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“Não é descabido”. Candidato liberal a Lisboa admitiu que nacionalização da TAP podia ser “excelente opção”

Miguel Quintas, o recém-anunciado candidato da Iniciativa Liberal à Câmara Municipal de Lisboa, defendeu, no ano passado, que pensar numa nacionalização da TAP “não é de todo descabido” e que “tudo indica que poderá ser uma excelente opção para o desígnio nacional que a empresa tem”.

De acordo com o jornal online Observador, estas declarações foram feitas há menos de um ano, a 9 de abril de 2020, numa entrevista sobre o futuro da TAP publicada na Ambitur, revista especializada em Turismo, da qual Miguel Quintas é consultor. A entrevista foi apagada do site, mas através da Waybackmachine — site que permite recuperar páginas eliminadas —, ainda é possível aceder à entrevista.

Questionado sobre até onde poderia e devia ir a intervenção da TAP, Miguel Quintas respondeu que não tinha números nem estava por “dentro da gestão da empresa” para poder “identificar que tipo de intervenção o Governo português poderá fazer na TAP.”

Depois, referiu que, se houvesse apoio à companhia, o Estado devia “pedir contrapartidas”. No entanto, a “avaliar pelos montantes” que a empresa precisava, o melhor seria mesmo nacionalizar.

Meses depois, numa entrevista a SIC Notícias, Miguel Quintas criticou o valor dos apoios dados à TAP, dizendo que os 1.200 milhões injetados pelo Governo na empresa, representava “metade do apoio que foi dado às empresas todas do país”. “A TAP representa 2% do PIB nacional, os outros 98% recebeu apenas o dobro do que a TAP recebeu.”

“O dinheiro já saiu do bolso dos contribuintes. Não vamos vê-lo mais. Ora eu prefiro este dinheiro no bolso das pessoas, para que possam consumir e gerar de facto volume e mais valias na economia do que tê-los deitados ou queimados à rua, como foi feito”, sustentou.

Depois da entrevista, o partido publicou nas redes sociais um vídeo destas mesmas declarações, escrevendo: “O fanatismo ideológico do Ministro Pedro Nuno Santos e de António Costa levou o Governo a nacionalizar a TAP, transformando aquilo que era da estrita responsabilidade dos acionistas da companhia e da gestão privada da mesma num negócio ruinoso para todos os contribuintes portugueses”.

Ao contrário do seu candidato a Lisboa, a Iniciativa Liberal, recorde-se defende a privatização da TAP e já o propôs durante propostas do Orçamento do Estado. Segundo o semanário Expresso, após a notícia das declarações sobre a nacionalização da TAP, Miguel Quintas remete-se ao silêncio, recusando comentar a contradição.

Maria Campos, ZAP //

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