Mariana Mortágua, recandidata à direção do partido e a quem se adivinha a vitória, já começou a preparar o Bloco para as autárquicas. Para as presidenciais, há quem acredite que o BE se encontra num “contexto político e social bastante desfavorável para uma candidatura própria”.
A moção A do Bloco de Esquerda, encabeçada por Mariana Mortágua, já está pronta para a Convenção Nacional do partido, que só acontece daqui a 4 meses. Mortágua é, portanto, recandidata à direção do partido. Entretanto, o texto já foi partilhado com o jornal Expresso.
Segundo o BE, já existem “diversos diálogos a nível concelhio” com o Livre, com quem deverão ser formadas coligações nas eleições autárquicas deste ano.
O Bloco tinha já deixado expressa a vontade de se coligar com o PS em Lisboa, mas sobre estas conversações ainda não existe informação.
“O Bloco contribuirá para a clareza de um programa que permita uma candidatura alargada, capaz de terminar a política de Carlos Moedas em Lisboa”, lê-se na moção. “Na impossibilidade dessa convergência, o partido assumirá a responsabilidade de dar expressão a uma candidatura consistente”.
Já no que toca às presidenciais, é a primeira vez em 15 anos que o partido admite poder vir a apoiar um candidato fora do seu partido — a situação aconteceu em 2011 quando o BE apoiou, juntamente com o PS, a candidatura de Manuel Alegre.
“O Bloco está disponível para contribuir para uma candidatura de convergência democrática contra a subversão liberal dos direitos constitucionais e de luta pela paz”, escreve-se na moção.
O “contexto político e social bastante desfavorável para uma candidatura própria” tinha já sido apontado pela moção S, de oposição interna do partido.
A moção acusa ainda o PSD de estar a levar a cabo uma “radicalização à direita” e o governo de ser “fraco, sujeito ao risco de derrotas parlamentares e com uma equipa frágil para a sua missão maior: a privatização do SNS e da Segurança Social”.
E acrescenta: “Também o PS se desloca para a direita“. As criticas passam também pela União Europeia, acusada de “ativismo armamentista”.
A “esquerda de combate perdeu expressão eleitoral” e o Bloco, portanto, “precisa de se reforçar e renovar a sua cultura de organização”, escreve-se na moção, que teve já 725 subscritores, face aos 41 da moção da oposição, fator que já adivinha a vitória à moção de Mortágua, que deverá ser reeleita como dirigente do partido.