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Apesar dos riscos, biólogo russo quer criar bebés geneticamente modificados para prevenir surdez

Kristyna Wentz-Graff / OHSU

Depois do cientista chinês He Jiankui ter criado os primeiros bebés geneticamente modificados em 2018, um biólogo russo quer repetir o feito com o objetivo de prevenir a surdez.

De acordo com o NewScientist, o biólogo russo Denis Rebrikov, da Pirogov Medical University de Moscovo, planeia modificar geneticamente embriões humanos, numa tentativa de prevenir a surdez congénita.

“Ainda estamos a planear corrigir a mutação hereditária da perda auditiva no [gene] GJB2, para que um bebé ouvinte nasça de um casal surdo”, disse Rebrikov.

Outros cientistas continuam convencidos de que é uma má ideia. Depois de o cientista chinês He Jiankui ter criado os primeiros bebês CRISPR do mundo em 2018, uma equipa internacional de médicos criou a Comissão Internacional sobre o Uso Clínico da Edição do Genoma da Linha Germinal Humana.

A comissão publicou um relatório, esta quinta-feira, onde concluiu que a edição de genes humanos ainda não é segura, especialmente quando o objetivo é levar um embrião a termo.

Se um médico realmente precisar de fazer isso, os investigadores sugerem que deveria ser apenas para salvar vidas.

Mesmo tendo lido o relatório, Rebrikov reitera que vai avançar com o seu plano. Não é claro se o cientista russo obteve a aprovação necessária dos órgãos reguladores russos. Porém, como é o caso em muitos países ao redor do mundo, a Rússia não proíbe totalmente a prática.

O cientista chinês He Jiankui anunciou em novembro de 2018 ter criado os dois primeiros bebés geneticamente modificados. Jiankui revelou como deu origem a duas gémeas resistentes ao VIH, desativando um gene que codifica uma proteína que permite que o vírus entre nas células, salientando que se encontram num estado “normal e saudável”.

Na mesma conferência, também acrescentou que havia um terceiro bebé que pode nascer igualmente alvo de embriões geneticamente modificados.

O anúncio de Jiankui originou grande polémica em todo o mundo e foi arduamente criticado pela comunidade científica que considera que passou uma barreira ética inaceitável.

Depois de ter recebido milhões de euros de fundos públicos chineses para investigação, o jovem cientista parece ter-se tornado persona non grata, estando a ser investigado pela Universidade onde trabalha e pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia da China.

No início de 2019, Jiankui foi despedido da universidade onde dava aulas e, no final do ano, condenado esta segunda-feira a três anos de prisão pela experiência.

ZAP //

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