Nestas eleições autárquicas há 160 candidatos a juntas de freguesia que já ganharam sem precisar de ir a votos no dia 26 de setembro, uma vez que foram os únicos a apresentar lista.
A maioria das freguesias em que isto se verifica situa-se no interior do país. Um dos principais fatores para tantas candidaturas únicas é não haver cidadãos suficientes para organizar mais do que uma lista nas pequenas localidades, escreve o JN.
Outra explicação para este fenómeno é os partidos não arriscarem candidatar-se devido à elevada popularidade do autarca.
“Os partidos veem que são terrenos onde não podem entrar (quando a popularidade do autarca é incontestável) e nem ousam fazer-lhe frente”, justifica José Palmeira, docente de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade do Minho, em declarações ao matutino.
Muitas vezes o presidente da junta “é o principal empregador da freguesia e as pessoas votam nele só por receio de represálias”.
Em Viana do Castelo, o distrito com mais candidaturas únicas, 51 das suas 208 freguesias têm um único candidato às eleições autárquicas. Por exemplo, em Arga de Baixo, Caminha, Ventura Rodrigues Cunha é o único candidato há 20 anos.
“Temos de diferenciar uma junta rural de uma urbana. A primeira é muito pequena e a popularidade e o contacto com a cidadania é muito estreita”, enquanto, nas cidades, “o partido é mais importante do que a pessoa”, explicou António Costa Pinto, coordenador do Instituto de Ciências Sociais de Lisboa.
Segundo dados recolhidos pelo JN, a maioria dos candidatos únicos tem o apoio do PSD (81), 15 são independentes e nove são apoiados pelo PS, tantos como o CDS.