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BCE sobe taxas de juro em 75 pontos base — o maior aumento de sempre

Stephen Jaffe / IMF / Flickr

Christine Lagarde, presidente do BCE

Christine Lagarde, presidente do BCE

BCE decide a segunda subida consecutiva das taxas de juro de combate à inflação. Em julho, a autoridade monetária já tinha também aumentado os juros.

O Banco Central Europeu (BCE) vai aumentar as taxas de juro de referência na Zona Euro pela segunda vez consecutiva. Anunciou agora uma subida histórica de 75 pontos-base nas três taxas, tal como previsto pelos analistas.

O BCE subiu as taxas de juro em julho, pela primeira vez em 11 anos. No entanto, a inflação teima em não baixar e o risco de recessão é cada vez mais real. Assim, voltou hoje a subir as taxas de juro.

“Este grande passo antecipa a transição de um nível predominante de uma política de taxas de juro altamente acomodatícias para níveis que irão garantir o regresso atempado da inflação para a meta de médio prazo de 2% do BCE”, explica o comunicado do BCE, liderado por Christine Lagarde.

Com efeitos a partir de 14 de setembro, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento passa para 1,25%, com a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez a subir para 1,5% e a dos depósitos para 0,75%.

Os últimos dados mostraram que a inflação na Zona Euro continua a acelerar. Fixou-se em 9,1% em agosto, face a 8,9% em julho. O BCE decidiu, desta forma, aumentar os juros, sendo que os analistas antecipam que não pare por aqui.

“Com base na avaliação atual, nas próximas reuniões o Conselho do BCE espera aumentar ainda mais as taxas de juro para reduzir a procura e salvaguardar o risco de uma mudança ascendente persistente nas expectativas de inflação”, refere o BCE.

O Banco Central Europeu já tinha clarificado que os decisores iriam “reavaliar regularmente” a trajetória da política monetária com as informações recebidas e com base na evolução das perspetivas de inflação.

Relativamente ao programa de compra de dívida, o BCE garante que irá continuar a reinvestir na totalidade os montantes que atingem as maturidades no âmbito do programa regular (APP) “por um longo período de tempo” e “enquanto for necessário para manter condições de ampla liquidez”.

Já o programa pandémico, o PEPP, planeia reinvestir os principais pagamentos pelo menos até final de 2024, avança o Jornal de Negócios.

“Em qualquer caso, a futura rotação do portefólio do PEPP será gerida por forma a evitar a interferência com o apropriado posicionamento da política monetária”, acrescenta. “Os reinvestimentos do portefólio do PEPP estão a ser reinvestidos de forma flexível com vista a equilibrar os riscos relacionados com a pandemia no mecanismo de transmissão da política monetária”.

“Cenário pessimista” do BCE

Azona euro corre o risco de uma recessão em 2023 no caso de um corte total nas entregas de gás russo, alertou esta quinta-feira a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.

Em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Governadores do BCE, Lagarde explicou que o “cenário pessimista” de previsões elaboradas pela instituição monetária, “incluindo um corte total das entregas de gás russas”, antecipa “uma recessão para 2023”.

No cenário central, o BCE prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro de 3,1% este ano, de 0,9% em 2023 e de 1,9% em 2024, quando em junho projetava uma expansão de 2,8% em 2022 e de 2,1% em 2023 e 2024.

No entanto, num cenário adverso, a equipa do banco central prevê um crescimento do PIB de 2,8% este ano e uma recessão de 0,9% em 2023, seguido de uma recuperação de 1,9% em 2024.

Quanto à inflação, o cenário adverso prevê um aumento para 8,4% este ano (que compara com os 8,1% do cenário base), descendo para 6,9% em 2023 (5,5% no cenário base) e 2,7% em 2024 (2,3% no cenário base).

Este cenário parte do pressuposto que a guerra na Ucrânia se prolonga muito e as tensões geopolíticas continuam a fazer-se sentir, com um corte nas entregas do gás russo com pouca margem para aceder a fontes alternativas de abastecimento de gás.

ZAP //

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