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Cavaco revela “conversas secretas” com Sócrates e Passos em livro

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O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva

O ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, com o ex-presidente da República, Aníbal Cavaco Silva

Cavaco Silva lança, na próxima semana, um livro de memórias sobre a sua passagem pela Presidência da República, onde revela dados sobre as conversas sigilosas que manteve com José Sócrates e Passos Coelho, quando os dois foram primeiros-ministros.

Intitulado “Quinta-feira e outros dias”, o livro de Cavaco tem por tópicos principais as reuniões que manteve, por tradição, precisamente às quintas-feiras, com o primeiro-ministro em funções.

A obra só será lançada na próxima semana, mas o jornal Expresso pré-publica, na edição deste sábado, extractos do livro.

Recusou receber Passos, após “abuso no atraso”

Segundo o que o Expresso adianta, Cavaco refere que Sócrates chegava sempre atrasado, mas sempre muito preparado para as reuniões, enquanto Passos era quase sempre pontual, mas surgia “sem uma preparação específica” para os assuntos abordados.

Cavaco ainda revela que, numa certa vez, “Passos abusou do atraso sem ter avisado previamente a Presidência da República” e que pediu “que o informassem de que já não o receberia”.

“O que aqui se relata corresponde fielmente àquilo que nessas reuniões se passou”, aponta no capítulo 1 da segunda parte da obra o ex-Presidente, conforme transcreve o Expresso.

“Desconfiado” com as “boas notícias” de Sócrates

Das reuniões com Sócrates, Cavaco diz que “o diálogo era vivo e intenso e facilmente se prolongava por mais de uma hora”. Uma situação que contrasta com os encontros com Mário Soares, quando este era presidente e Cavaco primeiro-ministro, e que “eram geralmente breves e sonolentos“, escreve o ex-chefe de Estado.

Cavaco também nota que Sócrates começava, muitas vezes, as abordagens a dizer que tinha “boas notícias para dar”.

“Demorou pouco tempo até eu perceber que se tratava de uma táctica de abertura de diálogo”, aponta o ex-Presidente, frisando que, “frequentemente, as palavras não se conformavam à realidade dos factos” e que passou “a olhar desconfiado para as ‘boas notícias’ do primeiro-ministro”.

Miguel A. Lopes / Lusa

O ex-presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o ex-primeiro-ministro, José Sócrates

O ex-presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o ex-primeiro-ministro, José Sócrates

Sobre os encontros com Passos Coelho, Cavaco diz que o líder do PSD surgia “geralmente sem uma preparação específica para as reuniões” e que o deixava lançar os temas, apresentando “tendência para se alargar nas respostas”. E “quando não tinha conhecimento completo do assunto dizia-o abertamente”, escreve.

“Prestação de contas aos portugueses”

Cavaco justifica a obra como uma forma de divulgar factos desconhecidos dos cidadãos” e de “completar a prestação de contas aos portugueses”.

Em jeito de balanço dos seus mandatos na Presidência, Cavaco confessa-se “pessoalmente realizado” e aproveita para deixar uma farpa ao estilo de Marcelo Rebelo de Sousa, nomeadamente quanto à abertura à comunicação social.

“A política-espectáculo, tão cara a muitos políticos por proporcionar notícias e fotografias, não traz qualquer benefício”, escreve Cavaco.

O livro, de 600 páginas, tem lançamento marcado para as 18:30 horas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

ZAP //

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29 Comments

    • é a imprensa que temos… tudo feito à pressa e sem rigor… mas tanto faz… o livro e o autor não valem nada… foi tempo perdido… o livro só vem confirmar a mesquinhez que ele próprio define e não didtingue

  1. “Em jeito de balanço dos seus mandatos na Presidência, Cavaco confessa-se “pessoalmente realizado”. Pois. Ele sente-se realizado. Será que algum português se sentiu realizado com o seu trabalho? Eu não me sinto realizado. Desde o Ramalho Eanes (o Presidente que ainda me lembro quando estava em funções) nunca vi tão mau Presidente. Este “senhor” deveria estar nos manuais da política: Tudo aquilo que um Presidente não deve ser.

    “A política-espectáculo, tão cara a muitos políticos por proporcionar notícias e fotografias, não traz qualquer benefício”, escreve Cavaco”. Claro! Os portugueses? O que é que isso interessa? Servem para votar em mim e mais nada! Por isso é que as conversas com o Mário Soares eram “breves e sonolentos”. Um anti-social… De que se estaria à espera? “não traz qualquer benefício”. Que tal conhecer o povo que votou nele? Isso não interessa? Como Primeiro Ministro, foi um dos maiores responsáveis pela crise actual que vivemos e como Presidente, provavelmente o pior (provavelmente porque não conheço todos). Isto do livro? É como diz a (ou o) Cabra Cega: “precisa de aumentar os seus rendimentos porque a reforma não é suficiente para sustentar a família”. Desculpa o “roubo”, Cabra Cega.

  2. ainda existem muitos portugueses que acham cavaco o mau da fita e socrates um santo!por isso estamos assim, na miseria!pobre povo que apenas acredita em papagaios e faroleiros de tudo prometem!mas os latinos gostam disso, mas alguem vai pagar!

    • Coitado!… é triste ver que, depois de tudo que conhecemos, ainda há alguém acha que o Cavaco (e seus amigos!) foram bons para o país!
      Assim, não admira que estejas na miséria…

      • misogenia mental, meu caro!veja o grafico da divida nos anos de socrates!arruinou a economia e bancarrota!e ainda por cima roubou cerca de 20milhoes!agora vou citar urbano tavares rodrigues, escritor e militante do pcp:como foi possivel este homem chegar a primeiro ministro!sobre a miseria,parece que nos conhecemos!deixe-se disso que lhe fica mal!leia muito e confronte, dessa maneira fica imparcial!

        • A noticia é sobre o Cavaco e foi sobre ele que eu fiz o meu comentário!
          O facto de o Sr falar no Sócrates, mostra que quer desviar as atenções do Cavaco; como se um bandido possa ser desculpado, porque há outros bandidos iguais ou piores!…
          Em relação à “miséria”, não, não nos conhecemos, mas foi o Sr. que disse que estava na miséria!…
          Há muitos tipos de miséria: financeira, espiritual, etc – não sei qual será o seu caso…

  3. Este senhor para min foi um vivo morto durante todo o seu mandato de présidente mentiroso arrogante prétencioso nos seus atos e declaracoes ainda temos em lembranca quando veio a televisao anunciar que o BES era um banco de confianca 8 dias depois foi à falencia e milhares de pessoas foram enganadas fazendo confianca nesta pessoa agora vem dar lecoes aos outros com as suas declaracoes para completar as despesas de fim de mez à reforma que levou nao chega para o estadio de reformado que deixou o pais na bancaire rota agora bem dar lecoes de moral esse tipo devia de ser julgado por ter mentido
    Aos portugueses.

  4. O Cavaco foi também acusado de apoiar o seu partido quando presidente. Mas nada do que ele fez se compara com o agora feijão frade a apoiar a geringonça. Às vezes nem sei se é o costa se ó o outro que estão a falar. A conversa é toda a mesma.

  5. Snr. João Alberto Valente, acho que a sua exuberancia em se querer distinguir pelas palavras, só o levam ao ridiculo, quando utiliza um termo ” MISOGENIA” completamente fora de contexto. Santa ignorancia, no fundo aquilo que era o Cavaco em termos politicos.

  6. A parte que gosto mais, do que Cavaco diz, é: “…completar a prestação de contas aos portugueses”. Que grande lata e falta de vergonha!
    Este individuo, se houvesse justiça a sério, tinha que prestar muitas continhas ao país. Não disponho desses dados com exatidão mas, este gajo deve ser o político que mais anos esteve nos mais altos cargos da Nação ( foi primeiro ministro e presidente), desempenhou as funções com uma “autonomia” que nenhum outro teve ( 10 anos como primeiro ministro, 8 dos quais com maioria absoluta e depois, mais 10 anos como o representante máximo da Nação, ou seja, presidente da republica). Tudo somado, são 20 anos de responsabilidades politicas e os mesmos de oportunidades perdidas. Desaproveitou os anos “dourados” dos fundos comunitários, invertendo o principio para os quais eles eram destinados. Comprometeu, desta forma, o desenvolvimento estrutural deste país, e ao fazê-lo, comprometeu a rapidez de resposta e a capacidade de amortecer impactos duma crise, nos governos que se seguiram, independentemente do partido no governo. O embrião das negociatas mais lesivas de todos nós nasceu precisamente de gentinha muito próxima dele (mas ele, como é “santinho” não sabia de nada) os célebres criadores desse esterco chamado BPN (constituído quase na integra por ministros, ex ministros, secretários de estado, etc, de governos deste artista). Já para não falar nessa pérola, nesse “exemplo” de seriedade moral, conhecido como ” o Cherne”, mais outra criatura muito “pura” saída do covil e das proximidades (foi ministro) de Cavaco.
    Como presidente, foi um amorfo, um desastre na comunicação, um autêntico parasita do erário publico que teve o desplante de se queixar, em pleno pico da crise, com pessoas a passar carências BASICAS de toda a espécie, que 10000€ mensais não lhe chegavam. Deve ter é ficado lixado, ele e muitos outros gulosos, quando o outro ( o mau da fita do costume) os obrigou, pela Lei que fez, a terem de optar por receber apenas a pensão ou o ordenado, acabando com a mama de acumular as duas coisas , como sabemos, uma autêntica chulice. Enfim, dois tristes mandatos, claramente partidarizados e parciais, onde foi promotor ativo de episódios de conflitualidade institucional, entre a presidência e o governo, chegando a inventar as célebres escutas em Belem. É preciso ser mesmo ranhoso!
    É muito presunçoso pensar que “acabar” de prestar contas aos portugueses se faz assim, por via de um livrinho, com o qual ainda vai ganhar dinheiro e, portanto, sacar mais uns euros aos portugueses. Nunca confiei neste individuo, pareceu-me sempre um velhaco, uma pessoa moralmente pouco séria, que “morde pela calada”, agarrado á comoda tese das ” matérias tabú”, o mesmo é dizer, fugir a tudo e a ter de dar explicações, enfim, alguém que sempre fez tudo para se furtar a dar explicações do que quer que seja, vem agora com esta coisa de lançar um livro para “completar a prestação de contas aos portugueses”… Mas qual “completar” se ele se pautou sempre, por nunca prestar contas de coisa nenhuma aos portugueses.

    • Finalmente encontro alguém que não tem problema em dar “nomes aos bois”. Muita gente acha que “esse senhor” foi um grande Primeiro Ministro. Ainda existe muita gente que decide só ver o que lhe interessa. Bem… Gostaria de acrescentar ao “rol” que aqui “apresentou”, outro facto que muitos preferem não referir (porque será?). Foi no Governo deste “senhor” que foi alertado para o possível desastre da ponte Entre-os-Rios, informação que foi prontamente ignorada (e pelos governos que lhe seguiram). Para mim é mais uma nódoa de uma pessoa que, com a sua actuação, prejudicou garvamente o país (e com prejudicar, quero dizer, lesar directamente o Estado e, por isso o povo português que ele tanto despreza). Para mim foi o maior responsável pela crise nacional que ainda vivemos (e iremos viver por muitos anos). Um homem que consegiu o feito que nenhum (que eu conheça) Presidente da República conseguiu: Desprestigiar esse mesmo cargo. Esse homem devia ter vergonha do que fez. Ao invés, publica um livro alvitando os seus “feitos”. Mas que ricos “feitos”. Muito obrigado Sr Conde de Montecristo.

      • Caro amigo “Finalmente!” não tenha duvida! Este “senhor” foi, para mim, o principal responsável do país passar hoje as dificuldades que passa.
        Começou por ser um oportunista quando, se está recordado, rompeu a coligação de bloco central (PS/PSD) que nos meteu na UE. Foi um espertalhão, pois na prática, quando ele assumiu o poder foi precisamente quando os gigantescos fundos comunitários começaram a jorrar para Portugal, ou seja, ele é que gozou dos beneficios da obra que outros fizeram (talvez por causa disso é que Mario Soares nunca o gramou). Esses fundos eram para quê? Para desenvolver e modernizar estruturalmente o país tornando-o mais competitivo, para evitar uma europa a duas velocidades, como hoje se diz e acontece (uns países mais desenvolvidos e ricos, e outros mais atrasados e com dificuldades financeiras), cumprindo aquilo que esteve na base da construção europeia, ou seja, um bloco comercial forte, solidário e coeso. O que ele fez não foi isso. Esbanjou dinheiro a destruir setores produtivos, nas pescas, na agricultura, na própria industria e ainda reservou uma bela fatia para a corja que o rodeou, que se encheu de dinheiro com inumeros esquemas entre eles o BPN.
        O meu amigo disse uma coisa que eu desconhecia e que foi a questão da ponte de Entre-os-Rios. Confesso que eu não sabia disso. Muito obrigado. É mais uma nódoa na “folha de serviço” deste senhor.
        Por fim, sabe o que lhe digo, somos poucos realmente a não ter memória curta. Há muita gentinha a idolatrar este individuo, infelizmente.
        Bem haja

  7. Vejo que todos têm o complexo de inferioridade e banais nos seus comentários. Bom ou mau fez o seu trabalho e fica para a história. Saibamos ter a capacidade de opinar sem ofender quem quer que seja. Os comentadores que mostrem a seu percurso ativo e profissional e exponham-se a ser comentados também, sabendo à partida de que as suas opiniões acabam quando este debate terminar.

  8. Certamente os comentadores não têm que expôr a sua vida por duas razões. Primeiro porque a notícia não é sobre comentadores, sendo especificamente sobre uma pessoa em concreto. Em segundo lugar porque os comentadores não têm a importância mediática e social de alguém que conduziu os destinos da Nação e que, por isso mesmo, tem responsabilidades acrescidas nos seus atos. Se um comentador tomar decisões boas ou más, as consequências são restritas ao próprio ou ás suas familias, enquanto as decisões deste senhor afetaram 10 milhões de pessoas.
    Complexos de inferioridade também não há certamente. Já lá vai o tempo em que nem se podia opinar, ora, opinar sobre aquilo que nos diz respeito e nos afecta a todos, não é complexo de inferioridade, é sim o exercício de cidadania, de participação livre que a democracia nos confere.

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