/

O dia do apagão foi o dia… do meu casamento: o relato dos noivos

(arquivo pessoal)

Casamento de Mel e Fred

Mel e Fred ganharam uma história para o resto da vida. Quando a noiva chegou, foi avisada que não ia haver casamento – mas houve.

“Foi um dia muito maluco, muito atípico”.

É assim que Mel começa a contar-nos o dia do seu casamento. Dificilmente um casamento seria assunto num artigo ZAP – mas este casamento decorreu no dia 28 de Abril de 2025. Sim, o dia do apagão em Portugal e em Espanha.

O casamento (civil) estava agendado desde Novembro. Não era esta a data que os noivos queriam, mas era a que estava disponível; era “o dia que dava mais jeito”.

Conversámos com os dois: Mel e Fred. Vamos primeiro ao relato da noiva.

O que é isto…?

Preparou-se na casa de uma amiga. Quando saiu, percebeu que estava um bocado atrasada (ai sim? uma noiva atrasada?) mas sabia que demorava 40/45 minutos numa viagem normal. Saiu perto das 11h, ia chegar perto das 11h45 – o casamento estava marcado para as 11h30.

Foi precisamente às 11h, quando saiu, que foi a última vez que conseguiu falar com o noivo à distância, para avisar sobre o atraso.

A viagem começou, o tempo previsto no GPS foi aumentando. Sem rádio, sem sinal no telemóvel, semáforos desligados, cruzou-se com acidentes na viagem… “Estava a fazer-me impressão, confusão”.

Mel estava habituada àquele percurso e não era horário de ponta: “Não era suposto estar aquele trânsito!”.

Quando chegou ao local do casamento, ao registo civil, ainda à porta ouviu o recado: “Não sei se vai haver casamento, não há luz!” – e foi aí que Mel percebeu o que estava a acontecer.

Mas, nisto, aparece o seu noivo a gritar: “Vai haver casamento, sim! Eu já falei com o notário!”

“Há casamento!”

Aproveitamos e vamos conhecer o relato do agora marido de Mel.

Fred chegou muito cedo ao registo civil: às 10h30, uma hora antes do casamento. É que a noiva disse-lhe que era às 11h, quando era às 11h30. Chegou muito mais cedo: “Ela disse-me isso para eu não me atrasar”.

“O que foi óptimo”, interrompe Mel, que sabe que Fred costuma atrasar-se: “Chegou lá com muita antecedência”.

Eram 11h19 quando o noivo foi avisar o notário que o casamento ia começar mais tarde. Teve uma resposta compreensível: “Não há problema, só almoço às 13h, posso esperar”.

De repente, não há luz.

“As pessoas na rua começaram por dizer que a falha era no bairro inteiro. Na rádio diziam que era em Bilbau, depois em Portugal e em Espanha. Depois, as teorias da conspiração: eram chineses, russos ou hackers“, recorda Fred.

Mel chegou de carro ao local do casamento: “Eu vou atrás dela, porque as pessoas já lhe estavam a dizer que não ia haver casamento. Não, não! O senhor disse que nos casava por papel, por escrito, à moda antiga!”.

Houve casamento.

E Mel gostou: “Foi muito giro: casámos, o notário foi extremamente gentil, fez um discurso muito lindo, até usando toda aquela situação de estarmos sem luz como um argumento para o nosso casamento”.

Festa

Seguia-se a festa. “Pensámos: vai ser impossível desmarcar com as pessoas, porque não conseguimos falar com ninguém”, diz a noiva.

Lá foram os noivos para junto ao rio Tejo com vista para a Ponte 25 de Abril, o local da festa. Tinham comidas, tudo pronto… “Vamos para lá e celebrámos nós a nossa união”, concluiu Mel.

Houve amigos que andaram quilómetros para chegar lá, a pé. Uma amiga foi para lá mesmo sem saber se ia acontecer algo; e esperou durante 2h.

Também isto “foi muito giro”.

“Há muitas pessoas que passaram por dificuldades, houve situações más; mas o nosso caso foi realmente excepcional, mas que correu bem. Foi uma história maravilhosa para contar, que vamos levar para a nossa vida”, continua Mel.

Já no final dos votos, quase no final da festa, a luz voltou. A festa foi ainda maior.

Mel fecha a narração: “É uma história para se levar para sempre”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.