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Chernobyl vai ser um local turístico oficial

O presidente ucraniano assinou na quarta-feira, em visita a Chernobyl, um decreto que permite o desenvolvimento do território afetado pelo desastre de 1986.

“O decreto determina o início da transformação da zona de exclusão de Chernobyl num dos pontos de crescimento da nova Ucrânia. Primeiro de tudo, vamos criar um ‘corredor verde’ para os turistas e eliminar assim as transgressões dos curiosos.”

O documento assinado visa o desenvolvimento e adoção da Estratégia de Desenvolvimento de Chernobyl como atração turística. De acordo com a página oficial da Presidência da Ucrânia, o decreto prevê também novas rotas turísticas, incluindo caminhos de água, que serão criados para o efeito, novos pontos atrativos, podendo assim fechar os existentes atualmente para restauração e melhoria de condições.

A maioria das restrições e proibições, como a captura de vídeo, serão removidas. O sinal dos meios de comunicação também será melhorado.

O decreto surge após a série televisiva da HBO, “Chernobyl”, que fez com que as visitas ao local aumentassem significativamente. Volodymyr Zelenskyy afirmou que quer que Chernobyl deixe de ser “uma mancha negativa no nome da Ucrânia” e que este é o “momento para mudar isso”.

De acordo com a CNN, o presidente ucraniano enfatizou o facto de Chernobyl ser um “local único no planeta onde a natureza sobreviveu a um desastre causado pelo homem, onde existe uma autêntica ‘cidade fantasma’. Temos de mostrar este sítio ao mundo: cientistas, ecologistas, historiadores e também turistas”.

Com o documento, o chefe de Estado espera eliminar também a corrupção existente. Os oficiais de segurança do local recebem muitas vezes subornos de turistas para entrarem no local ou para exportarem ilegalmente sucata deixada ao abandono e recursos naturais da zona.

“Vamos parar com isso brevemente. Vamos finalmente tornar a zona de exclusão de Chernobyl num íman turístico e científico. Vamos torná-la numa terra de liberdade que será um dos símbolos da nova Ucrânia. Sem corrupção. Sem proibições desnecessárias.”

Chernobyl tornou-se um dos exemplos mais populares do fenómeno conhecido como dark tourism – um termo para locais associados à morte e ao sofrimento, como os campos de concentração nazis na Europa ou o Memorial e Museu do 11 de setembro em Nova Iorque.

O acidente ocorreu a 26 de abril de 1986, durante um teste da estação que simulava uma falha de energia, resultando num incêndio que durou nove dias. A quantidade de mortes, ainda hoje, é caso de discussão, não havendo um número oficial. A explosão causou 31 mortes diretas, mas expôs milhões de pessoas a níveis de radiação perigosos. Houve 134 mil pessoas hospitalizadas. A catástrofe é considerada a maior de origem nuclear da história.

A Organização das Nações Unidas (ONU) previu até nove mil mortes relacionadas com cancro em 2005 e a Greenpeace estimou até 200 mil mortes.

Apenas cerca de 150 idosos vivem na zona de exclusão. As autoridades dizem que só será seguro para os humanos morarem lá novamente em 24 mil anos, segundo a AFP, embora os turistas possam visitar o local por curtos períodos de tempo.

ZAP //

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