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Cientistas editaram geneticamente embriões humanos (e não podia ter corrido pior)

Uma equipa de investigadores editou geneticamente embriões humanos. Os cientistas observaram mudanças indesejadas que poderiam levar os bebés a ter deficiências ou problemas de saúde.

As questões éticas relacionadas com a edição genética de embriões humanos sempre foram tema de discussão na comunidade científica. A situação adensa-se agora que uma equipa de investigadores britânicos usou a técnica de edição de genoma CRISPR para modificar embriões humanos em laboratório e terminou de forma desastrosa.

Os cientistas queriam perceber o papel de um gene em particular nos estágios iniciais de vida e, para isso, removeram-no dos embriões humanos. Quando comparados com embriões normais, os investigadores repararam que cerca de metade dos embriões editados continham grandes mudanças não intencionais, escreve o portal OneZero.

“Não há como tapar o sol com a peneira”, disse Fyodor Urnov, especialista em edição genética e professor de biologia molecular e celular na Universidade da Califórnia. “Esta é uma ordem restritiva para todos os editores de genoma para ficarem longe da edição de embriões“.

Os resultados do estudo foram pré-publicados, este mês, no portal bioRxiv. Embora os embriões tenham sido destruídos ao fim de 14 dias, esta experiência deixou um vislumbre daquelas que poderão ser as consequências de criar bebés humanos geneticamente modificados.

As mudanças apresentadas nos embriões modificados pelos investigadores poderiam levar a deficiências de nascença ou problemas de saúde mais tarde na vida.

Uma das principais preocupações do uso do CRISPR para alterar ADN defeituoso sempre foi a possibilidade de ter efeitos colaterais não desejados.

“O que isto significa é que você não está apenas a modificar o gene que deseja alterar, mas está a afetar tanto o ADN ao redor do gene que está a tentar editar que pode estar a afetar inadvertidamente outros genes e a causar problemas“, conclui Kiran Musunuru, cardiologista da Universidade da Pensilvânia, que não participou no estudo.

Se pensarmos no genoma humano como um livro, usar o CRISPR é como “arrancar uma página e colar uma nova”, explicou ainda Musunuru. “É um processo muito bruto”, acrescentou.

Em novembro de 2018, o cientista chinês He Jiankui anunciou ao mundo ter criado os primeiros bebés geneticamente modificados. Posteriormente, em dezembro de 2019, disse que não só não terá conseguido torná-los imunes ao VIH, como pretendia, como terá provocado “mutações imprevisíveis” no genoma das crianças.

He Jiankui foi ainda, no ano passado, condenado a três anos de prisão pela experiência, para além de ser obrigado a pagar uma multa de 380 mil euros. O cientista chinês foi considerado culpado de modificar ilegalmente genes de embriões para fins reprodutivos.

ZAP //

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