Os testes aos dois novos casos de infeção com o coronavírus anunciados nesta segunda-feira pela Direção Geral de Saúde deram negativo. Na China, o número de mortos já ultrapassa os 1.000.
De acordo com o jornal Público, sob suspeita estava “uma doente regressada da China”, de nacionalidade chinesa e residente em Portugal, encaminhada para o Hospital Curry Cabral, Centro Hospitalar de Lisboa Central”, e “um doente regressado também da China”, de nacionalidade brasileira, que seguiu para o Centro Hospitalar de São João, no Porto.
Também nos quatro casos suspeitos anteriormente registados — três em Lisboa e um no Porto — as análises tiveram resultados negativos.
O primeiro caso suspeito foi o de um homem estrangeiro residente em Portugal que tinha estado na China. No segundo, tratou-se de um técnico italiano que também esteve naquele país e apresentou sintomas suspeitos quando estava numa fábrica de calçado em Felgueiras.
O terceiro caso diziam respeito a um português residente na Grande Lisboa, que apresentou “sintomas compatíveis com a nova infeção e uma ligação epidemiológica em função do percurso dos últimos dias”. O último casos antes destes era também um homem residente na Grande Lisboa que tinha tido contacto com os cidadãos alemães que adoeceram após terem feito uma formação com uma pessoa chinesa.
Entretanto, na China, o número de mortos devido ao novo coronavírus (2019-nCoV) aumentou para 1.016, ultrapassando pela primeira vez nas últimas 24 horas uma centena de vítimas mortais, informou a Comissão Nacional de Saúde chinesa. De acordo com as autoridades de saúde de Pequim, o número total de mortos nas últimas 24 horas é de 108.
O número total de casos confirmados é de 42.638, dos quais 2.478 foram confirmados nas últimas 24 horas em território continental chinês. Além das 1.016 mortes confirmadas em território continental chinês, há uma vítima mortal em Hong Kong e outra nas Filipinas.
Na Europa, contam-se 43 infetados, com quatro novos casos detetados no Reino Unido, onde a propagação do vírus foi declarada uma “ameaça séria e iminente para a saúde pública”.
Período de incubação pode durar até 24 dias
O portal de notícias chinês Caixin divulgou as conclusões do último rascunho da investigação, que mostra que a febre se manifestava em apenas 43,8% dos pacientes na sua primeira visita ao médico. “A ausência de febre é mais frequente [entre os pacientes analisados] do que na Síndrome Respiratória Aguda e Grave (SARS ou pneumonia atípica) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), portanto a deteção dos casos não pode focar-se na medição da temperatura”, lê-se no texto.
O mesmo sucede com a tomografia computadorizada, que deteta apenas sintomas de possível infeção em metade dos casos analisados, acrescentou.
A amostra incluiu 1.099 pacientes do coronavírus, diagnosticados até 29 de janeiro, em 552 hospitais, em 31 sítios diferentes da China, com uma idade média de 47 anos, e entre os quais 41,9% eram mulheres.
Entre os pacientes – 26% não estiveram recentemente em Wuhan, o epicentro da epidemia, ou tiveram contacto com pessoas de lá – o período médio de incubação do vírus foi de três dias, mas houve também casos com um período de 24 dias.
O estudo também revela que o coronavírus “tem uma taxa de mortalidade relativamente menor que a SARS e a MERS”.
Japão: Passageiros mais velhos podem sair de cruzeiro
O Governo do Japão vai permitir que passageiros mais velhos e pessoas que sofrem de doenças crónicas deixem o cruzeiro em quarentena no porto de Yokohoma, Japão, no qual pelo menos 135 pessoas estão infetadas com novo coronavírus. De acordo com a agência japonesa Kyodo, essas pessoas podem desembarcar ainda esta terça-feira.
O Governo japonês mantém há mais de uma semana 3.600 pessoas a bordo do navio Diamond Princess em quarentena, a fim de evitar novas infeções no país. Esta situação deve durar até 19 de fevereiro.
Cerca de 80% dos 2.666 passageiros têm mais de 60 anos de idade e mais de 200 passageiros têm 80 anos ou mais.
As pessoas infetadas já foram levadas para centros médicos de Tóquio e de outras localidades próximas, onde estão a receber tratamento. As autoridades sanitárias continuam a realizar exames médicos aos passageiros e tripulantes do Diamond Princess.
Entretanto, as autoridades tailandesas disseram esta terça-feira que não vão permitir o desembarque de um navio de cruzeiro com cerca de 2.000 pessoas a bordo devido ao risco de que qualquer viajante seja portador do coronavírus. “Eu já ordenei que o desembarque não fosse permitido”, afirmou o ministro da Saúde da Tailândia, Anutin Charnvirakul.
Japão, Taiwan, Filipinas e Guam já tinham negado o navio de cruzeiro Westerdam, da companhia de navegação Holland America Line, de atracar nos seus territórios.
Cerca de 1.450 passageiros e 802 membros da tripulação partiram no dia 1 de fevereiro de Hong Kong e planeavam chegar no sábado à cidade japonesa de Yokohama, mas as autoridades nipónicas negaram a entrada, depois de uma pessoa a bordo ter apresentado sinais de estar infetada pelo coronavírus.
As autoridades de saúde tailandesas confirmaram até o momento 32 pessoas infetadas com o coronavírus no país, das quais pelo menos dez pacientes já receberam alta.
Trump aponta fim do coronavírus para abril
Donald Trump disse esta segunda-feira que prevê o fim do coronavírus para abril. “Há muita gente a pensar que [o vírus] desaparecerá em abril, com o calor. Quando o calor chega. Desaparecerá em abril. Estamos em grande forma. Temos 11 casos, muitos deles estão em boa forma”, disse Trump à margem de um encontro com os governadores norte-americanos, na Casa Branca. E voltou a insistir: “Em abril, ou durante o mês de abril, o calor geralmente mata este tipo de vírus, por isso pode ser uma coisa boa”.
Graça Freitas, a diretora-geral da Saúde, confirmou à SIC Notícias que o aumento das temperaturas será favorável, embora o caso “não seja matemática”, e contextualizou as declarações de Trump.
“O que é diferente quando [um vírus sazonal destes] emerge pela primeira vez? Tem mais capacidade de se propagar mesmo fora da estação em que se sente mais confortável, mas nós sabemos que, apesar de tudo, continua a ser um vírus que se dá bem com temperaturas baixas”, começou por dizer, confirmando que os coronavírus são habitualmente de inverno.
“À medida que as temperaturas vão aumentando, na China e não só, obviamente que nestas doenças é um ganhar tempo. Se ganharmos tempo em relação à estação em que o vírus se propaga, melhor. Se ganharmos tempo conseguindo a fabricação de uma vacina, se ganharmos tempo para que não haja focos fora do país [China], é possível conter estas situações. Mas é uma espécie de corrida da dinâmica do vírus“, entre a “dinâmica de propagação” com as medidas que os países vão tomando.
“Afastarmo-nos do inverno é favorável”, confirma Graça Freitas. “O vírus dá-se melhor com temperaturas mais baixas. Agora há que ganhar tempo ao vírus. Vamos esperar que as temperaturas de facto aumentem, que ele não se dê bem com temperaturas mais elevadas. Terá sido por isso que o Presidente dos Estados Unidos fez essa declaração, mas isto não é matemática. O vírus quando aparece pela primeira vez tem uma pujança superior a um vírus sazonal que já tem o seu ecossistema definido.”
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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