Bispo do Porto critica “sociedades decadentes” que trocam filhos por animais. PAN ataca com abusos de menores

Santuário de Fátima / Wikimedia

Bispo do Porto, D. Manuel Linda

O Bispo do Porto, D. Manuel Linda, está, mais uma vez, a ser alvo de críticas depois de ter afirmado que o amor aos animais é “típico das sociedades decadentes”. Uma posição que levou a líder do PAN a responder ao clérigo com os casos de abusos sexuais de menores na Igreja Católica.

D. Manuel Linda é o homem do momento nas redes sociais, onde vem sendo alvo de críticas devido às suas posições sobre os casos de abuso sexual de menores na Igreja Católica Portuguesa. Mas, agora, o Bispo do Porto está “no olho do furacão” pelo que disse sobre o amor aos animais de estimação.

Numa publicação no Twitter, D. Manuel Linda começa por salientar que “todos os contactos e relacionamentos criam especiais laços de amizade”, mas que “os laços de sangue entre pais e filhos possuem uma tal força que nada os desfaz”. “Nunca os substituamos pelo apego a um qualquer animal de estimação, típico das sociedades decadentes“, conclui o Bispo do Porto.

A publicação do Bispo do Porto é acompanhada de um link para um texto intitulado “Laços” no site da Diocese do Porto que, mesmo não estando assinado, se depreende que seja da sua autoria.

Este texto fala sobre o “mistério da paternidade”, contando a história de um pai que lhe pediu para rezar pelo filho que sofria de leucemia. Cerca de um ano e meio depois, reencontrou esse pai que lhe disse que o menino se salvou graças às orações, como se relata no texto.

Nesse mesmo dia, o também viu um casal heterossexual, “na casa dos trinta, empurrando, cada um deles, um carrinho onde não iam bebés, mas… cães“. Uma imagem que o leva a falar da “desgraça de quem troca a humanidade pela animalidade“.

Todos os contactos e relacionamento criam especiais laços de amizade. Mas os laços de sangue entre pais e filhos possuem uma tal força que nada os desfaz. Nunca os substituamos pelo apego a um qualquer animal de estimação, típico das sociedades decadentes. https://t.co/GIocZpoAGj pic.twitter.com/mPCYSTD49U

— Manuel Linda (@BispodoPorto) October 13, 2022

Líder do PAN aponta dedo à Igreja com abusos sexuais de menores

As palavras do Bispo do Porto já despoletaram críticas de muitos anónimos, mas também dos Provedores dos Animais de várias Câmaras Municipais.

A líder do PAN – Partido Animais e Natureza, Inês de Sousa Real, também se atira a D. Manuel Linda, lembrando os casos de abusos sexuais de menores que estão a ser investigados na Igreja Católica. A Comissão Independente constituída para esse efeito já validou mais de 400 denúncias, tendo o Bispo do Porto sido acusado de ter ignorado uma delas.

“A Igreja também tem uma responsabilidade na construção de uma sociedade que respeite todos os seres vivos, pessoas e animais”, começa por notar a também deputada do PAN, frisando que “os laços de amizade que unem o ser humano aos animais nada têm de decadente”. “Já os abusos contra menores tipificam o que de mais abjecto há em sociedade“, conclui numa publicação no Twitter.

A Igreja também tem uma responsabilidade na construção de uma sociedade que respeite todos os seres vivos, pessoas e animais. Os laços de amizade que unem o ser humano aos animais nada têm de decadente! Já os abusos contra menores tipificam o de mais abjeto que há em sociedade. https://t.co/2hPP3Ron43

— Inês de Sousa Real (@lnes_Sousa_Real) October 14, 2022

Nos últimos dias, o Bispo do Porto foi notícia depois de ter sido acusado por uma vítima de um padre que terá abusado dela quando tinha 12 anos. “Ele disse que a culpa era minha”, referiu a vítima, frisando que foi esta a reacção quando contou o caso a D. Manuel Linda que, então, era seu professor de Religião e Moral.

Antes disso, já o Bispo do Porto tinha dado que falar depois de ter afirmado que os abusos sexuais na Igreja não são “um crime público”, rejeitando qualquer obrigação da entidade em avisar as autoridades.

Também notou que não se podia “julgar o passado com os critérios de hoje”. Outrora, os responsáveis da Igreja “não podiam actuar porque não havia fundamento real”. “Hoje, algumas coisas já sabemos que foram verdade”, notou em outras declarações polémicas.