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“Bom para os nervos”. Capoulas Santos aconselha Cristas a tomar chá de tília

Manuel de Almeida / Lusa

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos

O ministro da Agricultura aconselhou hoje, em Santarém, a sua antecessora, Assunção Cristas, a tomar chá de tília, “que é bom para os nervos”, lamentando que esta o tenha “insultado” ao chamar-lhe “incompetente e ignorante”.

O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, que hoje encerrou o seminário “Cooperar para Exportar”, reagia a declarações feitas domingo, numa visita a este certame, pela presidente do CDS-PP e ex-detentora da pasta da Agricultura no Governo PSD/CDS.

“Quem vê o mundo a fugir debaixo dos pés e tem muita dificuldade em compreender a nova situação política só pode recorrer ao insulto”, afirmou, recomendando a Assunção Cristas que “seja um pouco mais ponderada”, pois tem a “obrigação de cumprir os mínimos em termos de boas maneiras”.

“Até sugeri que tomasse chá de tília, que é bom para os nervos, porque aparentemente o que ela tem estado a tomar nos últimos tempos é chá de urtigas, e esse azedume acaba por transparecer de uma forma que não se justifica e não tenciono alimentar polémicas deste tipo”, acrescentou.

Numa visita à Feira Nacional da Agricultura, no domingo, Assunção Cristas acusou Capoulas Santos de ignorância e falta de competência por ter anunciado a criação de uma comissão interministerial que já estava criada desde 2012, querendo “atirar areia para os olhos das pessoas”.

“O que a doutora Assunção Cristas fez foi um insulto“, disse Capoulas Santos.

Chamou-me incompetente e ignorante porque o Governo aprovou há poucos dias uma Resolução do Conselho de Ministros criando uma comissão interministerial para avaliar a situação de seca e decidir sobre eventuais medidas a adotar”, explicou.

“Ela considera que o Governo ao ter feito isto cometeu uma heresia porque já em 2012 a senhora ministra na altura teria criado uma comissão idêntica”, disse.

“Mas essa comissão foi criada para responder aos problemas de 2012 e até de forma tardia” frisa Capoulas Santos, “já que, quando foi aprovada a Resolução, em março de 2012, “já o país tinha 47% da sua área em seca severa e 53% em seca extrema”

Neste momento, o país “tem 23% da sua área em seca fraca e 71% em seca moderada”.

“Quer dizer que a doutora Cristas, aparentemente, acha que o Governo deveria adotar, numa situação que não tem nada a ver com aquela de 2012, as medidas que ela eventualmente terá adotado, como se houvesse um receituário que se aplica com cinco anos de antecedência”, diz o Ministro.

Por outro lado, afirmou, a Resolução de 2012 “falava de organismos que hoje já não existem e falava de ministérios que hoje já não existem”.

Como exemplo apontou o facto de a comissão ser então presidida por Assunção Cristas enquanto ministra da Agricultura e do Ambiente, “áreas que estão agora separadas”, pelo que “não faria sentido dizer que a coordenação da atual equipa interministerial era presidida pela ministra de um ministério que já deixou de existir”.

Para o ministro, a declaração da líder centrista “é todo um conjunto de absurdos” que o levam a concluir que Cristas “não tem nada para criticar porque de facto a situação da agricultura está melhor”.

Capoulas Santos apontou o crescimento das exportações, a resolução dos “problemas que deixou” nos setores do leite e dos suínos, a necessidade de tapar os “buracos financeiros”, como os 200 milhões de euros no PDR, e a abertura de um “processo negocial para continuar a expandir o regadio de Alqueva que tinha sido dado por concluído há dois anos”.

Declarando-se disponível para “discutir seriamente as políticas e o interesse do país”, o ministro afirmou que “sempre tem existido uma regra de cortesia entre os titulares da pasta da Agricultura”, que permite a crítica sem necessidade de recorrer ao insulto.

// Lusa

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