Carlos Tavares deixa a Stellantis “com efeito imediato”. Ações (outra vez) em queda

Andrej Cukic / EPA

Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis

Empresa anunciou a saída imediata do português. Mandato só terminaria em 2026 mas um “desastre” antecipou a renúncia.

Carlos Tavares já não é o presidente executivo da Stellantis.

A construtora automóvel anunciou neste domingo que o Conselho de Administração aceitou a renúncia do português, com efeitos imediatos, e que o seu substituto será nomeado no primeiro semestre de 2025.

Em comunicado, o grupo Stellantis anunciou que o Conselho de Administração, sob a presidência de John Elkann, “aceitou este domingo a demissão de Carlos Tavares do cargo de CEO com efeitos imediatos”.

O processo de nomeação do novo CEO permanente “está bem encaminhado, gerido por um Comité Especial do Conselho, e será concluído no primeiro semestre de 2025″, acrescenta o construtor automóvel, que tem uma unidade em Mangualde.

“Até lá, uma nova Comissão Executiva interina, presidida por John Elkann, irá ser estabelecida”, salienta.

O grupo confirmou ainda “o ‘guidance’ [orientação] que apresentou à comunidade financeira em 31 de outubro” último, relativamente a todo o ano de 2024.

O diretor independente sénior da Stellantis, Henri de Castries, afirmou, citado no comunicado, que “o sucesso da Stellantis desde a sua sua criação está enraizado num alinhamento perfeito entre os acionistas de referência, o Conselho e o CEO”.

Contudo, “nas últimas semanas surgiram diferentes opiniões que resultaram na decisão do Conselho e do CEO de hoje”, prosseguiu.

“O nosso agradecimento ao Carlos [Tavares] pelos anos de serviço dedicado e pelo papel que desempenhou na criação da Stellantis, além das reviravoltas anteriores da PSA e da Opel, colocando-nos no caminho para nos tornarmos um líder global na nossa indústria”, afirmou, por sua vez, o presidente do Conselho de Administração (‘chairman’), John Elkann.

“Estou ansioso por trabalhar com o nosso novo Comité Executivo Interino, apoiado por todos os nossos colegas Stellantis, à medida que concluímos o processo de nomeação do nosso novo CEO. Juntos, iremos garantir a implementação contínua da estratégia da empresa no interesse a longo prazo da Stellantis e de todas as suas partes interessadas”, rematou.

O “desastre”

Em 11 de outubro, a empresa tinha anunciado que o português Carlos Tavares iria sair do grupo e reformar-se em 2026.

No entanto, e como sugere o comunicado na parte das “diferentes opiniões”, a Stellantis tem passado por problemas evidentes nos últimos meses.

Numa crise indisfarçável, as vendas estagnaram, os lucros caíram e começaram a chegar ofertas para a Stellantis se “desfazer” de algumas das suas marcas históricas.

Os concessionários nos EUA não hesitam: “O desastre chegou” a esta fabricante automóvel. Alegam que as marcas Stellantis estão a enfrentar uma “degradação rápida” graças à “tomada de decisões de curto prazo” – que reduziu a quota de mercado da empresa e atingiu as marcas Jeep, Ram, Dodge e Chrysler.

No primeiro semestre deste ano, as receitas caíram 14% para 85 mil milhões de euros.

Os investidores queixam-se que a Stellantis aumentou em demasia os stocks em 2023, que foi quase obrigada a descontos excecionais, que gastou demasiado dinheiro em fusões, aquisições e investimentos, e não tinham fluxos de caixa disponíveis.

“Esta é realmente a primeira vez nos últimos três anos que a Stellantis estragou tudo“, dizia em Julho o analista Daniel Roeska.

Apesar de ser classificado como um dos melhores diretores na indústria automóvel, o português Carlos Tavares não resistiu.

A Stellantis é uma das principais fabricantes de automóveis do mundo e no seu portefólio tem marcas como Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS Automobiles, Fiat, Jeep®, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram, Vauxhall, Free2move e Leasys.

Na manhã seguinte à saída de Carlos Tavares, a as ações da Stellantis caíam 7,28% na bolsa de Milão e 6% na bolsa de Paris.

ZAP // Lusa

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