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Caso EDP. Sócrates desmente “vigorosamente” Ricciardi

José Coelho / Lusa

O antigo primeiro-ministro José Sócrates considerou as declarações de José Maria Ricciardi  no âmbito do caso EDP como uma “fraude”, desmentindo que alguma vez tenha sugerido um investimento do BES na elétrica.

Numa resposta escrita enviada ao jornal Observador, o antigo governante socialista desmente as declarações de Ricciardi, que esta segunda-feira foram reveladas pelo mesmo jornal. Em causa está o interrogatório do antigo banqueiro, que decorreu a 14 de novembro, no âmbito do caso EDP.

Desminto vigorosamente que alguma vez tenha sugerido ou incentivado seja quem for a investir na empresa EDP. Essas declarações do dr. Ricciardi, como outras feitas ao longo dos últimos anos, são uma fraude”, escreveu José Sócrates.

“Começa a ser particularmente obsceno a troca de favores entre o Ministério Público e o dr. Ricciardi, já que um diz o que o outro quer ouvir, enquanto o segundo espera que do outro lado haja proteção em processos em que esta envolvido”.

Sócrates refere ainda que um dos processos em que Ricciardi estará envolvido está relacionado com “a privatização da [empresa] REN – Redes Energéticas Nacionais e a sua relação — essa, sim, próxima — com o então primeiro-ministro Passos Coelho”.

O que disse Ricciardi

Durante o interrogatório, Ricciardi disse que foi José Sócrates, pouco depois de ter sido eleito primeiro-ministro (2005), que pediu a Ricardo Salgado para que o BES investisse na EDP. À época, a elétrica não tinha ainda capitais públicos.

No depoimento, onde falou como testemunha, Ricciardi revelou que, no final de 2005, a comissão executiva do BES foi informada pelo seu presidente, Ricardo Salgado, de que “o então primeiro-ministro José Sócrates lhe tinha pedido para o BES adquirir uma participação qualificada na EDP (necessariamente superior a 2%)”.

Em 2016, o BES acabou por adquirir uma posição na elétrica (2,17% por 200 milhões).

De acordo com o jornal, Ricciardi disse aos procuradores do Ministério Público que o investimento do BES na EDP “não resultou de um estudo económico-financeiro prévio por parte do BES”, mas antes do cumprimento de uma vontade externa.

Na prática, a aquisição serviu para “satisfazer” o “pedido de José Sócrates ao arguido Ricardo Salgado”, disse Ricciardi, dando conta que “continua a considerar inusitado e não tem memória de tal ter ocorrido mais alguma vez no BES”.

ZAP //

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