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Quando chegaram à Europa pela primeira vez, as batatas eram “hereges”

Os espanhóis foram os primeiros europeus a encontrar batatas na América do Sul nos anos 1530. Porém, quando foram trazidas para o Velho Continente, não foram bem recebidas por todos.

Depois de terem sido encontradas pelos conquistadores espanhóis, foram necessários vários anos para que os botânicos criassem variedades de batatas que crescessem bem na Europa. Porém, valeu a pena porque as batatas produziam duas a quatro vezes mais calorias por acre (cerca de 4.000 metros quadrados) do que as colheitas de cereais. Além disso, cresciam muito mais rápido e na maioria dos tipos de solo. Assim, as batatas eram um alimento eficiente e confiável.

Por outro lado, conta o The Economist, nem todos ficaram convencidos com a chegada das batatas a terras europeias. Os clérigos alertaram, na época, que, como a bíblia não mencionava batatas, Deus não queria que as pessoas as comessem. Já os herbalistas acreditavam que a semelhança das batatas com as mãos retorcidas de um leproso sugeria que provocavam lepra.

As atitudes começaram a mudar quando Antoine-Augustin Parmentier, um cientista francês, promoveu a batata numa série de acrobacias publicitárias. Num banquete em 1785, o cientista presenteou o rei e a rainha de França com um ramo de flores de batata. O rei prendeu uma flor na lapela e Maria Antonieta colocou uma grinalda nos cabelos. O episódio fez com que comer batatas se tornasse moda entre a aristocracia.

Hoje já se comem batatas, mas os ocidentais estão a contemplar outra opção de comida exótica: insetos. Nutricionistas e ambientalistas consideram que os gafanhotos e as larvas são alimentos sustentáveis, ricos em proteínas e com uma pegada ambiental mais pequena do que frango, porco ou carne bovina. Aliás, dois mil milhões de pessoas já os comem. Mas muitos outros são céticos e consideram os insetos pouco higiénicos, uma vez que as moscas domésticas e os mosquitos podem espalhar doenças.

Para fazer com que as pessoas mudem de ideias, argumentos ambientais podem influenciar algumas pessoas. Os fãs de insetos observam que os ocidentais comem outros artrópodes, como camarões e lagostas. Além disso, os insetos podem ser transformados em barras energéticas ou adicionados a molhos.

Pelo menos desta vez, este potencial novo alimento aparece na bíblia: o livro do Levítico aprova explicitamente o consumo de gafanhotos.

ZAP //

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