Candidatura de Montenegro foi engolida pelo timing – mas o simbolismo (que o há) ninguém lho tira

Mário Cruz / Lusa

O ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro

O anúncio da candidatura de Luís Montenegro à liderança social-democrata surpreendeu os que esperavam mais protagonismo por parte do antigo líder parlamentar. A declaração pública, através da agência Lusa, foi engolida pelos acontecimentos do dia, mas está envolta em simbolismo e isso parece chegar.

Luís Montenegro escolheu a passada terça-feira para tornar público o que há muito se esperava: a sua entrada na corrida ao trono laranja. “Após algum tempo de reflexão pessoal e política, tomei a decisão de me candidatar a presidente do PSD”, anunciou o ex-líder parlamentar, numa declaração à agência Lusa.

O calendário coincidiu com a tomada de posse da nova Assembleia da República e não foi um mero acaso. Montenegro escolheu esta data para ficar “simbolicamente” associado ao novo ciclo político.

“A candidatura era o segredo mais mal guardado e a escolha do dia para o revelar foi para mostrar que neste novo ciclo político haverá um novo protagonista“, explicou uma fonte que lhe é próxima ao Diário de Notícias.

O candidato não vai falar publicamente antes de se dirigir diretamente aos militantes do PSD. Tal acontecerá, em princípio, na próxima semana, através de uma carta.

A seguir, e ainda durante a próxima semana, é provável que Luís Montenegro faça a apresentação pública da sua candidatura. Nessa altura, revelará os seus apoios.

Sobre as tropas montenegristas, a mesma fonte deixa escapar que “é mais fácil descobrir quem não está com ele” – além de ter conseguido agregar um conjunto vasto de apoios em torno da sua candidatura, “alguns serão surpresa”.

Luís Montenegro enfrentou Rui Rio em 2020, nas diretas em que saiu derrotado. É provável que tenha somado agora personalidades que se perfilaram ao lado do atual líder do partido, e há ainda a ideia de que a maioria das estruturas distritais sociais-democratas estarão com ele.

Quanto a putativos adversários, não passam disso mesmo. Pelo menos, para já.

José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, já tomou uma decisão e deverá anunciá-la esta sexta-feira ou no início da próxima semana. “Nessa conferência de imprensa anunciarei a minha decisão e estarei ao vosso dispor para as questões que entendam por bem colocar”, revelou aos jornalistas.

Ainda como possibilidades contam-se Pedro Rodrigues, antigo líder da JSD e ex-deputado, e Jorge Moreira da Silva, também antigo líder da JSD e antigo parlamentar social-democrata. Paulo Rangel não entra na corrida; Carlos Moedas é querido, mas improvável.

O PSD vai eleger o próximo líder a 28 de maio e realizar Congresso entre 1 e 3 de julho. Rui Rio, ainda presidente do partido, mantém-se ao leme até ao verão.

Liliana Malainho, ZAP //

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