A campeã paralímpica belga de atletismo, Marieke Vervoort, anunciou que vai abandonar o desporto após os Jogos do Rio de Janeiro e admite que está também a pensar pôr cobro à vida recorrendo à eutanásia.
Para Marieke Vervoort, que sofre de uma doença degenerativa que lhe paralisou as pernas desde os 14 anos de idade, o desporto é a sua “razão de viver”, como a própria admite. Assim, quando pensa em deixar o atletismo de cadeira de rodas, também pensa em “desistir” da vida.
A atleta de 37 anos, campeã do mundo nas provas de 100 metros, 200 metros e 400 metros em 2015, em Doha, Qatar, diz que está a pensar submeter-se à eutanásia depois de terminar a carreira desportiva, após os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, que vão decorrer de 7 a 18 de Setembro.
“O Rio é o meu último desejo. Estou a treinar no duro, mesmo que tenha que lutar contra a minha doença noite e dia. Espero terminar a minha carreira num pódio no Rio”, revela a atleta ao jornal francês Le Parisien.
“Depois, vamos ver o que a vida me trará e procurarei aproveitar os melhores momentos. É muito difícil perceber, ano após ano, aquilo que já não posso fazer”, lamenta Marieke Vervoort.
A eutanásia é legal na Bélgica, bastando para o efeito apenas a concordância escrita de três médicos. O Le Parisien sustenta que a atleta já tem os documentos necessários prontos e que até já planeou o funeral.
“Quero que toda a gente tenha um copo de champanhe na mão e um pensamento para mim”, diz Marieke Vervoort.
Em entrevista à Rádio RTL-TVI, com declarações citadas pelo site belga DH.be, a campeã paralímpica conta também como enfrenta o sofrimento diariamente.
“Todos os dias, sofro. Algumas noites, não durmo mais de 10 minutos e depois, tenho que ir treinar“, desabafa. Apesar disso, promete continuar a trabalhar para melhorar e para tentar ganhar medalhas nas provas de 100 metros e de 400 metros no Rio.
“Quando me sento na cadeira de rodas de competição, tudo desaparece. Expulso todos os pensamentos sombrios, esmurro o medo, a tristeza, o sofrimento, a frustração. É assim que ganho as medalhas de ouro”, diz ainda a atleta de 37 anos, que venceu o ouro nos 100 metros e a prata nos 200 metros nos Paralímpicos de Londres, em 2012.
SV, ZAP
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Sem querer soar insensível, mas se tem bracinhos para ganhar medalhas, também tem bracinhos para se matar. Se alguém se quer suicidar, deve ser o próprio a fazer isso e não recorrer a serviços de outros para o fazerem por ela. Tem de haver uma barreira física/psicológica a transpor como existe na vida real quando alguém se quer suicidar. Caso contrário isto começa tudo a parecer um tratamento médico do tipo «amanhã, depois das compras, vou ao médico para me suicidar», em ambiente hospitalar, estéril e com outros a fazer o trabalho sujo que devia ser exclusivamente dos interessados (excepto muito raras excepções de pessoas que fisicamente não se conseguem sequer atirar da ponte).