Com lucros nunca vistos, Caixa pode mesmo comprar Novo Banco (para travar espanhóis)

2

António Cotrim / Lusa

Paulo Macedo, presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) obteve, em 2024, lucros de 1.735 milhões de euros, os maiores de sempre e mais 34% face a 2023. Ao mesmo tempo, cortou mais 176 postos de trabalho.

A Caixa teve, no ano passado, lucros nunca antes vistos, atingindo um recorde de 1.735 milhões de euros.

Os números da CDG dispararam 34% em relação a 2023, divulgou o presidente executivo, Paulo Macedo, numa conferência de imprensa, esta quinta-feira.

Segundo Paulo Macedo, no total, o banco público entregará ao Estado 1.709 milhões de euros entre dividendos, imposto sobre o lucro (IRC) e custos regulatórios.

Relativamente ao resultado de 2024, a administração do banco público vai propor à assembleia geral o pagamento de 850 milhões de euros em dividendos. A concretizar-se, serão os dividendos mais elevados de sempre a pagar pelo banco ao Estado.

Compra do Novo Banco está a ser estudada

Quanto à possibilidade de a Caixa comprar o Novo Banco, Paulo Macedo disse que a hipótese continua em análise, embora tenha admitido que já definiu quais as condições para que o banco público manifeste interesse nessa compra.

“A Caixa está a analisar hipóteses que haja no mercado. Interessam-nos operações que possam trazer sinergias para a Caixa, que possam acrescentar valor”, sublinhou Macedo.

“Temos uma ideia das condições que seriam necessárias para, da nossa parte, haver algum interesse mais decisivo”, notou ainda, sem revelar mais.

Quanto a valores e desafiado a comentar os 5 mil milhões de euros que o fundo Lone Star diz que o Novo Banco vale, Macedo disse simplesmente que a Caixa vale muito mais.

“Se aplicássemos na Caixa os múltiplos que tenho visto, a CGD valeria de 9 mil milhões de euros a 16 mil milhões de euros“, apontou.

Paulo Macedo deixou ainda um recado ao presidente executivo do Santander que referiu estar “preocupado” com a possibilidade de a Caixa comprar o Novo Banco.

“Fico mais preocupado com o cenário da banca espanhola ter 45% do mercado“, respondeu o CEO da CGD.

 

Menos 176 empregos

Apesar dos lucros, a CGD reduziu 176 trabalhadores em Portugal.

Segundo o comunicado ao mercado, no fim de 2024, a CGD tinha em Portugal 6.067 funcionários, menos 176 do que em 2023.

A CGD diz que, no ano passado, “continuou o processo de rejuvenescimento” do quadro de pessoal, tendo havido a contratação de 255 pessoas. Em contrapartida, saíram empregados por reforma (28 pessoas), pré-reforma (234 pessoas) e rescisão por mútuo acordo (sem referir número).

Há vários anos que a CGD tem vindo a promover a saída de trabalhadores mais velhos, designadamente por pré-reformas e rescisões por mútuo acordo.

Já a rede da Caixa Geral de Depósitos manteve-se inalterada em 2024, com 512 postos de atendimento entre agências, espaços Caixa e gabinetes de empresas.

“Cartel da Banca não prejudicou clientes”

Paulo Macedo foi questionado sobre o processo Cartel da Banca, tendo defendido que a troca de informações não deveria ter acontecido, mas assegurou que esta não trouxe prejuízo para os clientes.

Neste processo, os bancos foram acusados de infração da concorrência por objeto.

Em setembro de 2024, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão tinha confirmado as coimas de 225 milhões de euros aplicadas pela Autoridade da Concorrência a 11 bancos, decidindo que ficou provado que, entre 2002 e 2013, houve “conluio” entre os bancos quando trocaram informações sobre créditos (spreads e montantes concedidos) e que “alinharam práticas comerciais” falseando a concorrência.

Condenados a coimas foram Caixa Geral de Depósitos (82 milhões de euros), BCP (60 milhões de euros), Santander Totta (35,65 milhões), BPI (30 milhões) e Montepio (13 milhões) e também BBVA (2,5 milhões), BES (hoje em liquidação, 700.000 euros), BIC (por factos praticados pelo BPN, 500.000 euros), Crédito Agrícola (350.000 euros) e Union de Créditos Inmobiliarios (150.000 euros).

No entanto, no dia 10 de fevereiro, o Tribunal da Relação de Lisboa declarou prescrita a contraordenação de 225 milhões de euros aplicada aos bancos condenados no caso.

 

A Autoridade da Concorrência (AdC) já apresentou recurso para o Tribunal Constitucional da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Este Macedo é um grande administrador!!!
    A despedir gente e a cobrar taxas por tudo e por nada, mesmo sem se mexer, o dinheirito dos portugueses vai caindo na CGD. Acresce que os vencimentos dos funcionários públicos são, na sua esmagadora maioria, pagos por este banco do estado.
    Brilhante.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.