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BCE sobe taxas de juro para nível mais alto desde 2008

Ronald Wittek / EPA

A presidente do BCE, Christine Lagarde.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje uma nova subida de 75 pontos base nas suas taxas de juro para travar a inflação recorde na zona euro.

Com esta subida, a terceira consecutiva e a segunda desta dimensão, a principal taxa de refinanciamento do BCE fica em 2%, a taxa de juro aplicada aos depósitos fica em 1,5% e a taxa de juro de facilidade permanente de cedência de liquidez passa para 2,25%.

É o nível mais elevado desde 2008, num esforço para controlar a escalada de preços recorde na zona euro.

“O Conselho do BCE decidiu aumentar as três principais taxas de juro do BCE em 75 pontos base. Assim, a taxa de juro das operações principais de refinanciamento e as taxas de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez e da facilidade permanente de depósito serão aumentadas para 2,00%, 2,25% e 1,50%, respetivamente, com efeitos a partir de 2 de novembro de 2022”, anunciou o BCE em comunicado.

No comunicado, a instituição refere que “espera continuar a subir” as taxas nos próximos meses “para assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de 2% a médio prazo”.

Os últimos dados divulgados indicaram uma taxa de inflação homóloga de 9,9% em setembro, na zona euro, muito longe dos 2% que o BCE fixou como meta.

O BCE subiu as taxas de juro em julho, pela primeira vez em 11 anos. No entanto, a inflação teima em não baixar e o risco de recessão é cada vez mais real.

Em setembro, o BCE subiu novamente as taxas de juro de referência, em todos os prazos, em 75 pontos-base – uma subida histórica. Mas a inflação acabou por disparar ainda mais do que o esperado – em Portugal, foi de 9,3%.

BCE deve reponderar “subida em galope das taxas de juro”

O Presidente da República defendeu hoje que o BCE deve reponderar até ao fim deste ano a “subida em galope das taxas de juro”, que considerou poder ser a opção errada na atual conjuntura.

“Vale a pena pensar, e pensar o mais próximo possível, se é de continuar este galope, porque pode ser a maneira não certa, não correta de resolver o problema, nem o da inflação, nem o do crescimento económico”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O chefe de Estado, que falava após ter ouvido uma intervenção do ex-vice-presidente do BCE Vítor Constâncio sobre esta matéria, numa iniciativa da Ordem dos Economistas, manifestou a esperança de que “daqui a um mês já tenha chegado aos decisores europeus, nomeadamente ao BCE, esta preocupação”.

“Aumentar assim, a este ritmo, os juros não é, para curar o doente, acabar por fazer mal à sua saúde? Apertá-lo, estrafegá-lo, com a ideia de o salvar? Isso não tem custos na vida das pessoas, nomeadamente no crédito à habitação, e na vida em geral? Não é mais negativo do que positivo nas economias? Foi isso que aqui foi levantado hoje. É isso que merece ser pensado no próximo mês, nos próximos meses, antes de chegarmos a 2023″, defendeu.

ZAP // Lusa

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