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Boticas é laranja, Cartaxo vermelho. Santiago do Cacém divide-se, mas nas autárquicas é sempre CDU

vitor107 / Flickr

Câmara Municipal do Cartaxo

PSD conquista maiorias absolutas em Boticas, o PS é o partido do Cartaxo e em Santiago do Cacém os eleitores dividem-se: votam PSD ou PS nas legislativas, mas a CDU conquista-lhes o coração nas autárquicas.

A questão que se impõe é: qual o segredo para a longevidade política nestes municípios? Para Fernando Queiroga, candidato a um terceiro mandato pelo PSD em Boticas, a resposta é simples: “a população identifica-se com os candidatos e confia-lhes, através do voto, a gestão dos destinos do concelho”, afirmou ao Diário de Notícias.

“O PSD tem desde sempre apresentado os melhores projetos para a nossa terra e os melhores candidatos, que representam de forma intransigente os interesses da população, seguindo uma política aberta e de diálogo permanente com os munícipes e direcionando os recursos da autarquia para as reais necessidades das pessoas”, explicou.

O fracasso da oposição é justificado pelo autarca pelo facto de, “provavelmente, a população não se identificar com os candidatos nem lhes reconhecer valor”. “É preciso trabalhar constantemente em prol do desenvolvimento da nossa terra e não apenas de quatro em quatro anos, quando há eleições autárquicas.”

Queiroga assegurou ao DN não ter tido por parte da direção nacional do partido qualquer interferência na escolha do candidato a presidente de Câmara. “Rigorosamente nenhuma. As escolhas são feitas localmente pela Comissão Política de Secção”, disse.

No caso do Cartaxo, um “concelho de matriz de esquerda”, “a base sociológica de esquerda não explica tudo”.

“Há uma fidelização ao partido nas autárquicas desde o 25 de Abril, fruto de um trabalho de proximidade. Mas há também o voto na pessoa, mais forte até do que as marcas ideológicas”, disse, ao mesmo diário, Pedro Ribeiro, presidente de Câmara e candidato pela terceira vez.

Para o autarca, a questão local é de tal forma forte que o PS até conseguiu resistir a pesadas derrotas em legislativas. “Aqui, o Cavaco chegou a ter vitórias esmagadoras, mas nas autárquicas tudo mudava.”

“A influência que o poder autárquico tem no meio empresarial e social nos pequenos concelhos permite a perpetuação” de um partido no poder, mas “é para o bem e para o mal”, considera.

No caso de Santiago do Cacém, é “o reconhecimento” que permite a longevidade de um partido do poder. “A população confia no nosso trabalho. E naturalmente, uma política de proximidade num concelho que é disperso. O segredo? Nada de promessas vãs, só nos comprometemos com o que conseguimos realizar”, reconheceu o autarca Álvaro Beijinha.

“Aqui, o normal, desde os anos 80, é o PCP eleger quatro, o PS dois e o PSD um vereador. Já houve uma altura, em 1985, em que se juntaram, numa frente unida contra o PCP, mas voltaram a perder”, recordou o presidente da Câmara, candidato pela terceira vez, em declarações ao jornal.

Beijinha recusa a ideia de uma gestão pessoalizada que garanta a perpetuação, afasta como argumento as “redes de relações estabelecidas entre o presidente da Câmara e as associações locais” e garante que “não é um rosto, é um projeto alongado no tempo que envolve muitas pessoas, militantes e não militantes”.

“As pessoas daqui não gostam de chicana política. O que as pessoas querem é os seus problemas resolvidos”, explicou. “As pessoas separam muito bem legislativas de autárquicas. 20% nas legislativas e 45% nas autárquicas traduzem bem a confiança no nosso trabalho.”

ZAP //

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