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E depois de Cristas? CDS atira congresso de sucessão para 2020

Rodrigo Antunes/ Lusa

A presidente do CDS/PP, Assunção Cristas

A direção nacional do partido vai propor que o Congresso, que decidirá a liderança do CDS, seja apenas em janeiro, apesar de Assunção Cristas ter manifestado vontade de que fosse ainda este ano.

O CDS-PP reúne o seu conselho nacional na próxima quinta-feira para agendar o congresso que elegerá o sucessor de Assunção Cristas, que se demitiu após as legislativas. Segundo a Rádio Renascença, a direção nacional vai propor que o Congresso que decidirá a liderança seja apenas em janeiro, apesar de Cristas ter inicialmente manifestado vontade de que fosse ainda este ano, em dezembro.

Ao que tudo indica, será no segundo ou terceiro fim de semana de 2020, o que poderá coincidir com a data das diretas no PSD, se Rui Rio optar por manter o calendário ordinário e não convocar diretas antecipadas.

Onze dias após o descalabro das eleições, há dois potenciais candidatos “em reflexão” – João Almeida, deputado e porta-voz do partido, e Filipe Lobo D’Ávila, um crítico da anterior direção, do grupo “Juntos pelo Futuro” do CDS – e um candidato assumido, Abel Matos Santos, da Tendência em Movimento (TEM).

Na noite de quinta-feira, na sede do CDS, em Lisboa, os conselheiros nacionais vão também fazer uma análise dos resultados eleitorais: um grupo parlamentar reduzido de 18 para cinco deputados, com 4,25% dos votos, quando ainda faltam apurar os círculos da Europa e fora da Europa.

Nas primeiras 24 horas, houve uma definição de potenciais candidatos – Almeida, D’Ávila e Matos Santos – e as quase duas semanas que se seguiram serviram para uma série de dirigentes e ex-ministros se colocarem fora da corrida, a começar por dois ex-ministros, Pedro Mota Soares e António Pires de Lima, o eurodeputado e vice-presidente Nuno Melo, o ex-vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ou o deputado Telmo Correia.

Dirigentes do CDS ouvidos pela Lusa admitiram que o quadro de potenciais candidatos poderá não estar ainda completamente definido, admitindo-se “recentramento” de posições até ao congresso extraordinário pedido pela líder demissionária, Assunção Cristas, na noite eleitoral de 6 de outubro.

À partida, dirigentes e militantes terão ainda algum tempo para o debate interno. Dado que a reunião magna dos centristas poderá realizar-se em janeiro do próximo ano (como avança a Renascença), ou em meados de dezembro.

Os estatutos do partido, no seu artigo 53.º, estabelecem que em caso de eleições antecipadas por um período superior a um mês, o que é o caso, elas não podem ser marcadas com “uma antecedência inferior a 45 dias”, ou seja, um mês e meio de antecedência.

Este prazo de um mês e meio, a partir da data do conselho nacional, pode já coincidir com o mês de dezembro, o que leva dirigentes do partido, ouvidos pela Lusa, a admitir que o 28.º congresso se realize em meados de dezembro ou nos primeiros dias de janeiro, para evitar a época de natal e do ano novo.

Logo na noite das legislativas de 6 de outubro, dia em que o CDS se viu reduzido a 4,25% e a bancada passou de 18 a cinco deputados, Cristas assumiu a derrota e anunciou a saída da liderança.

Este foi o pior resultado eleitoral do CDS desde 1991, quando obteve 4,4% e cinco deputados, era Diogo Freitas do Amaral presidente do partido, mais um do que nas eleições de 1987, em que teve quatro deputados e ficou conhecido pelo “partido do táxi”.

Nem uma hora depois, Abel Matos Santos, da Tendência em Movimento (TEM), anunciou que era candidato, e nas 24 horas seguintes foram mais dois dirigentes a dizer que estão “em reflexão”.

Primeiro, Filipe Lobo d´Ávila, do “Juntos pelo Futuro” do CDS, no domingo à noite, no Facebook, afirmou-se em “estado de choque” com o resultado e no dia seguinte, na segunda-feira, assumiu estar em reflexão e não exclui qualquer cenário, incluindo uma candidatura à liderança.

“Todos somos poucos para mudar a situação. É evidente que não excluo nenhum cenário. Estou num momento de ponderação, de reflexão. Este é um resultado forte e chocante para quem gosta do CDS e temos que, com calma, sem pressas, tentar encontrar uma solução que permita uma união no CDS”, afirmou à Lusa.

Depois, também no Facebook, mas horas mais tarde, na madrugada de segunda-feira, João Almeida, deputado, ex-líder da JP e porta-voz do partido durante a liderança de Cristas, admitiu que o CDS teve uma “derrota estrondosa” e, horas depois, admitiu também o cenário de concorrer à liderança no congresso.

João Almeida afirmou que o resultado das eleições “obriga a repensar a estratégia” e fazer uma “reflexão profunda sobre o futuro” do partido, admitindo ainda que “não estava” e “nem está” nos seus planos concorrer à liderança.

Sem dizer se é candidato a candidato, Francisco Rodrigues dos Santos, presidente da JP, também usou o Facebook para reconhecer que o partido sofreu uma “pesada derrota” nas legislativas de domingo e apontou como solução de futuro a “grande casa das direitas”.

Um dos debates prévios sobre o futuro presidente do partido é saber se deve, ou não, ser deputado, dado que o hemiciclo dá um “palco” ao líder, por exemplo, para os duelos parlamentares com o primeiro-ministro, nos debates quinzenais, na Assembleia da República.

Olhando a história, o CDS já teve as várias modalidades: Manuel Monteiro, Paulo Portas e Ribeiro e Castro, por exemplo, foram líderes sem estar no hemiciclo de São Bento.

ZAP // Lusa

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