O Presidente russo, Vladimir Putin, foi “pressionado” a invadir a Ucrânia e queria apenas colocar “pessoas decentes” no Governo de Kiev, afirmou o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
“Putin foi pressionado pelo povo russo, pelo seu partido e pelos seus ministros para criar esta operação especial”, disse à RAI na quinta-feira, citada pelo Público. O seu partido, Forza Itália, pertence à coligação de direita favorita à vitória nas eleições gerais de domingo.
O plano original da Rússia era conquistar Kiev “em apenas uma semana” e substituir o Presidente ucraniano por “um Governo de pessoas decentes”. Após fazer isso, “Putin abandonaria a Ucrânia na semana seguinte”, referiu ainda Berlusconi, que é amigo de longa data do líder russo.
“Eu nem entendi o porquê de as tropas russas se terem espalhado pela Ucrânia. Para mim, deveriam ter ficado apenas em Kiev”, continuou, descrevendo Putin como um “irmão mais novo”.
Esta sexta-feira, Berlusconi divulgou um comunicado no qual afirmou que as suas opiniões foram “simplificadas demais”. “A agressão contra a Ucrânia é injustificável e inaceitável. A posição [da Forza Italia] é clara. Estaremos sempre com a UE e a NATO”, sublinhou.
As críticas às suas declarações não tardaram. “São palavras escandalosas e muito sérias aquelas de Berlusconi”, comentou o líder do Partido Democrata, de centro-esquerda, Enrico Letta. “Se na noite de domingo o resultado for favorável à direita, a pessoa mais feliz será Putin”, acrescentou, em entrevista à RAI.
“Ontem [quinta-feira] Berlusconi falou como um general de Putin. Foi totalmente ultrajante”, indicou à Radio24 o líder do Acção (centristas liberais), Carlo Calenda.
A Itália defende as sanções ocidentais à Rússia. Giorgia Meloni, do partido de extrema-direita Irmãos da Itália – a favorita para ser a nova chefe de governo -, prometeu manter essa posição. Já os seus aliados, Berlusconi e Matteo Salvini, da Liga, têm sido mais ambivalentes.
ONU: Rússia cometeu crimes de guerra na Ucrânia
A comissão de inquérito sobre a guerra na Ucrânia, criada pelas Nações Unidas (ONU), confirmou esta sexta-feira ter provas de crimes de guerra cometidos pelas tropas russas no país invadido a 24 de fevereiro. Entre estes, registam-se crimes de natureza sexual, espancamentos, tortura ou execuções sumárias.
“Com base nas evidências recolhidas pela comissão, concluímos que foram cometidos crimes de guerra na Ucrânia”, afirmou Erik Mose, que dirige a comissão independente, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
Até ao momento, as delegações das Nações Unidas têm investigado denúncias deste tipo de crimes com atenção particular às regiões de Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumi.
“Ficámos chocados com o enorme número de execuções nas áreas que visitámos”, revelou, citado pela agência Lusa, indicando que a comissão está agora a investigar essas mortes em 16 cidades ucranianas, sem especificar quem cometeu os crimes.
Mose adiantou ainda que a comissão registou dois casos de maus-tratos de soldados russos pelas tropas ucranianas; e que vários militares de Moscovo cometeram crimes de abuso e violência sexual. A idade das vítimas varia entre os quatro e os 82 anos.
Un “indecente” a falar de decência ! …. sofre de “Mussolinismo” agravado !