As superfícies comerciais do estado da Califórnia, nos Estados Unidos (EUA), podem voltar a distribuir sacos de plástico descartáveis durante os próximos 60 dias, medida que visa limitar a exposição dos funcionários a uma possível transmissão do coronavírus através de sacos reutilizáveis.
Segundo avançou o Independent no domingo, citando o New York Times, a anúncio foi feita na quinta-feira pelo governador Gavin Newsom. “É fundamental proteger a saúde e a segurança pública e minimizar o risco de exposição à Covid-19 para trabalhadores envolvidos em atividades essenciais, como aqueles que manuseiam sacolas reutilizáveis”.
A suspensão da proibição foi defendida pelas organizações California Retailers Association e pela California Grocers Association, que afirmaram que os sacos reutilizáveis colocam os funcionários dos supermercados em risco de serem infetados pelo novo coronavírus.
Numa carta enviada ao governador Newsom, em março, as associações solicitaram a suspensão da proibição de sacos plásticos de uso único até que a Covid-19 deixa de ser uma ameaça significativa para o estado.
Porém, o diretor executivo do Californians Against Waste, Mark Murray, disse acreditar que havia uma alternativa à suspensão da proibição: incentivar os clientes a colocar nos sacos reutilizáveis as suas próprias compras. Essa abordagem, observou, foi aconselhada pela Divisão de Segurança e Saúde Ocupacional do estado.
Desde que os clientes cumpram essa função, “os sacos reutilizáveis são perfeitamente seguros e representam uma ameaça zero para os funcionários e outros clientes”, indicou, acrescentando que, embora as superfícies comerciais tenham boas intenções, estão a infligir uma “ferida cara e desnecessária” a si próprias e ao ambiente.
Em março, a governadora do Maine, Janet Mills, adiou a proibição de sacos plásticos de uso único – que devia entrar em vigor este mês – para janeiro de 2021. Oregon e Nova Iorque também adiaram a proibição em todo o estado. Algumas cidades e estados, incluindo San Francisco e New Hampshire, baniram temporariamente os sacos reutilizáveis.
De acordo com o artigo, existem relatos de que a indústria de sacos plásticos, atingida por uma onda de proibições em todo o país, está a explorar a pandemia para semear receios infundados sobre os sacos reutilizáveis.
Pelo menos 30 funcionários de supermercados morreram nos EUA em resultado do coronavírus, de acordo com o United International and Food Workers International Union. Contudo, grupos como o Ocean Conservancy dizem que não há evidências de que o retorno ao plástico descartável seja a maneira de proteger a saúde das pessoas.
“No momento, os dados indicam que o coronavírus persiste mais em plásticos do que noutros materiais”, escreveu a organização na sua página oficial. “Isso sugere que os sacos de papel provavelmente são menos perigosos do que os de plástico”, indicou, sublinhando que não existem pesquisas que apoiem a teoria de que sacos reutilizáveis estão mais contaminados do que outras superfícies dos supermercados.
Os dados científicos sobre os riscos de sacos reutilizáveis são escassos. Um estudo frequentemente citado mostra que esses podem conter bactérias e que raramente são lavados pelos utilizadores. Esse estudo foi financiado pelo American Chemistry Council, que representa os principais fabricantes de plásticos e produtos químicos.
Coronavírus / Covid-19
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