A presidente brasileira Dilma Rousseff aproveitou o Dia da Mulher para fazer seu primeiro pronunciamento de 2015 na televisão, que foi abafado em diversas cidades por um “panelaço” dos cidadãos.
No discurso, a presidente afirmou que a crise pela qual o Brasil passa nem de longe se assemelha às crises anteriores, e que as novas medidas não vão parar o país.
Dilma pediu também paciência aos brasileiros e culpou a crise internacional e a seca que atinge o país pelos problemas atuais. “Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão em 1929”, declarou.
Dilma Rousseff afirmou que as circunstâncias mudaram devido ao agravamento de alguns problemas no Brasil e em grande parte do mundo e completou: “Há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste.”
“Entre outros efeitos, sei que essa seca vem causando o aumento temporário nos custos da energia e de alguns alimentos. Você tem todo direito de se irritar e se preocupar”, reconheceu a governante.
Dilma também pediu “paciência e compreensão” aos brasileiros, afirmando que se trata de “problemas temporários“.
Panelaço
Já perto do fim do seu discurso, Dilma Rousseff tratou do assunto da Operação Lava-Jato, o escândalo de corrupção que envolve quadros da Petrobras e políticos brasileiros, afirmando que a “mão da Justiça vem-se fortalecendo”.
“É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras”, defendeu.
Enquanto o discurso de Dilma era transmitido, registaram-se “panelaços” em diversos bairros em São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados.
Os moradores foram para as varandas dos prédios gritar frases de protestos contra a presidente e vídeos com registos do “panelaço” inundaram as redes sociais poucos minutos depois do pronunciamento.
No Facebook e no Twitter, os brasileiros também criticaram Dilma e opinaram sobre os protestos, que muitos consideraram inapropriados devido às ofensas à presidente, classificando-os de “manifestações de sacada” ou “ativismo gourmet“.
Dividir esforços
Dilma Rousseff também aproveitou para explicar o porquê de o governo estar a fazer o que chamou de correções e ajustes na economia. “Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade”, afirmou.
A presidente recordou que não é a primeira vez que o Brasil passa por esta situação, já que em 2003, no início do governo de Lula d aSilva, foi preciso tomar medidas de correção. “Depois tudo se normalizou e o Brasil cresceu como poucas vezes na história”, disse.
“São medidas para sanear as nossas contas e, assim, dar continuidade ao processo de crescimento com distribuição de renda, de modo mais seguro, mais rápido e mais sustentável. Você que é dona de casa ou pai de família sabe disso”, completou.
Lei do Feminicídio
A presidente também anunciou que iria sancionar, esta segunda-feira, a Lei do Feminicídio.
“Quero anunciar um novo passo no fortalecimento da justiça, em favor de nós, mulheres brasileiras. Vou sancionar, amanhã, a Lei do Feminicídio que transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de género.”
Segundo Dilma Rousseff, com a aprovação do diploma, o crime passará a ter penas mais duras. “A medida faz parte da política de tolerância zero em relação à violência contra a mulher brasileira”.
ZAP