restrição de comércio em resposta a ameaças de saúde. Nos últimos dias, fábricas de embalagem de carne nos EUA foram acusadas de encobrir surtos por medo do impacto económico.

“Historicamente, esse tem sido um problema muito grande”, apontou Adam Kamradt-Scott, professor especializado em segurança global da saúde na Universidade de Sydney. “A fonte dos surtos precisa ser minuciosamente investigada e os vínculos científicos estabelecidos antes dos países adotarem medidas restritivas”, frisou.

Enquanto as autoridades chinesas parecem ter controlado o surto do mercado de Xinfadi, através de testes e confinamento, o Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, referiu na quarta-feira que o vírus “simplesmente desapareceria”, num momento em que o país regista um recorde diário de mais de 52 mil novas infeções.

“Acho que o vírus não vai desaparecer”, defendeu Cowling, acrescentando: “Isso não faz sentido. Mas [Trump] finalmente disse que usar máscaras seria útil”.

ZAP //

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