A Boeing descobriu detritos nos depósitos de combustível de alguns dos aviões 737 MAX que tem estacionados e preparados para entrega. A empresa norte-americana garante que está a investigar o assunto e que vai analisar todos os aparelhos atualmente parados.
De acordo com o blogue de aviação Leeham News, a empresa já confirmou a presença dos chamados FOD ou foreign object debris (detritos estranhos, em tradução livre) e garante que está a investigar o assunto e a analisar todos os aparelhos. Em aviação, os chamados FOD são frequentemente ferramentas ou pedaços de tecido.
“No decorrer de operações de manutenção, descobrimos FOD em aviões 737 Max ainda não entregues e neste momento estacionados. Esse facto originou uma investigação interna robusta e medidas de correção imediatas no nosso sistema de produção. Também estamos a inspecionar todos os 737 Max da Boeing parados para assegurar que não há FOD”, afirmou um porta-voz da empresa norte-americana, em declarações ao jornal britânico The Guardian.
O 737 Max está proibido de voar em todo o mundo desde março de 2019, o que está a prejudicar economicamente a empresa e centenas de fornecedores e obriga a que mais de 400 unidades estejam estacionadas nos Estados Unidos, nomeadamente no estado de Washington, no noroeste, e no Texas, no sul.
Foi em vários destes locais que os objetos estranhos apareceram nos depósitos dos aviões. De acordo com a BBC, o chefe do programa 737 da Boeing disse aos funcionários que o problema é “absolutamente inaceitável”.
O blogue de aviação Leeham News adiantou que era pouco provável que estes detritos implicassem a recertificação das aeronaves. A mesma fonte detalhou que a análise a cada 737 MAX demorará, pelo menos, três dias.
O responsável pela comunicação da Boeing salientou que recomendam às companhias que têm aviões parados há mais de um ano que inspecionem os tanques de combustível.
A Boeing garante que repor o 737 Max em serviço é a sua “prioridade absoluta”. Porém, os voos para nova certificação do modelo só devem ser feitos a partir de maio. A proibição de voo aproxima-se do período de um ano e já é a maior de sempre de um avião norte-americano.
O 737 Max era o modelo mais popular da Boeing, que em 2019, pela primeira vez em oito anos, foi ultrapassada pela Airbus como o maior fabricante mundial de aviões. Em 2019 produziu 380 unidades, face a 863 da rival europeia.
Porém, a reputação da Boeing está já bastante frágil, após ter sido altamente prejudicada por dois acidentes com dois aparelhos deste modelo, em outubro de 2018 e março de 2019, que provocaram, no total, 346 mortos.
A empresa já admitiu que uma falha de software do MCAS teve um papel nos dois acidentes, tendo a investigação oficial já concluído que, no primeiro caso, foi mesmo a causa principal.
Para além disso, vieram a público centenas de mensagens internas entre funcionários, desvalorizando as regras de segurança e considerando que o avião tinha sido “desenhado por palhaços”.
que se pode esperar da maior sucateira voadora mundial a não ser sucata.